Paciência
- Paciência.
- Mas...
- Paciência.
- Nunca então vou ser...
- Tenha paciência que você será o que quiser.
- Com todo respeito, posso lhe fazer uma pergunta mestre?
- Claro. - respondeu um velho de enorme barba branca e chapéu de palha.
- Por que o senhor insiste tanto nessa “paciência”? Eu anseio muito. Desejo ser reconhecido, fazer acontecer e viver a vida feliz.
O mestre repousou a mão no ombro do jovem.
- Você deseja ser alguém grande e de importância, certo?
- Isso mesmo!
- Hum! Compreendo, mas antes precisamos nos alimentar, é quase hora da nossa refeição. Por gentileza, jovem, colha alguns tomates, algumas folhas de alface, também cebolinha e beterraba. Ah! Pegue uns limões para fazermos um suco refrescante. - Disse o mestre apontando para sua horta.
O jovem fiel discípulo fez como foi pedido.
- Aqui está. - Entregou tudo ao mestre. Ele acolheu o jovem nos braços e se dirigiu ao casebre. Colocou as beterrabas para cozinhar num fogareiro improvisado e tratou as verduras. O Jovem se manteve sentado numa cadeira de cozinha surrada pelo tempo. Observava tudo com atenção, mas sem entender bulhufas. Afinal ir conhecer o famigerado sábio que vivia numa região agrícola repleta de beleza sem igual. Notável. Mas até agora não tinha aprendido nada.
Depois de tudo feito, os dois se alimentaram. Uma comida simples, porém saborosa.
O jovem ainda parecia desapontado.
- A paciência é uma virtude! Quando somada a mãos trabalhadoras, um homem pode ser o que ele desejar ser. A refeição estava boa meu querido jovem?
- Simples! Mas... Sim, estava ótima.
- É... Também na vida as coisas simples são importantes. Valores! Ah! Valores! Bom... Paciência, né? - perguntou o mestre deslizando a mão sobre a barba branca - Eu mesmo trabalhei na minha horta. Trabalhei a terra, fiz adubo orgânico, isso é importante para a qualidade dos alimentos, mas tive a paciência de esperar as sementes nascerem. Depois de nascidas, as coloquei em seus devidos lugares sobre a terra trabalhada, daí Deus mandou a chuva e pacientemente trabalhei regando e tirando algumas pragas que poderia danificar a horta. Resumindo: levou um tempo para ter esse alimento que comemos. Plantei e colhi pacientemente e, claro, trabalhei duro.
O jovem relaxou, um fio de luz surgiu em sua mente, mas mesmo assim estava meio sei lá, desesperançoso, mas ainda prestava a atenção.
- Para se alcançar o seu sonho é preciso ter paciência. Assim como para colher algo que se planta. A vida é um dia após o outro. Aprenda um pouco, trabalhe a terra veja Deus fazer a parte Dele e no tempo certo, meu jovem, você colhera seus frutos. Não esquente a cabeça, você vai chegar onde pretende se for paciente com as coisas e consigo mesmo. Afinal não se pode saber de tudo, não é mesmo? Cometemos erros durante toda vida, devemos corrigi-los e com paciência seguir em frente.