A ascensão do puxa-saco
Maurice M. Morris, um reputado puxa-saco, designado para o Ministério da Maledicência. Egresso das baias infectas do Departamento do Desespero, quem poderia explicar a razão dessa intrigante, inesperada promoção? Maurice M. Morris, que regava com adocicados cafezinhos os corredores sombrios daquele escritório de angústias, cujas dobras incrustadas na testa atestavam sua deteriorada vocação, galgar, de forma inusitada e incomum, os píncaros diplomáticos da supremacia governamental? Pois se Maurice — agora denominado Dr. Moritz Morris devido ao elegante letreiro em tipos dourados inscrito na porta de sua luxuosa sala nova — jamais passou de um borra-botas, um pau-mandado, um cabeça-de-bagre sem o mínimo talento para o jogo político? Nós, do Departamento da Inveja, vizinho do dele, situados ambos no velho prédio que abriga o Ministério do Vexame — nós, repito, não entendemos. E não aceitamos. Maurice Moritz Morris, um reles redundante! E através dos memorandos bizarros e das circulares sinistras que sobrevoam as cadeiras e as escrivaninhas destes redutos de funcionários depressivos, mal pagos e furiosos, repudiamos e repelimos quaisquer congratulações à misteriosa promoção de Maurice M. Morris, um reputado puxa-saco, ao Secretariado Interino do Ministério da Maledicência.