Então era outra daquelas reuniões entre amigos que passou a ser mais do que várias rodadas de cerveja. Alguém sugeriu conversas sobre temas fixos. Uma estupidez, foi minha primeira impressão. Neste novo formato reunimo-nos para falar sobre a nova Constituição, depois sobre nossas próximas férias e hoje o assunto era: fale sobre seu pai.
Melhor que Zeca, meu filho de nove anos, comparecesse em meu lugar. Ele tem uma lista de coisas legais a dizer sobre mim principalmente depois da bicicleta nova. Mas Zeca não bebe cerveja. Sobrou mesmo para o papai aqui. E o papai aqui quase não lembra do próprio pai, que morreu quando eu tinha sete anos.
Mas na hora H lembrei que vó Célia sempre repetia orgulhosa, anos depois de meu pai ter morrido:
- Seu pai lutou na guerra!
Não tive dúvidas. Falei da participação heroica de meu pai, os perigos que enfrentou e as vidas que salvou, enquanto escapava de bombardeios, cargas de infantaria e toda sorte de misérias. Estiquei a lacônica lembrança de vó Célia feito chiclete e o resultado foi espantoso. Eu me tornei o grande sucesso da noite; eu e o meu heroico pai.
Envergonhado pelo meu exagero – para não dizer mentira – fui o primeiro a me despedir. Já ia separando minha parte na conta quando um senhor idoso, que estava sentado em uma mesa próxima, aproximou-se e perguntou com a voz embargada;
- Você é o filho do Candinho?
Confirmei com um frio na barriga. Ele me deu um abraço forte, algo inesperado em alguém daquela idade.
- Seu pai foi um herói! Disse com os olhos umedecidos.
Então sentou em nossa mesa e contou histórias que acreditei impossíveis de terem sido vividas por meu pai. No fundo da minha mente, vó Célia ria, divertida, e me recordava, como se puxasse minha orelha:
- Não te disse? Seu pai lutou na guerra!
Melhor que Zeca, meu filho de nove anos, comparecesse em meu lugar. Ele tem uma lista de coisas legais a dizer sobre mim principalmente depois da bicicleta nova. Mas Zeca não bebe cerveja. Sobrou mesmo para o papai aqui. E o papai aqui quase não lembra do próprio pai, que morreu quando eu tinha sete anos.
Mas na hora H lembrei que vó Célia sempre repetia orgulhosa, anos depois de meu pai ter morrido:
- Seu pai lutou na guerra!
Não tive dúvidas. Falei da participação heroica de meu pai, os perigos que enfrentou e as vidas que salvou, enquanto escapava de bombardeios, cargas de infantaria e toda sorte de misérias. Estiquei a lacônica lembrança de vó Célia feito chiclete e o resultado foi espantoso. Eu me tornei o grande sucesso da noite; eu e o meu heroico pai.
Envergonhado pelo meu exagero – para não dizer mentira – fui o primeiro a me despedir. Já ia separando minha parte na conta quando um senhor idoso, que estava sentado em uma mesa próxima, aproximou-se e perguntou com a voz embargada;
- Você é o filho do Candinho?
Confirmei com um frio na barriga. Ele me deu um abraço forte, algo inesperado em alguém daquela idade.
- Seu pai foi um herói! Disse com os olhos umedecidos.
Então sentou em nossa mesa e contou histórias que acreditei impossíveis de terem sido vividas por meu pai. No fundo da minha mente, vó Célia ria, divertida, e me recordava, como se puxasse minha orelha:
- Não te disse? Seu pai lutou na guerra!