FLORES PARA IEMANJÁ  


Em toda a virada de ano, Paulo sempre fazia o mesmo ritual: vestia-se de branco e azul, pulava sete ondas, chupando sete bagos de uva e depois jogava ao mar sete rosas brancas para Iemanjá. Ao jogar cada rosa repetia o seu pedido para o ano que se iniciava e dizia em voz alta a saudação: “Odôiá, Mãe!” 

Desde que se entendia por gente fazia sempre aquele ritual, herdado da avó, que falecera quando ele era ainda um rapazola. Contudo, como não era praticante da umbanda, ele não entendia o real significado de seu gesto, apenas sabia que geralmente seu pedido era atendido. 

A avó, que sempre frequentara terreiros de umbanda, era uma pessoa que o encantava, tanto pelas cantigas alegres que entoava com sua voz forte, vibrante e afinada; quanto pelos mistérios que guardava quando, aos sábados, vestia suas roupas brancas com colares coloridos e ia para o terreiro. 

No ano anterior, Paulo havia pedido à mãe Iemanjá a afeição de Rosalina. Estava perdidamente apaixonado por aquela morena, mas ela não lhe dava a menor pelota e como ele era muito tímido, não tinha coragem de abrir seu coração, com receio de ser rejeitado. 

Contudo, depois de fazer seu pedido à Iemanjá, Paulo sentiu-se mais seguro e conseguiu finalmente declarar à amada o quão bem lhe queria, e ela, comovida com a sinceridade de suas palavras decidiu iniciar o namoro com ele. 

Logo de início, Rosalina demonstrou ser um verdadeiro sonho de mulher, pois além de bela e batalhadora, era um verdadeiro incêndio na cama... Entretanto, Paulo já estava se sentindo esgotado, pois ela não lhe dava trégua uma noite sequer e queria sempre bis... 

Assim, com medo de não conseguir satisfazer a contento sua parceira, Paulo já sabia qual seria seu pedido para Iemanjá para 2009: queria muita “lenha” para manter aceso o fogo de Rosalina.

Paulo sempre comprava as rosas brancas para Iemanjá no dia 30, para que no dia 31 elas pudessem estar desabrochando. Lembrava de sua avó dizendo: “- Botões de rosas fecham os caminhos... Iemanjá gosta de perfume, por isso gosta das rosas abertas.” 

Mas o movimento em seu comércio estava muito grande naquele dia e Paulo não conseguiu fechar mais cedo, para ir comprar as rosas. Ele também não gostava de pedir que outras pessoas fizessem isso no seu lugar, pois temia que isso pudesse ter alguma influência na validade de sua oferenda. 

Assim, no dia 31 saiu mais cedo de casa para comprar as rosas e dirigiu-se à floricultura na qual sempre comprava as flores. Mas, para sua decepção, todas as rosas já haviam sido vendidas. Paulo ainda tentou argumentar: 

- Puxa, Dona Maria, mas a senhora não guardou as rosas para mim?! A senhora sabe que eu sou cliente certo, sempre compro aqui... 

E ela disse: 

- Ah...Paulo, você sempre compra no dia 30, guardei suas rosas até o final do expediente, mas quando já estava fechando as portas apareceu uma moça implorando pelas rosas, ela disse que já havia rodado por todas as floriculturas não estava encontrando em lugar nenhum, disse até que pagaria mais pelas rosas... Coitadinha, ela estava desesperada, fiquei com pena e acabei vendendo para ela. Mas não fique triste, pode ser que hoje à tarde cheguem novos botões de rosas brancas e eu vou guardá-los para você... 

Paulo, pensou: - Pode ser que cheguem?...Botões?! Nem pensar! Pode ficar com eles para você.

E disse secamente: - Obrigado, vou tentar encontrar as rosas em outro lugar... 

Mas para seu desespero, entrou em outras cinco floriculturas e a resposta era sempre a mesma, as rosas brancas haviam acabado... 

Paulo já estava entrando em desespero quando lembrou que Dona Carlota, vizinha de sua mãe, tinha um grande jardim com belas roseiras... Quem sabe ele não poderia pedir a ela algumas rosas?! 

Assim, Paulo foi trabalhar e pensando: “- Vou fechar na hora do almoço e depois cuido disso. Vai dar tudo certo.” 

