O MENINO LAGARTO
PARTE I
DR. SHERMAN
O garoto levou três tiros na cabeça e cinco no peito. Não há ser humano comum que possa sobreviver a uma coisa dessas...
Entrou pela porta do hospital geral com os miolos pingando no chão, fazendo com que a estagiária vomitasse. Eu olhei tudo aquilo desanimado... Com certeza o rapaz já estava morto e eu odeio que morram em minhas mãos. Pensei comigo mesmo: “eu finjo que esse garoto tem alguma chance por mais ou menos uma hora... E depois vou pra casa comer e dormir. ”.
Puseram o menino na sala de cirurgia e fui me preparar. Alguns segundos depois uma enfermeira surgiu pelos corredores, gritando como louca. Seus olhos pareciam que iam pular do rosto. Sua expressão era de completo pânico. Agarrou-me pelos braços.
- Doutor... Eu lhe imploro! VOCÊ PRECISA VER ISSO.
ENFERMEIRA TALITA
Em cerca de cinco minutos toda a equipe viu com seus próprios olhos as balas que iam pulando do crânio do rapaz, como pipocas... e a ferida se fechava rapidamente sem deixar marcas. Corri que nem uma louca pelos corredores à procura do Doutor. Logo em seguida as balas no peito também saltaram como os da cabeça e os buracos vermelhos foram se fechando rapidamente. O sangue que havia jorrado tornava-se transparente. “O sangue virou água! ”, gritou alguém. O silencio pasmo reinou na sala e em poucos minutos ele abriu os olhos e perguntou onde estava e o que tinha acontecido com ele.
- O que estão olhando? – Perguntou o garoto, já se levantando num salto e pondo-se sentado na maca.
- VALEI-ME NOSSA SENHORA!! – Gritou uma enfermeira, desmaiando logo em seguida.
Estávamos tão chocados que nem demos socorro à pobre coitada. Apenas olhávamos para o garoto como se fosse um extraterrestre.
Doutor Sherman deu um passo à frente e sem delongas, como sempre faz, disse ao menino tudo que viu.
- Está vendo essas balas aqui? Cobertas de sangue? ELAS ESTAVAM EM VOCÊ! E seu corpo simplesmente... as cuspiu no chão! Você... você se regenerou! Meu menino, acho que posso afirmar que você é o novo grande passo da evolução humana!
Respirou fundo quase emocionado como se tivesse dado um belíssimo discurso. Pôs a mão direita sobre o ombro esquerdo do garoto e concluiu:
- Você é ÚNICO.
Essa frase - que era para ser um elogio - soou mais como uma bomba nos corações de todos nós, que antes disso olhávamos para o pequeno Jacob, como um rato de laboratório.
O MENINO JACOB
Não morrer nunca... significa estar sozinho... para sempre.
Meus maiores pesadelos giram em torno da dor da saudade. Eu sempre estarei enterrando alguém. Minha mãe, meus amigos, minha futura esposa, meus futuros filhos, meus futuros netos..., mas ainda tenho esperança de que minhas crias sejam como eu. E que eu seja apenas o começo de uma nova sociedade. Como o doutor Sherman me disse... “o novo passo da evolução humana. ”.
É até engraçado...
- Quando eu vou poder ir pra casa? – Perguntei com medo da resposta.
- Acho que você ficará em observação por algum tempo, Jacob.
- Escutem... eu sei que vocês não podem me prender aqui. Eu estou bem! Quero ver minha mãe!
- Jacob... você não se lembra do que aconteceu com você? – Perguntou uma das enfermeiras. - Emudeci.
O peso da enorme e eterna distância entre a morte e eu, me veio à tona mais cedo do que eu pude esperar. Eu JÁ ESTAVA sozinho. E tudo que eu queria era estar morto. Mas é exatamente o único desejo que não posso realizar.
DOUTOR SHERMAN
Jacob enlouqueceu quando se deu conta da morte de sua mãe. Ele simplesmente não conseguia lembrar de que, ao ser alvejado naquela troca de tiros, sua mãe estava ao seu lado e que apenas um tiro no peito deu cabo de sua vida. Apenas um.
