A BENGALA DO NEGRINHO DO PASTOREIO
Não há "inspiração" maior, que a realidade cotidiana. Pois é... Aí, basta colocar um pouco de "transpiração" e aqui estou eu, escritor! Que audácia!!
Mas, como o mundo virtual nos deu liberdades sem fim, eu escrevo, e ler quem quer... Mas leia e comente pelo amor de Deus!! Eu preciso publicar um dia minhas "porcarias" como diz mina ex esposa, afinal, eu preciso um dia tomar Champagne em Dubay... Mas, vamos ao que interessa.
Eu não sei se sou um escritor que também é policial ou, um policial que brinca de ser escritor. Talvez eu não seja mais é nada... Dá vontade de rir visse? Apois?! Ocorre que, na função de policial, eu tenho visto muita coisa que vai do cômico ao trágico.
Mas, Como hoje é Quinta-Feira, um dia de leveza, vamos começar por contar uma estória que, no mínimo, tem uma boa porcentagem de verdade, outra menor de exagero, mas mentira seu moço? Jamé!
Eu sei que, era um dia de Domingo, pé de cachimbo, era o início de um dia de plantão de 24 horas e embora ainda fosse por volta das oito horas da manhã, o sol já estava mostrando o seu poder... Ô calor da gota!
Mas sei não... Se a coisa é dura e difícil, sempre poderá ficar pior quando o assunto é... Púliça! E acreditem, ficou!
_ Entra filho da puta! Gritou o policial militar conduzindo um Negrinho.
_ Vai dizer a verdade ou não seu porra?!
O Negrinho era a "cara da exclusão social". Sabe a cara da pobreza? Ao mesmo tempo, também era a cara da safadeza e da malandragem, Uma combinação inevitável para quem vive a margem da sociedade, quase uma necessidade macabra que, gostemos ou não, seduz facilmente quem não é visto. Notado. Mas...
_ Bora seu sacana! Abre o jogo de onde tu jogou a bolsa da mulher! Bradava o "Pepa". O "Papa Mike".
_ Bora filho da puta, diz logo a verdade caraí! Disse eu para o meliante que me olhava com cara de quem cagou nas calças...
_ Fui eu não "seu dotô..." dizia a pobre criatura.
Aliás, para este povo, qualquer merda diante dele é um "Dotô"... Afinal, diante de um aperto, é sempre bom escolher bem as palavras!
Após consultar meu superior, o delegado de plantão do dia, decidiu-se que a pobre criatura seria devidamente "fraganteada" e presa. E assim foi feito. Dei-lhe voz de prisão e o conduzi até a carceragem onde o mesmo seria preparado para adentrar a cela.
Ao chegar lá, solicitei que o negrinho, que pela compleição física lembrava o "NEGRINHO DO PASTOREIO" das lendas gaúchas, que retirasse sua roupa, pois era um procedimento de praxe, de revista, a fim de verificar se o preso não guardava em suas partes íntimas, algum objeto consigo que dentro da cela, pudesse causar algum problema.
Foi aí que a coisa foi tomando um rumo digamos, que seria ótimo se tivesse sido evitado... Mas tinha que ser né?
Ao ser solicitado diversas vezes por mim que ele tirasse seu calção e se agachasse e soprasse o braço, ( Podem acreditar, isso é feito para ver se o meliante não esconde nada no cú!) o Negrinho se recusava. Eu insistia, sempre bradando em tom imperativo.
O Negrinho se recusava e... Depois de alguns minutos disse:
_ Tá certo "dotô, o sinhô qui mandô viu, se alembre e num zangue comigo depois"...
Ao abaixar a bermuda, para espanto geral meu, de outro colega policial civil que estava no local, e para meia duzias de "Papa Mikes" e, principalmente para riso e regojizo geral dos outros presos, assim que o Negrinho abaixou a bermuda, desenrolou-se mais de metro e meio de rola! Isso mesmo, de rola! De pica! De cacete! Parecia uma cobra preta, longa, grossa, enorme!
_Desculpa aí seu dotô! Disse constrangido o Negrinho, mas eu tentei avisar o sinhô...
Era tarde. Era muito tarde... Todos diante da cena bizarra começaram a rir e muito. todos riam e diziam: " Vai seu investigador, segura a mangueira do cara!" Ou... " Vixe! Esta cobra é perigosa, mata ela..." Onde o ecoar dos risos deixavam minha cabeça zonza...
Mas, como diz um velho ditado aqui do Nordeste, " Barco perdido? Bem carregado!" Mandei o Negrinho vestir sua bermuda e, já vestido, antes de entrar na cela ele olhou para mim e disse:
_ Liga não "seu dotô, e bicha é grande mas só serve pra mijá, num levanta não..." Ô consolo sem futuro!
Meu irmão ai não tive outra coisa a não ser silenciar, virar as costas, ou melhor, sair de costas mesmo... Deixando ali aquela triste figura.