Contudo, o movimento de seu estabelecimento estava ainda maior que no dia anterior e Paulo quase teve de expulsar os fregueses para conseguir fechar às 16h. 

Entrou apressado no carro e como o trânsito estava bom, esperava chegar na casa de sua mãe em quarenta minutos. 

Enquanto dirigia, ia rezando... “– Ah! Meu Deus, me ajude encontrar as rosas...” 

Assim que abriu a porta do carro, em frente à casa de sua mãe, já sentiu o perfume das rosas na casa de Dona Carlota, que morava em frente, do outro lado da rua... Sentiu-se confiante, e antes de entrar na casa da mãe, deu uma espiadela entre as grades do portão da casa da vizinha, e abriu um grande sorriso quando viu que havia no jardim sete roseiras com belas rosas brancas. 

Por um momento, ficou ali, com os olhos cerrados, sentindo o perfume das rosas e sonhando com sua morena Rosalina, sempre perfumada... 

Então, lembrou-se que tinha uma missão importantíssima, e foi para a casa de sua mãe para saber se ele poderia lhe ajudar a conseguir as rosas. 

Entrou na casa com o sorriso aberto, dizendo: - Mãe, seu filho preferido chegou... 

Mas sua mãe lhe acenou impacientemente enquanto falava ao telefone: - Não me diga, Carlota, que coisa mais triste... Então ele vai passar a virada de ano no hospital, coitado... Ah! Pode deixar que vou aí para dar um abraço nele... Por sorte o Paulo chegou aqui agora, vou aproveitar e pedir para ele me levar... 

Paulo, engoliu em seco, e pensou: - Que azar! Hoje não é meu dia... 

Quando desligou o telefone, a mãe de Paulo lhe deu um abraço e falou: 

- Que cara é essa, meu filho? Parece que viu um fantasma... 

E ele perguntou: - Não é nada não, mãe... O que aconteceu com Dona Carlota? 

A mãe respondeu: - O filho dela sofreu um acidente de moto, quebrou a perna e se ralou todo, está sendo atendido no hospital... Ela está lá, coitada, sentindo as dores do filho, e provavelmente irá dormir no hospital pois o médico pediu que o filho dela ficasse internado, em observação, até amanhã... Quero ir lá para dar um apoio a ela, coitada, sabe como é, ela é viúva e só tem aquele filho, deve estar desesperada... Você me leva ao hospital, meu filho? 

A contragosto, disse Paulo: “- Levo sim, mãe. Pode ir se arrumar...” 

Enquanto sua mãe foi para o quarto se arrumar, Paulo pensava: - Putz... que azar... não tinha outro dia para esse moleque se machucar?! E agora, onde vou conseguir as rosas? 

Paulo entrou no carro junto com sua mãe, enquanto pensava no que iria fazer para conseguir as rosas para ofertar a Iemanjá. 

Seguiu rumo ao hospital e no caminho viu uma floricultura com várias rosas brancas em um vaso... Pensou em parar, mas como hospital já estava próximo resolveu levar a mãe primeiro para depois comprar as rosas... 

Assim que chegou ao hospital, disse para a mãe: - Vou resolver um probleminha e volto mais tarde para buscá-la, está bem? 

A mãe concordou, acenando com a cabeça, e assim que ela desceu do carro, ele partiu em disparada para a floricultura que havia visto. Parou em frente, e as rosas ainda estavam no vaso. 

Sorriu e pensou: “Que sorte, rosas brancas, abertas...” 

Paulo entrou na loja confiante, e, apontando para o vaso em frente à loja, disse à moça no balcão: "- Quero sete daquelas rosas ali." 

- "Ok." Ela respondeu, dirigindo-se ao vaso. 

Pegou as sete rosas e depois sete sacolas plásticas e começou a embalá-las, uma a uma. 

Sem entender o que estava acontecendo, Paulo perguntou: 

- "Porque você está colocando as rosas nessas sacolas?! Assim elas vão murchar..." 

A moça, sem levantar a cabeça, disse: “- Fique tranqüilo, elas não vão murchar pois são flores de seda... Parecem reais, não? Até o orvalho nas pétalas parece verdadeiro...” 

