A história de Noah
Estava se afogando em lágrimas. Eram lágrimas tristes. Ele sentia uma dor, bem lá dentro do coração. E, de repente, deitou-se, viu o céu. Era um céu azul-clarinho. Era paz. Era calmante. O voo harmônico dos pássaros, longe, calmo. Então, Noah ficou bem.
Dizia sua avó Isa que Noah sempre fora um menino valente. Era quieto, calado, mas sempre disposto a enfrentar o que viesse pela frente. Ele tinha sonhos, mas nunca se perdia da realidade. Menino estudioso. Sempre bom rapaz. Era gentil.
Noah ajudava a sua avó Isa na floricultura que tinham. Era uma loja muito singela, mas, apesar da simplicidade, era bem-cuidada. Ele era o entregador das flores. Fazia as entregas de bicicleta. Andava muito bem de bicicleta, era a sua velha companheira a rodar pela cidadezinha do interior.
Cresceu com as flores, amava seus perfumes, suas cores. Amava a natureza. Ele também amava ler e estudar. Tinha o sonho de, um dia, se formar. Noah ainda estava na escola. Queria ser professor. Dizia ele que queria ensinar as crianças a ler, porque ler poderia salvá-las do pior da vida. Amava os livros. Amava a escola e amava aprender. Não perdia um dia de aula.
A escola de Noah era pobre. Ele andava uma grande distância de bicicleta para chegar. Saía cedinho de casa. Sua avó lhe preparava um café com leite na caneca e pão com manteiga. E lá ia o menino pelo caminho da escola, no vento frio da manhã. Pela manhã, estudava; e à tarde, trabalhava.
Sua vida nunca foi fácil. Eram apenas ele e a avó. Noah sempre foi o homem da casa. Por isso, precisava ser valente. Enquanto na escola, era um menino diligente, anotava tudo no caderno. O sinal tocando anunciava o
final da aula. Ligeiro, ia para o trabalho.
Antes de dormir, sempre lia uma história para a avó, esta nunca teve a oportunidade de estudar. Ela não conhecia as letras, mas sempre incentivou o neto aos estudos. Ela sonhava o sonho de Noah. Tinha o sonho de vê-lo formado professor; sabia muito bem que ele daria a muitas crianças a oportunidade da educação.
Certa vez, Noah estava na escola, em mais um dia de aula. De repente, a diretora o chamou e disse a ele para ir correndo para casa. Ele, preocupado, nunca andou tão depressa na bicicleta. A avó de Noah estava muito doente. E o que o futuro lhe reservava não era nada contente. Após alguns dias, o menino enfim recebeu a notícia, triste notícia. A avó estava bem, mas nunca
mais poderia trabalhar na floricultura; teria que viver na cama, agora. Ela precisava de Noah. Ele precisava ser forte.
Sabia que teria que arcar com o sustento da família. Seria, agora, o único a trabalhar na floricultura. Teria que largar a escola. A vida fez por Noah uma escolha difícil. Os sonhos dele, agora, estavam perdidos.
Foi para o quintal. Sentou-se na grama. Estava se afogando em lágrimas. Eram lágrimas tristes. Ele sentia uma dor, bem lá dentro do coração. Noah tinha o sonho de seguir pelo caminho da educação.
Com o peito apertado, os olhos molhados, ele estava sozinho. Ninguém podia salvar Noah. Ele sentia uma tristeza sem fim. E, de repente, deitou-se, viu o céu. Era um céu azul-clarinho. Era paz. Era calmante. O voo
harmônico dos pássaros, longe, calmo. Então, Noah ficou bem. Definitivamente, ele precisava ser forte.
E ele sabia que, em algum momento, a vida podia mudar a sua sorte. Então, decidiu que não devia desistir. Noah ainda mantinha no coração o caminho que, um dia, ainda pretendia seguir.