Elis
Elisângela,
ou Elis, como ela gostava que eu a chamasse,
me olhou, com os olhos manchados de lágrimas,
e um sorriso meio torto, contrastando.
Eu não sabia o que falar, ou se deveria realmente falar algo,
mas a olhei enquanto meu olhar conseguiu encarar o seu,
e quando eu não mais o podia, a puxei pela cintura
e tomei dos seus lábios, os seus suspiros e seus desejos para mim.
No meu abraço, transformei as suas dores em minhas,
e dividi o peso que ela carregava.
por um instante, Elis, sentiu até prazer,
ou algo que eu nunca vou saber explicar, e que não explicaria nem que eu soubesse.
Elis cravou as unhas nos meus braços e subiu, na ponta dos pés até a minha altura.
Dançamos, fora de rítmo e sem mesmo nos mexer.
Finalmente, ela largou-me e se afastou, tentando buscar o ar que perdera, de volta.
Não havia sorriso, tão pouco haviam lágrimas,
havia só confusão e lascívia em seu rosto.
Elis levou as mãos aos próprios cabelos, como se tentasse controlar os próprios pensamentos...
subitamente ela parou
e me olhou, como se eu fosse a ultima pessoa do universo...
Quase todos sabem como eu sou sensível à esse tipo de coisa.
Caí em seus braços, tão perdido e tão confuso quanto ela.
Joguei-a na minha cama e amei,
além do seu corpo,
as suas loucuras,
suas inseguranças
e talvez,
até um pedaço de sua alma.
Vai saber...
Nunca vou saber,
se ela expôs tanto quanto eu,
esse tipo de coisa a gente nunca sabe.