E continuou embalando as rosas; mas quando terminou de embalar e se virou para o freguês, ele não estava mais lá... 

Paulo, entrou no carro e pensou: "- Era só o que me faltava... rosas artificiais..." 

Lembrou-se novamente da avó dizendo: “- Iemanjá gosta de perfume ela é uma rainha vaidosa...” 

Olhou no relógio e já era 18h30min, tinha de se apressar para conseguir as rosas. Decidiu retornar à casa da Dona Carlota e roubar as rosas... 

“Roubar, não, pegar emprestado... Depois explico a ela o que aconteceu, certamente ela não ficará brava comigo, afinal, é por uma boa causa...” pensou. 

Já estava escurecendo, quando chegou em frente à casa de Dona Carlota. Mas ainda havia muita gente na rua, e pegaria mal se alguém o visse pulando o muro para roubar rosas. 

Decidiu esperar mais um pouquinho para ficar mais escuro. Os minutos pareciam se arrastar enquanto esperava, mas ao mesmo tempo estava desesperado pois tinha de pegar as rosas e ainda ir buscar sua mãe no hospital... “Que pesadelo” - pensou. 

Assim que escureceu, ele desceu do carro e lembrou-se que, por sorte, que tinha uma tesoura em sua caixa de ferramentas. Isso iria ajudar a pegar as rosas com maior facilidade. 

Aproveitou que a rua estava deserta, e rapidamente atravessou-a, subiu no muro e pulou no jardim, esgueirando-se próximo ao muro para ficar mais o escondido possível. 

Seu coração parecia que iria saltar pela boca, seria horrível que alguém o visse ali, roubando rosas no jardim de uma mulher que estava com o filho internado no hospital... 

Pensando assim, foi ficando mais nervoso... Chegou próximo à primeira roseira, mas antes que pudesse tocar na rosa, escutou um barulho leve, como se fossem passos que viessem vagarosamente para a sua direção. Olhou ao redor e no escuro percebeu um par de olhos brilhantes voltados para si... Em seguida escutou um rosnado de arrepiar: - Grrrrrrrrr.... 

Um frio percorreu-lhe a espinha, e Paulo saiu em desabalada carreira, para conseguir pular o muro, antes que o cachorro lhe cravasse os dentes. 

Por fim, conseguiu chegar até muro, mas agora ele parecia mais alto que quando havia entrado no jardim. Deu um salto, mas antes de conseguir pular, sentiu que havia um peso extra em uma de suas pernas, algo havia agarrado sua calça... Sacudiu a perna várias vezes e nada, o cachorro continuava agarrado. Então, com a outra perna, deu uma chave no pescoço do cachorro, que acabou soltando a calça. 

Por sorte, não havia ninguém na rua naquele momento. Paulo, lívido, pensou que iria desmaiar de tanto susto. Não sabia que Dona Carlota tinha um cachorro. Agora seria impossível pegar as rosas.

Tentou acalmar-se, mas seu coração estava acelerado. Sentou-se na calçada, e olhando para o fundo do jardim, percebeu que havia um portão que separava o jardim do quintal. 

Então teve uma idéia: “ Se conseguisse atrair o cachorro para lá, poderia trancar o portão e colher as rosas...” 

Pegou as chaves da casa de sua mãe e entrou. Foi direto à geladeira, onde encontrou um belo bife, que poderia ter sido o seu almoço... Lembrou, então, que seu estômago estava vazio, mas não havia tempo para comer. 

Saiu da casa de sua mãe e, circulando o muro da casa da vizinha, atirou um pedaço do bife próximo ao portão. 

O cachorro logo apareceu, e então, ele atirou outros três pedaços bem no meio do quintal, e o cachorro foi correndo atrás da carne. 

Então, Paulo pulou novamente o muro e trancou o portão. Correu para as roseiras e começou a cortar as rosas. No escuro, não conseguia enxergar os espinhos e foi deixando ali nas roseiras um pouco do seu sangue espalhado. 

O cão já havia comido a carne e agora latia feito louco atrás do portão. Logo, poderia chegar um vizinho para ver o que estava acontecendo. 