O garoto correu por todos os cantos da sala, se batendo nas paredes e berrando de desespero. Estávamos comovidos e ao mesmo tempo ainda estávamos meio sedados pelo choque de ver aquele ser - que outrora tinha seu crânio partido ao meio - vivo e correndo. Apenas o observávamos sem nada fazer. Até que Jacob de súbito agarrou um bisturi e cortou sua própria garganta, caindo no chão. O sangue jorrou pela sala.
Mal pensamos em correr em sua direção e ele se levantou num salto... e mais pasmos do que já estávamos, vimos o corte profundo em seu pescoço se tornar uma pequena linha... alguns segundos depois, não havia nada. Nenhum arranhão.
- NÃÃOO!!!!!!! – Gritou o menino, com as mãos no rosto.
O fascínio durou pouco tempo e logo passou a ser pura pena. Aquilo parecia mais uma maldição do que uma dádiva.
- Você pode ir embora quando quiser Jacob. – Eu disse, tentando não chorar.
- Pra onde? Eu não tenho pra onde ir!
- Você está com fome? – Perguntou Talita.
- Não. Já fazia alguns dias... que eu não sentia mais fome.
DONA JUDITH (GRAVAÇÕES)
- Alo? Maria? Sou eu... Judith!
Pois é, preciso sair desta espelunca o mais rápido possível. Essa rua é um inferno! Os traficantes dominaram tudo! Você acredita que tive que mandar Jacob dormir no chão essa noite? Tiroteios à noite! As balas perdidas estão me enlouquecendo! Sim... pois é.
É MESMO? E quanto custa o aluguel?! SÓ ISSO!? Pois é lá que Jacob e eu vamos morar! Hahaha! O quanto antes melhor! Você não sabe a felicidade que você nos trouxe com essa noticia Maria, você é uma santa!
Sim... Ele está bem. Acho que a tensão está deixando ele sem apetite. Mas quando a fome apertar ele acordará de madrugada e assaltará a geladeira, como sempre faz.
DONA JUDITH (GRAVAÇÕES) – SEGUNDA PARTE
(Alguns dias depois...)
- Oi Maria...
Nada bem... Jacob não está bem. Ele não come. Desde aquele dia! Imagine! Eu não sei mais o que fazer... Ele diz que não sente vontade. E realmente ele não me parece está sentindo nada de ruim. Pelo contrário... Ele parece ótimo!
De qualquer forma estarei levando-o ao medico nesta semana ou na próxima. É... Isso.
Não... de jeito nenhum! Não vou esperar mais... meu limite é esta sexta feira! Ou acabaremos sendo mortos nesta porcaria de bairro!
Jacob chegou com uma mancha de sangue na roupa. Acho que andou brigando na escola. Achei que estivesse ferido no joelho, mas observei-o enquanto dormia e o menino não tinha uma feridazinha sequer. Provavelmente machucou alguém... amanhã vou ter uma conversa seríssima com ele. Tenho que desligar... um beijo, querida!
PARTE II
JACOB - Anos depois...
Tenho 18 anos... faz exatamente... 76 ANOS... que tenho essa idade. Foi quando parei de envelhecer.
Sempre vou e volto pelo mundo contando minha história. Não curto sensacionalismos..., mas às vezes para provar que falo sério, e ganhar algum dinheiro, puxo o gatilho do meu calibre 38 rente a minha cabeça, na frente de uma multidão de descrentes. Rapidamente meu crânio cospe a bala e meu sangue volta, assim como meus miolos, ou pulo de uma ponte... ou de um cânion. Tanto faz. Assim eu ganho a vida, e vivo bem.
E se eu fico cansado das pessoas, passo uns três ou quatro anos dormindo em algum lugar em que os seres humanos não conseguem ter acesso.
