DO ENCONTRO II
Naquela noite Jack estava decidido conquistar a moça do copo de whisky. Após todo o drama criado em função do acidente encenado, manteve diálogo com Gaby e como água de enxurrada foi desbravando caminhos à frente. Fez por propósito é lógico, mas para ele tinha que ser feito daquela maneira, pois de qualquer outro jeito as chances de erro influenciariam no resultado satisfatório. Jack apostou até mesmo na escolha do batom feito por ela naquela noite, sabia que a depender da cor e do tom a conversa seria mais fácil ou difícil, por se tratar de um aspecto que marca a personalidade de uma mulher. Como esperado ela usa o batom da cor lilás com variações do mais claro para o mais escuro. Uma cor que deixa qualquer homem em dúvida, quando não apreensivo da reação diversa que pode manter influência positiva ou negativa sobre o diálogo. De qualquer forma Gabriela usava o batom cor lilás escuro naquela noite o que explica todo seu estado de desconfiança. Como planejado, jack resolve seguir com plano.
--- Você já assistiu ao filme também? Pergunta Gaby após o brinde com desconhecido. Jack apenas analise e tira suas conclusões.
--- Você é mesmo durona em! Beber whisky assim não é para qualquer uma --- Ela se sente desconfortável com infeliz comentário de Jack --- Mas claro que já assisti é muito bom o filme.
--- Pois é, muito bom mesmo. Em que você mais acredita na realidade ou na fantasia do protagonista? --- Gaby entorna seu segundo gole de whisky sem retirar os olhos de Jack.
--- Olha, vejamos só, eu posso ser um escritor esquizofrênico neste momento, a depender de minha realidade é muito possível que isto seja uma fantasia, não? --- Jack tenta reconquistar a confiança de Gaby jogando com as peças que possui. Ele acredita que realidade e fantasia não se dissociam, ambas comungam de uma mesma oportunidade, entre a qual basta saber apenas o quanto de realidade existe na fantasia e o quanto de fantasia existe na realidade.
--- É. Não duvido --- Continua encarando-o de modo interrogativo. Jack não estava sendo convincente.
--- De qualquer modo é bem possível que eu tenha seguido você por mais tempo do que possa imaginar, não para sequestra-la óbvio, mas para conhece-la. Satisfeita? --- Agora Jack a deixa com olhar ainda mais confuso do que antes.
--- Bem! E a que devo a honra de minha companhia? --- Em tom de chacota, com sorriso de canto, após todos esses minutos de pesquisa inconsciente Gaby passa sofrer, possivelmente, com efeito do álcool o que a faz tornar o diálogo solto.
---- Bem! --- Jack aproxima seu copo ao rosto, indica um piscar tímido, entorna todo seu conhaque como se estivesse encorajando-se e completa --- Talvez eu possa tornar sua fantasia realidade o que acha?
--- Aí depende! --- ambos gargalham ao ponto de indicar ao mesmo tempo mais uma dose de bebida para cada copo. Jack enfim consegue tirar um sorriso decente daquele rosto acanhado. Por ora, já considerava tarefa cumprida, mas poderia alcançar algo mais.
--- O que tem a fazer hoje, depois do bar? --- Jack retoma a seriedade sem demonstrar sisudez, apenas reestrutura os códigos da face para que camufle qualquer timidez.
--- Olhaa... --- ela indica querer fazer difícil, busca por seu copo já completo pela segunda dose e o degusta. Teve tempo o suficiente para pensar e repensar na proposta ainda que não tivesse sido feita --- Vamos lá para casa então, tenho whisky do bom.
--- Opa! --- Jack gosta de garotas com iniciativa e que guardam as melhores garrafas para os melhores momentos. Entretanto o jogo havia acabado de começar. Jack a confundiu com sua conversa mole e afiada. Poderia concluir seu trabalho em um lugar reservado, longe dos olhos da sociedade e quando derem por conta já estará redigindo sua próxima história.