Enquanto retirava as rosas, Paulo sentia os espinhos perfurando seus dedos, seu coração acelerado e o medo que chegasse alguém ou que o cachorro conseguisse pular o portão. Era muito sofrimento ao mesmo tempo, estava em pânico. Tudo aquilo parecida um terrível pesadelo, até que, enfim, conseguiu a sétima rosa... 

Ao pular o muro, espetou-se novamente, agora em um dos braços: - Aiiiii ! - gemeu baixinho e pensou: "- Como é sofrida a vida de ladrão de rosas!" 


Paulo abriu o porta-malas do carro e lá acomodou as rosas com cuidado. Já passava das 20h30min e lembrou-se que havia marcado com Rosalina às 22h30min na praia, justamente no local em que havia se declarado a ela, para passarem juntos a virada do ano. Mas antes disso ele ainda tinha de ir buscar a mãe no hospital e somente depois iria para casa para tomar um banho e vestir-se de branco e azul como sempre costumava fazer no reveillon. 

Assim, partiu rumo ao hospital e enquanto dirigia, sentia que as dores provocadas pelas perfurações dos espinhos das rosas em suas mãos estavam aumentando. Quando lá chegou, parou em um local bem iluminado e só aí pode ver o estrago... Suas mãos e todos os dedos estavam feridos pelos espinhos. Em alguns lugares, ainda havia pedaços de espinhos enterrados na carne, seus braços também estavam bastante arranhados. Parecia que as mãos também estavam inchando e então, ele procurou atendimento no pronto-socorro do hospital para limpar os ferimentos e pedir um analgésico para amenizar a dor. 

Assim que a enfermeira terminou de fazer a assepsia dos ferimentos e retirada dos pedaços de espinhos, Paulo ligou para a mãe e pediu que ela o encontrasse na porta de entrada do hospital. Seus braços a mãos latejavam e tudo que ele queria naquele momento era uma boa e confortável cama, mas infelizmente ainda não podia descansar... 

Quando sua mãe chegou, espantou-se com seu estado físico e com seu ar de desânimo: 

– Meu filho! O que aconteceu? 

E ele disse: - Mãezinha, por favor... é uma longa história e eu não posso contar agora pois estou com muita pressa e também muito cansado... Depois lhe conto tudo com os mínimos detalhes, sim? 

A mãe, com uma expressão de pena mesclada com uma leve reprovação, apenas acenou afirmativamente com a cabeça. 

Depois de deixar a mãe em casa, tomar uma rápida chuveirada, comer rapidamente um pedaço de pizza fria que estava na geladeira e vestir-se como de costume. Paulo pegou um cacho de uvas e dirigiu-se diretamente para a praia onde havia marcado o encontro com Rosalina. 

O local geralmente tinha pouco movimento, mas na passagem de ano ficava bastante concorrido. Olhou o relógio e viu que estava quase uma hora atrasado, mas pensou consigo:
“- Diante das circunstâncias, foi um milagre...” 

Abriu o porta-malas do carro e sorriu ao ver as belas rosas que havia colhido com tanto sofrimento. “A rainha vai adorar”- pensou. 

Chegou no local em que havia marcado com Rosalina, mas ela ainda não havia chegado. Já havia tentado ligar para seu celular diversas vezes, mas não havia conseguido falar. Tentou novamente, sem sucesso. 

Paulo, sentou-se na areia e ficou calado, observando o mar, sentindo a energia de suas ondas quebrando na areia e pensou como ele, o mar, era poderoso e quantos mistério guardava! Fechou os olhos e concentrou-se no que estava para fazer, o ritual mais importante do ano, precisava de que todas as suas energias estivessem voltadas para aquele momento... Ficou assim por longos minutos, tentando esvaziar o pensamento de qualquer problema e voltá-lo para Iemanjá e para o pedido que estava para fazer: “- Muito fogo!!!” Pensou. “Sei que é um paradoxo, mãe, és a Rainha do Mar, mas que quero é ter muita lenha para manter aceso o fogo de Rosalina...” 

Sentiu que alguém o observava, e quando olhou para o lado, viu uma senhora vestida com roupas brancas, que lhe abriu um largo sorriso. 

- Rosas para a Rainha! Odoiá! – disse-lhe a senhora. 

Paulo lembrou-se de sua avó e devolveu-lhe o sorriso... 

