MENINO QUE COLHIA ESTRELAS

Conto agora um conto que contou o sentimento

... Sentimento compenetrado pelo conto de um acontecido que se passou no pensamento.

Isso aconteceu pra banda do cafundó, aonde logo de manhã ao alvorecer do dia aparece lindas frestas de sol, os pássaros cantam, os potros relincham a pular e a correr pelas pradarias. O quero-quero alardear voa sobre o meigo ar do horizonte, enquanto as abelhas colhem os polens das flores para a sua rainha, toda majestosa em sua melgueira trabalhando

no seu precioso néctar... O mel doce mel, rico em sua proteína um verdadeiro elixir de vida para o corpo. Ali bem ali!’ aonde pedreiro da floresta “João-de-barro” não se cansa nunca de sua paixão consumada pela sua amada e logo de manhã e também pela tardinha sempre com sua fiel dedicação, fazendo a sua casinha de barro. Feito esse só pra provar a sua capacidade ao seu fiel e verdadeiro amor. Mas a causa do pássaro e o acontecimento compenetrou a raça humana.

A onde antes vivia em cavernas e também em ocas de frondosas arvores... Vieram com o pássaro “ joão-de-barro” aprender e a fazer as suas casinhas... Casinhas de taipa, madeiras e outras. Enfim... Vamos ao caso que aconteceu ali por aquela região.Em certa época, aconteceu com uma família ainda nos primeiros passos do viver, digamos que engatinhando, engatinhando Na arte de formar família, engatinhando por ser uma família pequena, pois só tinha mesmo o casal e um filho ainda criança e muito querido, “o rei, a esperança solida e concreta da família”.

Esse menino era o centro de admiração dos pais e de forma que ia se avantajando na idade era admirado ainda mais,e mais... Muito mais. Não era uma criança dada à molequice de outros, sempre estava arredio aos demaise, todavia navegando em seu próprio mundo. Era sim!’ um menino atencioso com os pais, mas tinha manias de se isolar. Não ficava nervoso nem estressado apenas se isolava e ficava admirando a dadivas da natureza. Um dia de manhã a sua mãe observando-o de longe notou que ele estava de frente com uma folha a qual continha uma gota d’ água, e ali ele ficou até a gota de orvalho se dissipar no ar. A mulher sempre falava: _ Marido esse menino nosso é uma dadiva divina. O marido respondia eu sei meu bem e eu tenho muito orgulho do nosso filho. Assim que o menino fez idade escolar os pais foram apresenta-lo a professora da escolinha. Lá praquelas banda a escola era pequena a professora ensinava multisseriado, estilo que a professora ensinava, varias matérias e series no mesmo tempo e horários e na mesma sala de

aula a única sala que a escolinha tinha interno do seu corpo. Multisseriado "era quando se aplicava duas ou três series diferentes". Bom naquele tempo não tinha creche e a criança iniciava os estudos em uma cartilha, um único livro em que a criança estudava e via alguma imagem como, por exemplo: Abelha, Bota, Elefante, Casa enfim na ordem alfabética de A ah Z acabando assim com o nome zebra, que não deixava de ser interessante. As figuras todas em preto e branco

no final do ano a criança passando seria o primeiro livro no próximo ano depois osegundo e assim sucessivamente.O menino não fez feio aos pais e foi logo se destacando entre os alunos, quando o assunto era literatura, embora a matemática lhe custasse algumas preocupações.

Mas quando se referia a poesias ai os olhinhos dele brilhavam de felicidades, a professora via nele um interesse imenso pelos poemas e sentiu ali um destaque a ser explorado ate mesmo para esbouçar a capacidade dela perante a comunidade. E assim sendo ela sempre mandavao menino recitar os poemas mesmo quando tinha encontro de pais ou eventos na escola. Acontecia qualquer evento lá estava o menino para representar a escola e os demais colegas, com isso o menino adquiriu o codinome de: Poeta mirim.Muitos o chamavam de... O poetinha. Mais um fato curioso que o menino gostava de andar pelos campos, de manhã à tardinha e a qualquer hora a noite ficava lá no terreiro sentado em um banco de madeira feito apenas com três tabuas de cedro. Lá ele se sentava e ali ele ficava horas e horas olhando as estrelas e observando a lua e vendo os cometas se despencar sobre blue na noite.

Certo dia, dia de feriado o poeta mirim pegou o seu bornal estilingue algumas bolotas feitas de barro, bolotas essa que pegava o barro lá da siquinha com as duas mãos enrolava o bolinho de barro nas duas mãos postas, postas como se fossem para fazer uma oração. Dessa maneira construía a bolinha de barro... Logo depois de construída colocava no sol para secar.

Como eu estava dizendo... No dia de feriado,

amanheceu o dia o poeta mirim pegou o seu apetrecho: Bornal, bolotas de barros, estilingue, caderninho e caneta, fez um bilhetinho dizendo:... Mãe fui colher estrelas e logo voltarei com a felicidade, deixou o bilhetinho sobre a toalha bordada da mesa e saiu. Assim que a mãe dele a dona Esterlina leu aquele bilhete se preocupou e rápido saiu atrás do marido, o senhor Petrônio.Vida, vida!... Olhe o que o nosso filho nos deixou... O Petrônio leu atenciosamente e disse... É ele sempre andou por ai colheu pétalas e flores, escutou atentamente os cantos dos pássaros perdeu tempo sentado na margem do riozinho, olhava por horas o horizonte a noite observa a lua e estrelas, mas essa agora!...

É mulher vamos pra casa, lá veremos o que fazer.

