A EX-NOVIÇA E O SEU DEMONÃO

Um "click" e lá estavam um diante do outro.

Mais alguns "click" e ambos estavam apaixonados!

Milagres de redes sociais!

Mas... Apaixonados ou apaixonada?

Ela com certeza! Já o miseravão? Não... Não por maldade, mas por que, em termos de sentimentos amorosos, geralmente nos precipitamos e acabamos dizendo antes de sentir. Falha grave, de consequências... Hummmmmm... Vai lendo, vai lendo...

A noviça, que deixara o convento e recusara o pedido de casamento de Jesus, estava encantada com sua vida no “mundo”. Ela, moça muito bem educada, letrada, boa filha e, apesar de ter abandonado o convento, ainda uma devota fiel as coisa da igreja, levava uma vida simples que resumiam-se em duas coisas:

Ir a sua faculdade, já em fase de conclusão de curso e seleção de uma pós-graduação e... Sonhar com seu amor!

Ah... Como era bom! Como ele era perfeito e maravilhoso!! “ Vou contar a todas as minhas “ Zamigas” pensava ela...

“ Quero que todas elas vejam como eu estou feliz!!! Dizia a sim mesma em certo tom de “vendeta”... Polvorella... como dizem os italianos, mal sabia ela, ao menos ainda que, “Zamigas” não são amigas...

Maaassss... O destino é implacável.

Dias depois ela recebe uma mensagem em seu Watts Up, já sem a foto do meliante. Ela estranhou, mas... Ainda tendo a cara de pau de dar a seu ato desumano ares de bondade!

Depois de alguns meses de conversas amorosas, apaixonadas, sensuais, uma bela manhã, a ex-noviça, acorda como de sempre e, liga as pressas seu celular para ver alegremente as mensagens que seu amado, o Demonão, como carinhosamente ela o chamava, as teria enviado durante a noite. Leu estupefata:

“ Minha querida, depois de pensar muito, sinto-me confuso e devo confessar que ainda amo a minha ex-esposa. Voltamos... Infelizmente, não podemos mais continuar a nos comunicar, sequer ser amigos... Te desejo toda a felicidade do mundo! “

Ainda tendo a cara de pau de dar a seu ato desumano ares de bondade!

De celular na mão, sentada na cama, ficou ali estática, olhar fixo em um ponto cego na parede caiada, ficou ali...

Por quanto tempo não se sabe... O dia virou noite, e, novamente seu celular tocou tirando-a do transe em que se encontrava. Olhou e viu que uma de suas “Zamigas” estavam ligando. Pensou em não atender, mas... Achou que seria bom conversar com alguém.

_Alô?

_Oiê amigaaaaa! Como você está?

_Bem. Eu acho...

_ Amiga, tu pode vir a minha casa hoje a noite? Estou precisando muito conversar com você amigaaaaa!

_Não sei. Não estou bem...

_Faz isso não amiga! Vem sim, as 19 horas, te espero. Beijoooooo...

_Tá. Vou ver.

Desligou o telefone e não pensou em nada. Daquele dia, a ex-noviça tinha muito a cuidar, mas resolveu deitar e ficar ali prostada, sem pensar em nada, com os olhos fixos agora no teto. Em certo momento deu um sorriso discreto mas perverso... No intuito de sucumbir sua dor, lembrou de seus personagens de quadrinhos e imaginou-se sendo a doutora Harley Quin, a “Arlequina”. O que ela faria em uma situações dessas? Sorriu macabramente.

Filho da puta!

_Vou mata-lo!!!

Gritou a ex noviça viçosa... Não... Mata-lo poderia ser um prêmio, afinal o julgamento de Deus e sempre bom. Mas o dela... Jamais!!!!!!

Relaxou um pouco após ter seu momento de pensamento homicida e adormeceu com ares de princesa louca e sorriso de bandida de revista em quadrinhos.

Cerca de duas horas depois, acordou e viu que estava em cima da hora que sua amiga a convidara para ir a sua casa. Esticou-se na cama e, resolveu ir. Talvez lhe fizesse bem conversar com sua amiga, desabafar, pensar em uma maneira de reverter a situação ou... Vingar-se?! Não, não... Era moça direita, cristã.

Tomou banho, vestiu-se de modo sóbrio com sempre, penteou-se e sentiu-se feliz, embora a tristeza não a deixasse em paz. Mas respirou fundo e foi a casa de sua amiga. A casa de sua amiga Aline não ficava muito longe dali e resolveu ir a pé. Aline sim, teve sorte e casou com um amigo em comum de faculdade, um jovem de boa família e rico.

