SURPRESAS
 
Findava o dia radiante....
O sól despedindo-se do dia,
Derramava cores mil no horizonte
 Enfeitando o céu para a vinda da noite
Que espalhava devagarzinho
Suas primeiras estrelinhas,
 A lua ispiração dos enamorados,
brilhava timidamente,
Para mais tarde se tornar o astro maior da noite.
Eu, contemplando a Beleza da Criação
Pus-me a recordar...
Saíra do consultório um pouco mais tarde,
Nunca me interessei por nascer ou por do sol,
Para mim era um dia que findava ou que nascia...
Estava cansado, o dia fora difícil para mim,
Uma operação complicada me obrigou a varias
Horas de muita tensão.
Graças a Deus tudo dera certo.
Agradeci a Deus, mais uma missão cumprida.
Dirigia tranqüilo, já começava a anoitecer...
O transito intenso, naquele horário, estava congestionado.
Fiquei parado um tempo, quando uma menina,
Com a aparência de seis ou sete anos,
 Chamou-me a atenção com acenos de mãos.
Abri o vidro e ela veio correndo por entre os carros.
-Senhor... Pelo amor de Deus me ajude!
Pensei ser mais uma dessas crianças abandonadas
Que pedem às pessoas auxilio financeiro, mas não...
Essa estava bem vestida... lacinhos nos cabelos, usava
Sapatos novos...estranhei.
-Sim neném que você quer?
-Eu sei que o senhor é médico, salve minha mãe!
-Eu? De que modo? Como sabe que sou médico?
-Eu sei... venha comigo... Rápido... Por favor...
 Senão pode ser tarde.
-Como vou deixar meu carro aqui,
 No meio da rua com esse transito?
 Me de seu endereço que vou visitar sua mãe mais tarde.
- Será realmente muito tarde, Senhor venha.
Traga seus primeiros socorros.
Estendeu-me a mãozinha para que eu a segurasse.
Algo em mim me dizia vá!
Deixei meu carro no acostamento e segui a pequena.
Logo a frente, uma multidão de curiosos, assistia
Com sussurros de piedade ou curiosidade a uma cena
Que me chocou...
Um carro capotado, todo retorcido, trazia em seu interior
Presa entre as ferragens, no volante, uma senhora ainda jovem.
Pronunciava palavras incompreensíveis.
-Esquecí-me da menina. Com licença sou médico, com licença...
Procurei com toda a atenção ouvir o que a senhora dizia.
-Livia, Lívia...
Olhei então no banco de traz, e fiquei estarrecido...
A linda menininha que me interpelara na rua estava ali,
Ensangüentada e sem vida.
Por um segundo fiquei sem ação.
Visto que de nada adiantara cuidar da menina me dirigi até
A senhora, que desmaiara.
Com a ajuda do corpo de bombeiros conseguimos tirá-la
Do carro e socorrê-la a tempo.
Hoje sempre que posso, olho o entardecer.
Fascino-me com tanta beleza.
Claro que uma Força Maior
Domina tudo isso, me lembro de Lívia,
Com certeza mora entre as estrelas!
 Visito sempre Laura, mãe de Lívia.
Após ter se recuperado fisicamente,
Procura com leituras edificantes superar
A saudade de sua única filha.
Temos eu  Laura, e muitos dos leitores deste conto,
A certeza de que a vida é eterna e se Deus assim permitir,
Um dia iremos ver Lívia, ou nossos entes queridos, 
Que nos precederam, novamente.
E me pergunto:
Que fez Lívia vir pedi-me auxilio?
E mais uma vez me convenço de que
 Nada neste mundo é por acaso...