Tinha apenas dez anos quando percebi que era diferente dos outros. Os garotos do segundo ano viviam judiando de mim. Um dia, eles me batiam tanto... que acabei me desequilibrando e caindo. E meu pescoço quebrou. Fiquei morto por alguns minutos. Os garotos que me surraram ficaram parados me olhando sem piscar os olhos e sem fechar a boca, como retardados. Minha visão estava embaçada, eu ainda estava voltando à vida. Mas pude observá-los chorando, desesperados. Com certeza já estavam pensando na reação dos seus pais e da escola. Ofegantes, não paravam de me olhar.
Senti um formigamento nos ossos comecei a voltar ao normal.
Levantei devagar e com um pouco de falta de ar. E como se tivesse apenas levado um tapa na nuca ou coisa assim, me pus novamente em posição de luta perante aqueles pequenos carrascos de colégio. Mas logo um deles acabou desabando no chão e desmaiando como uma mocinha grávida. Os outros correram. Nunca tinha visto alguém tão apavorado. Nunca mais zombaram de mim, mas também nunca tive amigos.
JACOB – Outros anos depois...
Meu nome é Jacob, tenho aparentemente 18 anos. E faz exatamente 285 ANOS que tenho essa idade.
Aconteceu quando mataram o presidente, num atentado à Casa Branca. Foi tudo muito rápido. Os Estados Unidos perderam de vez a compostura e saíram bombardeando tudo. Depois disso lançaram a primeira bomba, que varreu o Irã do mapa. Diziam que a bomba de nêutron era lenda, mas não era. Eu mesmo pude sentir um pouco do seu efeito. Nem minha imortalidade era tão impressionante quanto o poder de destruição em massa daquela coisa. O mundo parou por uns dias, ninguém saía de casa. Três meses depois as pessoas simplesmente enlouqueceram e começaram a se matar. A Russia começou a testar armas químicas. A Coréia, Inglaterra... e até o Brasil mandou soldados! Bomba daqui... Bomba dali. E eu fiquei escondido por um tempo, no fundo de um lago.
Depois que a guerra nuclear - que durou apenas quatro anos – terminou. O que restou de gente (pouco mais de mil pessoas, apenas umas duzentas realmente com saúde), eu tentei lidera-los... dando uma de Moisés e conduzindo-os para lugares seguros, tentei sozinho construir abrigos debaixo d’água ou nos picos mais altos do mundo.
Tentei de tudo. Mas tudo que Deus me deu foi imortalidade. Engravidei uma moça, na tentativa de ter um filho como eu. Mas ele não sobreviveu. O ar estava envenenado. Perdi a força de vontade e a força física para terminar os abrigos a tempo... e fui vendo um por um dos humanos restantes morrerem em pouco menos de dois meses após o fim da guerra. E então começaram os terremotos. E logo em seguida os tsunamis que deixaram quase tudo de baixo d’água. Fui empurrado pelo mar por alguns meses até parar num continente que nem sei mais qual é.
O céu continua com um tom cinza-esverdeado e o ar talvez seja toxico, mas como é que eu vou saber? Às vezes eu entro numa casa vazia e se tiver sorte consigo uns livros e alguns cadernos. Ainda tenho esperança de encontrar alguém como eu, e por isso não paro de peregrinar.
Alguns animais sobreviveram por uns tempos... normalmente eram cavalos ou cachorros. Meu medo era ficar levando mordida de tubarões ou monstros assim, mas esses também não resistiram à poluição. Continuo andando, ou boiando... em direção ao nada porque acho que se Deus me deu a imortalidade... uma hora ele vai aparecer e me explicar por que... Ou vai me tirar daqui.
Pouco antes da guerra vi luzes estranhas no céu... todos viram na verdade. Passou na TV e tudo mais. Diziam que estávamos sendo invadidos por extraterrestres ou que estavam apenas esperando que acabássemos com tudo para terem o planeta para eles. Minha esperança é que eles voltem e vejam que um único ser vivo continua de pé... e me levem para algum lugar onde eu possa contar minha história ou dormir numa cama... num quarto quente... com cobertores limpos.
Gosto de encontrar desertos. São melhores do que mares e as ruínas de edifícios nas cidades. Nos desertos eu passo normalmente de dois ou três anos cavando e moldando a terra até criar um abrigo quente e confortável. Levo mais uns cinco anos dormindo e depois volto a andar.
