Elis

Elisângela,

ou Elis, como ela gostava que eu a chamasse,

me olhou, com os olhos manchados de lágrimas,

e um sorriso meio torto, contrastando.

Eu não sabia o que falar, ou se deveria realmente falar algo,

mas a olhei enquanto meu olhar conseguiu encarar o seu,

e quando eu não mais o podia, a puxei pela cintura

e tomei dos seus lábios, os seus suspiros e seus desejos para mim.

No meu abraço, transformei as suas dores em minhas,

e dividi o peso que ela carregava.

por um instante, Elis, sentiu até prazer,

ou algo que eu nunca vou saber explicar, e que não explicaria nem que eu soubesse.

Elis cravou as unhas nos meus braços e subiu, na ponta dos pés até a minha altura.

Dançamos, fora de rítmo e sem mesmo nos mexer.

Finalmente, ela largou-me e se afastou, tentando buscar o ar que perdera, de volta.

Não havia sorriso, tão pouco haviam lágrimas,

havia só confusão e lascívia em seu rosto.

Elis levou as mãos aos próprios cabelos, como se tentasse controlar os próprios pensamentos...

subitamente ela parou

e me olhou, como se eu fosse a ultima pessoa do universo...

Quase todos sabem como eu sou sensível à esse tipo de coisa.

Caí em seus braços, tão perdido e tão confuso quanto ela.

Joguei-a na minha cama e amei,

além do seu corpo,

as suas loucuras,

suas inseguranças

e talvez,

até um pedaço de sua alma.

Vai saber...

Nunca vou saber,

se ela expôs tanto quanto eu,

esse tipo de coisa a gente nunca sabe.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 10/06/2017
Código do texto: T6023638
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.