DIFUNDINDO O HABITO DA LEITURA O CABURÉ O TATU E A RATAZANA

Decidido a sair em busca de maior espaço e alguma privacidade, um caburé abandona o oco de uma árvore, onde viveu tenra idade para levar vida adulta fixando morada num dos tantos cupins do pasto dos escorpiões.

Tendo encontrado um, após intensa procura, cujas características lhe agradaram , resolve adequar as futuras instalações ao seu conforto quando através de secos ruídos no interior do cupinzeiro notou algo que indicava haver ali algum ocupante.

Fingindo abandonar a idéia, deixa de modo sorrateiro visíveis sinais de que se vai, contudo voltando e rodeando silenciosamente a "morada" que por decisão já considerava como seu domicílio. Avista na parte de trás do cupinzeiro, feito por um besouro ou mesmo uma lagartixa do mato, dessas que saboreiam cupins, pequeno orifício de onde pôde espionar seu interior, vendo lá dentro um animal já conhecido.

_ Ora, ora! Se não é um tatu.

O caburé, totalmente avesso à idéia de ter que procurar outra morada, decide pela ação de despejo e ainda resolvendo fazer daquele tatu uma iguaria inesperada, vendo nisso dupla vantagem.

_ Que azar o desse tatu - pensa o caburé - entrar em morada alheia (a partir daquela momento) e ainda por cima em uma hora em que meu estômago sinaliza o imediato momento de negra fome.

Antes da iniciativa da coruja contudo, como se o céu resolvesse dar ao tatu uma chance, despenca forte chuva que obriga a coruja a sair para um abrigo segundos antes de um raio partir em duas, uma goiabeira ao lado.

_ Que sorte a minha -pensa o tatu que havia pressentido o caburé.

Pouco depois cessa a chuva dando lugar a um clima revitalizante chegando a esquentar naquele pasto mais ao sul da floresta negra.

O tatu resolve por o focinho de fora, saindo depois de vez.

_ Hoje é meu dia de sorte, primeiro escapo de violento duelo com o caburé onde minhas chances seriam poucas, agora , depois dessa chuva esse tempo ensolarado. Vou já a busca de alimento.

E sai o tatu que de imediato havia sido visto pelo caburé que entocado num oco de eucalipto alto, vê nele um assunto não acabado.

_ Esse tatu está mesmo predestinado a ser minha presa, vou forrar o meu estômago com ele e voltar a cuidar da minha nova morada.

Prepara - se o caburé para empreender um voo rasante em que faria uma escala pegando o tatu para uma viagem de ida sem volta. Só que para reforçar a sorte do tatu, o caburé viu antes, numa moita de babosa, fuçando alguma coisa, uma ratazana que lhe despertou interesse maior.

_ Mas olha mesmo se vou perder meu tempo com um tatu quando surge do nada gorda ratazana de mais de meio quilo!

E atento o caburé esquece de vez o tatu passando a observar todos os movimentos da roedora, descobrindo haver mais adiante, na verdade, uma ninhada, pelo que, prepara mordaz plano, por vezes infalível que era o seguinte:

Uma vez descoberta a trilha da ratazana, trata então de achar um local, utilizando seu pardacento pelo; o qual se confunde com as secas folhagens, onde se põe imóvel.

O faro da ratazana as vezes falha, e isso acrescido ao silvestre cheiro das árvores ao lado que ajudava a confundir tudo.

_ Vou aguardar, pois que a ratazana caia no truque espera o caburé imóvel cujo truque era se fazer passar por minúsculo e seco toco de árvore encorpado. Passado vários minutos, o caburé, numa tolerância própria dos predadores, ouve este ruídos de mato sendo remexido atrás de si, ficando clara a situação de que o plano passaria para a fase seguinte. Gira o caburé os olhos de uma forma que lhe é peculiar, vendo a menos de um metro o focinho da vistosa e saudável ratazana, cujo pelo brilhava mais do que a lua em sua melhor fase.

Ainda Imóvel o caburé aguarda sentindo que chegava aos poucos a ratazana que ficou a milímetros dele sem pressentir lhe. Era de fato um plano audacioso e esse grave erro da ratazana lhe custou a vida, já que num violento movimento o caburé lhe tira do mundo dos vivos e com as asas se afasta dali para local seguro, longe de outros predadores, deixando para trás uma melancólica história a mais naquele pasto, sobre o triste fim de uma ratazana, que o tempo se incumbirá de fazer cair no esquecimento.

Pacomolina
Enviado por Pacomolina em 01/02/2017
Reeditado em 10/09/2021
Código do texto: T5899917
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