Um dia desses entrei numa casa e vi um espelho em ótimo estado! Percebi algo que nunca imaginei que fosse possível. Um fio branco! Isso mesmo! Um fio branco em minha cabeça! Nunca fiquei tão feliz!
Talvez eu possa estar envelhecendo afinal. Sabe do que eu mais sinto falta? Dos recém-nascidos! Como eu gostaria de ver um bebê ou qualquer outro animal nascendo!
JACOB – Muitos anos depois - OS HOMENS DA ESTRELA NORTE
Após dez anos dentro de uma caverna me alimentando de frutas que agora brotavam livremente em novas árvores que surgem (o planeta está renascendo!), matando minha “fome” (melhor dizendo, vontade de comer) ... finalmente o resgate chegou.
Era noite, eu me cobria com roupas velhas e couro animal, minha vista doía e uma pequena dor no peito vinha e voltava devagar, me dando esperanças de uma possível doença. Vi uma luz no céu, que oscilava entre azul e verde, piscando de uma forma desorientada. Cada vez mais ela ficava maior. Eles estavam se aproximando! Corri como um cão assustado para dentro da caverna e me encolhi num canto tremendo de medo.
Lembrei de fatos de anos e anos atrás como se fossem ontem...
“E AGORA COM VOCÊS, O MAIS ESPERADO DA NOITE! JACOB O MENINO LAGARTO!!”, E as palmas, os gritos ressonando em meus ouvidos e coração. Tudo por alguns trocados. O QUE SERÁ DESTA VEZ, MENINO LAGARTO?! Ele perguntava com cara de idiota.
“GUILHOTINA!!” Eu gritava... levando a multidão a loucura.
- Ei cara, faça o favor de pôr minha cabeça de volta quando terminar o show ok? Se eles verem uma nova brotar do meu pescoço vou cobrar o triplo.
A guilhotina caía e eu via o mundo rodopiar, e meus olhos se enchiam de terra. A multidão gritava de desespero. As crianças tinham seus olhos tapados pelas mães. Era muito engraçado.
Uma mulher gostosa pegava minha cabeça e desfilava com ela até o meu corpo, pondo-os cuidadosamente unidos. Como uma cola instantânea minha cabeça grudava no pescoço e meus olhos abriam. Meu sorriso brotava e a multidão enlouquecia.
JACOB – E a luz que se aproxima cada vez mais...
Era um objeto metálico e sem brilho... parecia não ter aberturas ou portas... parecia um grande disco de metal escuro... que flutuava e mesmo há menos de 1 km de onde eu estava, não emitia o mínimo barulho. Estacionou sobre aquele gramado... virgem... que eu chamo de “Terra-Nova”, e dois seres simplesmente atravessaram as paredes do objeto. Seres iguais aos humanos, em grande parte.
Eram dois. Um homem e uma mulher. Eles não tinham pelos no corpo, nem cabelos, suas orelhas eram pontudas e seus rostos pareciam que eram desenhados de tão lindos. Seus olhos eram azuis. Mas não do tipo de azul que conhecia...eles eram completamente azuis! Sem divisões. Eram lindos!
O homem tinha a pele escura e aparentava meia idade e a mulher era branca como neve, era uma jovem linda. Eles me observavam como se esperassem primeiro minhas reações antes das deles.
De repente me preocupei com minha aparência, coisa que não fazia há mais de cem anos. Pus a me apalpar e cada vez que me apalpava, sentindo aquela barba enorme e os cabelos maltratados, sentia vergonha e ficava constrangido, dando passos pequenos para trás e abaixando a cabeça. A figura feminina deu uma risada. A masculina sorriu com um olhar paternal e ao mesmo tempo curioso.
- Jacob – Disse o homem das estrelas.
- Sou... sou...sou eu. Jacob é meu nome. Deus... meu nome! Eu tinha esquecido...
- Ainda lembra dos pensamentos mundanos? Tens noção do que significa espírito, carne, e de quem foi Jesus?