Depois de 30 minutos de caminhada e uns quatro ou cinco quilômetros depois, chegou a linda casa de Aline mas notou que estava tudo apagado. Como Assim? Olhou ao redor da casa, um antigo casarão ao estilo Luís XV e percebeu certo burburinho lá dentro, mas tudo estava escuro? Por que? Bom... Ainda assim chamou por Aline e depois de ouvir mais alguns cochichos e risadinhas, ouviu a voz de outra amiga a convidar para entrar... Raea a voz de Raíssa, uma de suas melhores amigas.

_Entra mulher, a porta está aberta! Disse Raíssa.

_Ela achou tudo aquilo estranho... Até engraçado... Mas entrou.

A casa estava toda escura, e como nunca tinha ido à casa de Aline depois que a mesma casara, ficou perdida logo nos primeiros passos... Mas logo surgiu uma outra amiga a esperando para guia-la pela casa totalmente escura e... Mais! Antes de ser guida pela casa, foi vendada!

Bom, se restava alguma dúvida na ex-noviça

de que se tratava de alguma brincadeira surpresa, agora todas as suas dúvidas haviam ido para o espaço!

Era uma brincadeira... Que legal! Pensou...

Maaassss... O que ela não sabia era que a “surpresa”, seria sua maldição!

A ex-noviça foi conduzida a um quarto grande, lá tiraram sua venda, acenderam as luzes e ela se viu em meio a um pesadelo cor de rosa, onde todas as suas amigas gritaram uníssono:

_ FELIZ CHÁ DE LANGERIE!

O imenso quarto estava totalmente decorado com fotos dela e do demonão... lembrancinhas em forma de casal fazendo sexo de todas as formas e em diversas posições... docinhos de todos os tipos... Os malditos bem casados... Meu Deus, ela estava no meio de um pesadelo, de uma fantasia de onde ela não conseguia escapar! De quem teria sido a maldita idéia de fazerem aquela merad sem a consultarem antes?! Mas... Como poderiam a consultar se a tradição era a surpresa?

Estava atônita, paralisada, e começou a chorar... compulsivamente, mares de lágrimas...

As amigas sem saber direito o que estava havendo mas de uma forma ou outra compreendendo que talvez não houvesse mais “Demonão” na estória, preferiram o silêncio e aguardar a reação a homenageada...

E não tardou.

E não tardou a reação da ex-noviça, de um choro incontrolável ela migrou para uma risada insana! Começou a gargalhar tal qual uma pomba-gira que chega no gongá querendo beber...

Suas amigas, constrangidas, encerraram o chá de langerie. Recolheram-se em silêncio. Cessaram as piadas e brincadeiras eróticas. Uma delas, daquelas com cara de Santa, tratou de recolher as langeries quando a ex - noviça grita transloucada, tal qual Pomba-gira baixando no gonga:

_ Saiam. Disse a ex-noviça, saim! Larguem tudo!! Saiam!!! Saiam!!!!!

Sozinha a ex - noviça que, trocará Deus pelo Diabo, sentou - se cercada de langeries... Pegou uma a uma, deu sete nos em cada uma.

Conjurou uma praga...

E murmurou: "Maldito Demonão, maldito diabo... Respirando cada palavra...

Te atarei a mim por estes sete nós, por sete vidas...

Hahahahaha...

Dizem que quem ouviu a rizada, suas amigas escondidas no escuro atrás de uma porta próximo ao quanto onde ela estava sozinha sentiu o sangue legar só do grito e da conjuração...

Mas gelaram a espinha ao ver que ela levantou-se, foi até um espelho estilo clássico com um punhado de glacê na mão e começou a se maquiar com confeitaria!

Enlouquecera!

Ela pintou-se de forma que alguém lembrou que ela estava a cara da doutora Arlequina, personagem da DC Comics que cuidava do coringa e foicou apaixonada por ele e louca também... “Pudimzinho!”...

Depois de “maquiada” ela lambeu o resto do glacê em suas mãos e começou a dividir seus cabelos ao meio.... e saiu cantarolando uma antiga cantiga de amor... ausente de tudo. De todos.

O tempo é senhor da razão.

Todas as suas amigas riram dela pelas costas...

O feitiço rouba a razão...

Seis meses depois o Demonão volta atrás e casa-se com ela...

Casam-se o diabo e a ex - noviça...

E as “Zamigas” que riram dela? Aí, é outra estória...

Hahahahahahahahahahahahahahahaha.....