Kafka me dizia sobre um homem esforçado
Um médico que viajava 
até um local afastado
Onde havia uma família aflita
À sua espera, sem saber do que
dessa vida se espera
a seu jovem filho adoentado

E aqui o meu amigo, na madrugada
em meio a horas de conversa
cá comigo
E já quase indo-se embora
cada qual, com sua pressa...
Foi interrompido por uma senhora
E com o seu filho, e um bebê
que se dizia muito doente

E lhe pedia 
"se em Jesus, tu és Crente, por favor... me alimente." 
Enquanto o médico de Kafka
tentava curar uma ferida de machado
terrivelmente aberta, agonizando o homem 
bem no ventre

Só que o médico não conseguiu
e o homem o condenou 
e o médico tentou partir à cavalo 
mas no caminho se perdeu, e cavalgou, mas nunca chegou
Enquanto o meu amigo
Que, ao enxergar uma mentira
Negou à moça, o seu pedido 
Pois, é bem perceptivo
à ele...
uma pessoa, quando mente

E a mulher o condenou!

Mas meu amigo não se perdeu... 
e eu voltei a acreditar... porque já há muito 
Isto havia se perdido 
Que NÃO se encarnava no meu corpo, 
a alma de meu ídolo, 
Sempre tão desiludido.



 
Henrique Britto
Enviado por Henrique Britto em 31/03/2017
Código do texto: T5957401
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