- Sim, são memórias que tenho... por quê? Como vocês falam minha língua?
Os dois vestiam roupas coladas e metálicas, prateadas. Pude perceber um corpo perfeito naquela mulher e não posso mentir que não me senti atraído. Ela sabia dos meus sentimentos... pareciam ler tudo que eu fazia, tudo que falava, cada trejeito, cada pensamento. Ela continuava com um sorriso... sempre lindo.
- Jacob, sua raça se destruiu... e você por ordens do pai celestial, viveu para dar testemunho. – Disse ela com sua voz doce.
- Acho que vocês escolheram a pessoa errada... olha... eu prefiro não olhar você, vou olhar para o chão, ok? – Disse timidamente à figura feminina.
- Seus desejos e impulsos, são naturais de sua raça Jacob, o criador pôs esse desejo em vocês para que pudessem gerar vidas. Não sinta vergonha.
- Se você quer melhorar minha vergonha... está fazendo tudo errado, baby. – Respondi rindo.
- Mesmo com o tempo ele não perdeu o sotaque, os costumes e o bom humor de seu povo! ¬– Disse o homem entusiasmado como um cientista.
- E vocês conhecem meu povo? Digo... de perto?
Os dois se aproximaram de mim e me tocaram o ombro. Fazia muito tempo que não sentia o toque de ninguém, então fiquei completamente emotivo e acredito que estava chorando.
- Está na hora de ir embora conosco Jacob. Sua mãe, seus amigos, todos que você amou um dia, lhe aguardam no 24º mundo... ao lado do seu pai espiritual, Jesus.
- Eles... eles estão vivos?! – Perguntei com os olhos cobertos de lágrimas.
- Sim... Vivos de uma forma que você desconhece, mas conhecerá em poucos minutos. Vivos... na melhor forma corpórea possível... vivos em paz e em espírito. Eu me chamo Pedro. E ela se chama Astrud.
Observei os dois... Principalmente Astrud.
- O que esperava, Jacob? O “Senhor Spock?” ¬– Ela perguntou, rindo.
- Está na hora de lhe retirar o poder da imortalidade, se assim quiser... mas isso cabe a você Jacob. Você pode vir conosco. Ou se não se sentir preparado para viver como um espírito, pode ficar por mais tempo. Podemos lhe enviar uma fêmea e deixarmos em suas mãos a missão de reconstrução de sua Terra-Nova. Mas... todos nós achamos que você já sofreu demais...
- Cansei de ser o Menino Lagarto. – Eu disse. - Já fiquei por tempo demais. Que a missão de povoar a Terra-Nova, seja de outra pessoa.
Na mesma hora em que disse isso, sangrei pelo nariz e senti fortes dores no peito. Era a morte chegando rapidamente em meu corpo. A dor, que eu nem me lembrava mais como era. O fim... finalmente. Caí, agonizando...
- Eu posso lhe chamar para sair comigo um dia desses... lá, onde estamos indo? - Perguntei à Astrud enquanto caía de Joelhos e os dois seguravam meus braços e acariciavam minhas mãos e meus cabelos.
- Claro que sim. – Ela respondeu sorrindo. - Serei sua guia, ok? Agora feche os olhos querido... está na hora.
Deixei minha terra natal. Ou o que sobrou dela, naquele dia. Apenas pó e prédios destruídos, apenas neve e cavernas, vulcões em erupção, radiação, céu escuro. Algum verde brotando... Esperança. Mas no geral... tudo muito feio. É engraçado, como nos acostumamos com o feio, não é verdade? Meu coração sentiu uma saudade imensa e uma dor terrível... ao ver meu planeta querido do alto, ficando cada vez mais lone e pequeno... enquanto eu ia embora para perto do criador.
PARTE III
JUDITH (GRAVAÇÕES)
- Pois é Maria... hoje é o grande dia. Vamos nos mudar. Já está tudo pronto...
É... É verdade... Bom mesmo seria se tudo mudasse... né? Se o mundo inteirinho... simplesmente... mudasse!