A DOR DE UMA MÃE
 
Em 2005, Pérola, com quarenta e cinco anos, engravidou. Era só felicidade. Há muito não tinha, na família, um bebê.
A gravidez foi bastante tranquila. Nenhuma complicação. Compareceu a todas as consultas, seguindo, com amor, as orientações do médico-obstétrico. Não deixou de fazer um sequer dos exames clínicos e laboratoriais. À medida que a barriga crescia, aumentavam os cuidados. Aos quatro meses de gestação, o obstetra informou-lhes o sexo do nenê: um menino, João Luís.
Pérola, pela idade e por ser asmática, optou fazer mensalmente consultas de pré-natal. Em todas, o médico aferiu pressão arterial; conferiu o ganho de peso e a sua altura uterina, assim como os batimentos cardíacos do bebê.
A futura mamãe intensificou leituras sobre recém-nascidos e alimentação. O quarto do “rapaz” foi preparado com muito afeto e carinho.
Ao completar quarenta semanas, a cesária foi marcada para a primeira segunda feira do mês de setembro; todavia, na sexta, setenta e duas horas antes, Pérola, nervosa, avisou o marido que não estava sentindo os movimentos do nenê. Ligaram ao obstetra que lhes orientou a irem para o hospital, a fim de fazer um ecocardiograma fetal. Feito o exame, constataram que o bebê estava em sofrimento, devido a graves problemas cardíacos.
Ainda que a cesária tenha sido antecipada, João Luís não sobreviveu.
Pérola, ao ser levada para o quarto, pediu para ver o filho. Os familiares acharam que isso só a faria sofrer mais. O marido, no entanto, discordou e falou com o médico que atendeu ao pedido da mãe enlutada.
Pérola, ao tomar o recém-nascido em seus braços, carinhosamente o beijou. Depois, levou-o ao peito. Quando o marido solicitou-lhe que o entregasse à enfermeira, começou a chorar desesperadamente, sendo necessário aplicar-lhe um sedativo.
Ilda Maria Costa Brasil
Enviado por Ilda Maria Costa Brasil em 11/02/2017
Reeditado em 11/02/2017
Código do texto: T5909508
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