971-NO AEROPORTO - Viagens

Por motivo de economia e para conseguir bons lugares no avião, adquiri em janeiro as passagens para nossa viagem — eu e minha esposa — a ser realizada em maio.

Segundo o roteiro, o vôo seria Belo Horizonte>Miami>Chicago>Saint Louis. Ao chegar a Miami, fizemos o transbordo da nossa bagagem para Chicago. Subimos em seguida para a área dos portões de embarque e ficamos aguardando a chamada de nosso vôo para Chicago às 15 horas, ou como anacronicamente os americanos usam, três pm.

Sentados defronte a um dos enormes painéis de chegadas e saídas dos aviões, onde deveria aparecer o numero do vôo para Chicago, com indicação do portão de embarque.

Entretanto, o número do vôo não aparecia. Aguardamos tranquilamente até 14 horas e 30 minutos quando nos dirigimos ao gate mais próximo da American Airlines, para nos informar onde deveríamos embarcar.

Atendeu-nos um respeitável senhor, com o asseado uniforme da AA que, com toda a cortesia, nos informou que aquele vôo havia sido cancelado há dois meses — e disso não havíamos sido informados pelo nosso agente de viagem nem pela AA, da qual somos clientes de longa data e milhares de milhas acumuladas.

= 1 =

Ficamos com “cara de tacho”, isto é, completamente surpresos e desolados, sem saber o que fazer.

Daí, o funcionado nos disse, já num inglês mais pausado (de certo nos achou com cara de tolos turistas inexperientes) e nos explicou que estava para sair ás três (dentro de alguns minutos) um avião da American Airlines para Saint Louis no qual poderíamos embarcar, pois havia assentos disponíveis.

Levou-nos então, num silencioso carrinho elétrico, ao portão de embarque onde deveríamos tomar o avião.

Ao nos deixar no gate 23 foi taxativo quando nos disse:

— Stay Here! Don’t move out from here!

E se foi no carrinho.

Ficamos ali, só nós dois, pois a rotina de embarque já havia terminado e não havia mais nenhum passageiro retardatário.

Só nós dois.

Para nossa surpresa apareceu, vindo do corredor de acesso à aeronave, uma funcionária que, com toda a gentileza, nos levou até a porta do avião.

Uma comissária tomou então nossa bagagem de mão e nos acomodou juntos, em poltronas bem situadas.

Embarcamos, pois, diretamente para Saint Louis, porém ainda preocupados, pois nossas malas haviam sido despachadas para Chicago.

Qual não foi nossa surpresa quando, desembarcados e no recinto de receber a bagagem, nossas quatro malas apareceram, triunfantemente juntas na esteira rolante.

= 2 =

Até hoje, muitas viagens após e muitas milhas aéreas voadas, procuro entender a logística das empresas aéreas.

Belo Horizonte, 12 de novembro de 2016.

Conto # 971 da Série 1.OOO Histórias

Antonio Roque Gobbo
Enviado por Antonio Roque Gobbo em 25/02/2017
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