Levantou-se e aproximou-se do mar, estava na hora: “Odoiá, Mãe!” 

Pulou as sete ondas, enquanto chupava as uvas. Depois, começou a jogar as rosas no mar, repetindo mentalmente seu pedido: “ Muita lenha para queimar com Rosalina, que essa chama do amor e do desejo fique sempre acessa entre nós...” 

Já havia atirado seis rosas ao mar quando a senhora aproximou-se, segurou em seu braço e falou próximo ao seu ouvido: “A rainha é vaidosa, adora rosas, perfume e tudo que lhe é oferecido com sinceridade. Seu pedido será atendido, certamente, a não ser que as rosas sejam roubadas...” 

Paulo, ficou pálido, engoliu em seco, arregalou os olhos. E perguntou: - Como? O que foi que a senhora disse? 

Ela repetiu: - A rainha não gosta de rosas roubadas. Ela não gosta desonestidade, esse tipo de oferenda não funciona, aliás, pode até acontecer o contrário do que está pedindo. 

Paulo, intrigado, perguntou à senhora: 

- E por que a senhora acha que minhas rosas são roubadas? 

A senhora, com ar grave, olhou para as mãos machucadas de Paulo e apontando para elas, disse : 

- Por isso... Parece que você colheu as rosas muito rapidamente, não é? Não teve tempo para tomar cuidado com os espinhos... 

Paulo abaixou os olhos e disse quase num sussurro: 

- Sim, a senhora tem razão... 

Mas logo lembrou-se de que já havia arremessado seis rosas para Iemanjá e precisava resgatá-las. Assim, voltou-se para para o mar e viu que quatro rosas haviam devolvidas pelas ondas e estavam na areia. Então, desesperado, pulou na água fria do mar para alcançar as outras duas rosas que estavam sendo levadas pela ondas ao fundo do mar. 

Assim que conseguiu recolher todas as rosas, Paulo tentou agradecer à senhora pelo aviso, mas, como que por encanto ela havia desaparecido. Sentiu um calafrio percorrendo-lhe o corpo e pensou... “Que coisa estranha!” 

Ele, exausto e totalmente frustrado por seu esforço em vão, sentou-se na areia, sufocado, com um nó na garganta e sentiu que as lágrimas embaçavam seus olhos, quando viu um vulto esguio, vestido de branco vindo em sua direção... 

Era ela, Rosalina, o motivo de todo o seu sacrifício... 

Aproximando-se, com as mãos atrás das costas, ela disse: 

- O que foi, meu "nego"? Que cara de desânimo é essa? Nossa... E esses arranhões? O que aconteceu? 

Depois de um profundo suspiro ele disse, com os olhos marejados: 

“- Ah! Querida, deu tudo errado, tentei fazer o melhor que pude, mas não consegui as rosas para Iemanjá...” 

E ela disse: - Não conseguiu, meu "nego"? Você é que pensa... 

Então, com belo sorriso, voltando os braços para a frente do corpo, Rosalina mostrou-lhe sete rosas brancas, abertas, perfumadas e complementou dizendo: 

- Vi que você estava muito ocupado e fiquei com medo que não conseguisse comprar as rosas, tive que implorar para a dona da floricultura vender para mim porque elas estavam reservadas para uma pessoa, mas fiz uma cara de choro e insisti tanto que ela acabou vendendo. 

Paulo, sorrindo, pensou em tudo que havia passado e em Dona Maria, dona da floricultura, que havia vendido aquelas rosas para sua amada sem saber. As rosas que estavam reservadas por ele foram compradas por Rosalina. Que incrível coincidência! Isso só poderia ser um bom sinal... 

Então, Rosalina disse: - Vai ficar aí parado, "nego"? Não temos o ano todo não... 

Paulo sentiu que todo seu esforço havia sido recompensado, abriu um sorriso enorme, enlaçou Rosalina pela cintura, deu-lhe um grande beijo: "- Ah, minha neguinha assanhada, sou capaz de tudo por você!" 

E assim, de braços dados com sua amada, Paulo, finalmente, foi ofertar as sete rosas brancas para Iemanjá. 

FIM

 
AndraValladares
Enviado por AndraValladares em 02/02/2017
Reeditado em 02/02/2017
Código do texto: T5900699
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