Sonhos de um palhaço.
Que alvoroço, crianças correndo pra todo lado...
Janelas se abrindo pessoas expiando, alegres...
Até vovô saiu de sua poltrona para olhar lá fora...
Que agito...
Tambores, flautas, apitos....
Musica no ar... balões coloridos,
fitas de todas as cores
Vai vai vai começar a brincadeira....
Os palhaços fazendo piruetas,
as crianças se misturando a eles para ganhar balinhas,
e o som continua...
O palhaço o que é????....
Logo os malabaristas, os engolidores de fogo,
Nossa, hooooo!!!!!!.
Senhores e senhoras....
Venham ver a mulher barbada....
Os anõesinhos pulando e fazendo gracejos.
Os trapezistas com roupas características desfilam imponentes. Que lindo.
_Olha .. macaquinhos vestidos com roupas de gente!
O Leão...A onça, os domadores com seus chicotes estalando no ar.
O elefante..olha só que patas enormes, unhas pintadas linda vestimenta.
Que mansinho, docilmente dirigido por uma linda moça, parecendo bailarina....
Venâncio, mendigo triste...faminto, doente, fechou os olhos e sonhou...
Também fora palhaço.
Quanta gente fez rir, quantas crianças conheceu em sua carreira de artista.
Agora tilha setenta e oito anos...O tempo passa...
Lembrou-se então com um misto de ternura e emoção...
Nasceu no circo, seu pai grande domador, sua mãe trapezista, mas ele,
Pimpolho, queria mesmo era ser palhaço.
Fazer rir, rir também.
E as lembranças alegres, deram lugar a mais triste tragédia de sua vida!
Sua linda mãe em um salto mais ousado, caíra do trapézio...
Que tristeza!
Vendo a mãe ser socorrida, sem poder deixar seu publico sem suas brincadeiras. Em seu sorriso chorava, coração partido...
Sua mãe...os anjos a levaram.
Seu pai definhando dia a dia, foi encontrado,
Por um dos anõezinhos morto, perto da jaula do seu trigre preferido.
Morrera de saudades da esposa.
Pimpolho, ficara só, já nem era tão jovem mais, tornara-se sem graça.
Mais dias menos dias seria despedido, e esse dia aconteceu.
Agora sem lar morava com a única família que o assumira,
os maltrapilhos das ruas.
Lagrimas entrelaçadas de soluços cortavam-lhe o peito já enfraquecido.
Quantas recordações...
_Oi senhor...senhor...?
_Sim rapaz...?
_O senhor é o palhaço Pimpolho, pois não?? Claro é sim jamais o esqueci.
_Quem é você rapaz...
_Sou o André, não perdia um espetáculo onde o senhor atuava, o senhor era a razão da minha alegria...
_Como assim rapaz?
_Meu pai era um grande industrial, não tinha tempo pra mim.
_Mamãe, tinha cabeleireiros, manicuras chás com amigas, somente a babá
Rosa, tomava conta de mim, mas era tão atarefada! Há mas quando o circo chegava...Sonho, eu era sempre o primeiro a chegar em meu camarote
Ansioso esperava que o palhaço Pimpolho viesse, um dia até o senhor me deu um balão...Foi maravilhoso para meus sonhos de crianças, entre mil garotos, eu ganhei o balão. Onde vives agora?
_Nas ruas meu filho...mas tenho muitos amigos....
_Pois eu, tenho uma mansão enorme que herdei dos meus pais, muito dinheiro para levá-lo comigo ou comprar-lhe uma casa onde possa ter muito conforto.
_Mas... Você nem me conhece...
_Como não, é meu amigo de infância, já lhe disse; aceite... me dê mais essa alegria de tantas que me deu. Pimpolho, com os olhos marejados, respondeu ao rapaz:
_Se voce quer mesmo ajudar, e se tem mesmo muito dinheiro então monta um albergue...olhe em redor, quanta miséria, fome e dor...
_Querido Pimpolho, vamos então tomar as devidas providencias.
_Vem, vou levá-lo a minha casa...apresentá-lo a minha esposa e filhos.
_Eles ficarão muito felizes em ter mais um avô, presente sempre em nossa casa, então como advogado que sou , com outros amigos, providenciaremos nosso desejo: Viva o albergue !!!!!.
Pimponho, esfregou os olhos,e disse com voz de palhaço:
_Mi bilisque aqui....Se for sonho, vou acordar, naão!!!!!!
_ É sonho sim Pimpolho, um grande sonho meu, reencontrá-lo!
Pimpolho levantou-se com dificuldades, tomou nas suas as mão de André,
Fechou os olhos e agradeceu:
_Muito obrigado Senhor!