O conto da menina cheia de esperança

O sol batendo na janela lançou naquele quarto uma bonita luz. Em tons alegres, ela se levantou, abriu a porta e desceu a escada, com os pés descalços e o coração cheio de luz. Não tinha vergonha. Sua alegria era tamanha que se alguém chegasse, ia pedir licença só para ficar admirando. Quem sabe refletisse um pouco daquela beleza!

Era tão simples seu jeito de ser bonita! Sua presença iluminava, vinha cheia de vida e de histórias. Imagine só que sua beleza ia muito além de seu corpo. Talvez o corpo, seja a menor parte dessa história. Ela era tão viva e delicada!! Nessa jovem sorridente, a poesia decidiu fazer morada.

Descendo a escada, leve e livre, deu um sorriso. No canto da mesa, uma poesia adormecida, escrita na noite anterior ao som de uma canção repleta de vida. A escrita era muito leve. Trazia uma força que só quem conhece realmente esse mundo das letras sabe do que estou tentando dizer. Mas existem certas coisas que não conseguimos transmitir muito bem com as palavras.

Talvez a poesia estivesse tão despida quanto ela. E ali, a jovem e seu poema, cheios de vida pareciam estar prontos para começar um novo dia. Não se espante caso não entenda o poder que uma escrita possa ter na vida de uma pessoa. Se conhecer de verdade essa garota, talvez se aproxime um pouquinho desse mundo.

Mas, não se engane! Não queira chegar com esses saberes tolos! Não queira rimar a beleza que não pede rima! Entre com delicadeza e deixe o verso te conduzir. Esse é o convite e talvez, o maior desafio. A vida a cada dia nos chama a parar um pouco e olhar para dentro: é ali que a poesia brota. Nasce de dentro e depois transborda (e transforma).

Não se engane de pensar que viver de uma forma poética se resume a escrever. Os papéis, em tantos casos ficam jogados. A poesia é muito mais que isso! É um estilo de vida, uma forma de “ser no mundo e com os outros”.

A jovem poetisa parecia reluzir. Despida de qualquer conveniência, ela escolheu ser diferente. É claro que vieram críticas! Essas pessoas comuns que não saem em busca do arco íris e tentam fazer de tudo para encaixar as pessoas com lindos sonhos em formas apertadas e sem cores. Ela não quis, seu corpo pedia liberdade e como voar onde as pessoas preferem estar presas no que chamam de realidade? Ela queria ir além...

É aqui que a história terminaria, caso ela batesse as asas e voasse para muito longe onde a poesia fosse sua própria casa. Bonito final, caso ela não quisesse ser composição, mas ela queria. Por esse motivo, preferiu ficar, tratando de ajudar seus companheiros para que também conseguissem voar. E ficaria ali, fora da forma, escolhendo ajudar outras pessoas da maneira que pudesse, do jeito que a pessoa precisasse. Do lado de fora, a esperança ajudava a construir bonitos versos.

E no olhar de esperança, um verso novo nascia.

De um jeito ou de outro a vida ganhava cor

Em tanta gente sofrida, a poesia se fazendo morada

No sorriso cansado, no abraço apertado.

E era ali o recomeço:

Era no peito, de cada um com seu jeito

Que a vida tinha continuidade.

Tratava de dar oportunidade

Para cada um tentar de novo

Na poesia do encontro,

A magia que foge das letras.

E no olhar de esperança,

A vida que segue

Vida que passa.

Lirlaine C Vaz
Enviado por Lirlaine C Vaz em 20/02/2017
Reeditado em 28/07/2019
Código do texto: T5918732
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