ESTRADA ESTREITA DE PONTE ALTA
Matos daninhos e moitas espinhentas cresciam às beiras dos altos barrancos da estreita estrada batida na região de Ponte Alta. Para não passar batido, o único lugar onde o riacho cruzava aquela estrada, suas águas faziam um canal a céu aberto sem nenhuma ponte e desciam pela invernada.
As cercas de arames farpados que protegiam todo aquele chão batido eram totalmente sem segurança. Ora estava no chão, ora com mourões quebrados, ou então apenas um fio cercava os animais para não entrarem na estrada e atrapalharem os transeuntes.
Em alguns mourões havia buracos onde as mamangavas usavam para depositar seus ovos. Inseto enorme, barulhento e perigoso. Estavam sempre assustando as pessoas e animais que pela estrada passavam.
Pelos barrancos havia cipós de são João, mato verde, capim gordura, amorinhas vermelhas, flor roxa, formigueiros, buracos onde cobras costumavam ficar. Era uma via cercada de novidades para quem por ali passava.
No tempo de jatobá maduro, havia brejo na estrada e um perfume sem igual. O mesmo valia para os locais onde viviam as goiabeiras e juá.
As curvas eram fechadas, dando a sensação do desconhecido que estava para chegar. Um morrinho aqui, uma descida ali, uma restinga de um lado, uma lavoura de outro e de repente mato dos dois lados, assim era o caminho para quem ia e vinha de Ponte Alta.
Uma ou mais vezes por dia passava automóveis. Era o Jeep do seu João Luiz ou a caminhonete da Jeep do seu Geraldo Paulino. Charretes e cavaleiros o dia todo por ela transitavam. Uns trazendo alimentos, outros indo para o roçado e aqueles sem nada para fazer e que ia à freguesia para conversar.
Cada ponto que se passava por aquela estrada batida, sentia-se um cheiro singular. Parecia que havia duendes fabricando as essências para os que por ela passavam.
Estrada estreita de Ponte Alta!
Tem saudades dela até quem nunca passou por lá.
É isso aí!
Acácio Nunes