Os vizinhos que escutaram aquilo tudo, começaram a se preocuparem, pois todo mundo gostava muito do poeta mirim, era o poeta mirim que alegrava as noites de fogueiras com poemas e poesias lia, que lia e se empolgava lendo de tudo, livros de cordéis“aqueles livrinhos que contava historia de Camões, Pedro malazarte, Cancão de fogo, João sem medo” e muitos outros, além dos próprios poeminhas dele, que ele mesmo fazia.

Enfim o menino era de fato muito conhecido e querido na região. Apos o acontecimento e aviso de boca em boca, logo aglomerou todos daquele lugar ali, todos em frente da casa dos pais do menino“ poeta mirim”Era um olhar pra cá um olhar pra lá cadê o menino? Quando será que vai chegar? Nossa esta demorando! Enfim era um furdunço só. Demora que demora e nada do menino chegar uns já estava fazendo promessas outros orava e tinha aqueles que choravam e o rei sol caindo lá em seu castelo com isso o dia já estava turvando e à tardinha, já se fazia, e nada do menino aparecer. Tinha ate aqueles que saiam com rapidez de gazela a pé ou de bicicleta por carreiros e estradinhas até ah cavalos corriam... E nada!

Estava todos muitos tristes e desconsolados com o sumiço do menino “o poetinha”

Alegria inacreditável foi quando um apontou um volto, sim pois só se via um volto no crepúsculo. Um preocupado daqueles levou a mão apontou com o dedo e gritou olhe lá o poetinha, o espanto foi geral e a alegria voltou a reinar. Aparecendo, aparecendo quando de perto sombra já estava bem definidas... O poetinha ali em carne e osso, vivinho da silva aparecendo todo alegre e faceiro, sã e salvo todo sorridente e feliz foi quando ele esbouçou uma sombra de espanto ao ver aquele povo todo ali. _ Mas o que que é isso!... Ele perguntou para o mais próximo. _ Isso tudo é por sua casa viu menino! Você sumiu desde cedo sem noticias! _ Mas deixei um bilhete para minha mãe dizendo que fui colher estrelas. _ Mas que negocio é esse de colher estrelas disse, um outro que se aproximava. Nisso a mãe veio ao encontro dele abraçou chorando e disse... Filho não desapareça desse jeito, estávamos todos preocupados._ Mas mãe eu deixei o bilhete, sim filho, mas você sumiu quase o dia inteiro, mas me diga colhes-te alguma estrela?_ Sim mãe não só estrela, mas colhi muitas outras relíquias. _ A onde estão essas coisas filho? _ Nesse bornal mãe. _ Como e que coisas são essas? _ Vou lhes dizer mãe... Nisso em sua volta estava tinindo de pessoas curiosas para saber do acontecido.

Com isso a noite já se fazia nenê, o menino ficou de pé sobre o banco e começou a falar:...

_ Meus amigos e conhecidos hoje, quando eu sai de casa,eu sai com intuído de colher estrelas... Peguei o Meu bornal de sentimentos meu gancho da paz “ O estilingue “e a vontade da esperança e fui...

Fui pelas margens do coração andei ate no intimo da paz e diante da roça da alegria eu colhi, colhi não só estrela, mas sim!... Colhi muito mais que estrelas. Eu fui por ai colhendo pétalas de flores ate as flores gotas de orvalho da manhã. Captei o revoar da sensibilidade até os chilrear e cantar dos pássaros. Fui até o lago da razão filtrei o multicolorido do arco-íris, captei a leveza do beijo dos beija-flores. O frescor do tombo da cachoeira. O sabor do pólen pelos gostos das abelhas. O deslizar das aguas na mansidão dos riachos. O alvorecer do dia na canção da natureza. A noite de lua cheia no coração do lobisomem. O luar da boca da noite na euforia dos seresteiros. O urro do lobo no medo da donzela. O sapatinho sem par vagando na esperança do príncipe. A princesa demasiada nos jardins dos encantamentos. A lua tomando banho pra se encontrar com o seu amado. Eu... Também colhi as frestas suave do majestoso rei sol, repleta de amor a carinho implantando vidas.

Coloquei também no meu bornal as ondas do mar a se debaterem sobre a areia. Os jardins dos castelos encantados. As vestes prateadas da lua sobre os namorados e ao mesmo tempo na rua.

O galope do potro no campo. O namoro na relva sobre a sombra. O piquenique dos inocentes. As gotas d’ águas ao despencarem das pétalas. O sibilo do vento no ar farfalhando nas folhas suaves das madressilvas. O silvo do gavião peneirando na lacuna do vento.

E muitas outras coisas eu colhi. _ A onde esta tudo isso meu filho?... Interrogou a mãe toda ouvido de tudo._ Como já disse mãezinha do meu coração. Tudo,tudo aqui dentro do meu bornal! Tem como nos mostrar meu filho? Foi quando sem demora ele retirou o caderninho do bornal e com uma mão ergueu para cima e disse: Aqui! Aqui esta tudo que colhi!’... Nesse momento alguém perguntou? Colheu com que e de que forma?_ Colhi tudo, tudinho com a minha canetinha.... Colhi em formas de poemas conto e poesias. Vejam...

Colhi a lua de olho no mar

Com a prata debatendo-se sobre a areia

O casal felizes a namorar

O urro do lobo o canto da sereia.

Colhi a pétala meiga toda abraçada

Com a gota de orvalho

O sol bradando o seu novo dia

A esperança de um inocente

O voar sentimental da cotovia.

Enfim foi isso o que aconteceu minha mãezinha do coração. Dizendo isso o povo todo aplaudiu de pé... Batendo palmas ao menino que colheu estrelas.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 09/03/2017
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