Voar é preciso!

O Voo do pássaro.

Em um belo dia de sol, lá estava ela no alto de uma árvore, escolhendo o local para nidificar e após construir o ninho, em seguida após o longo trabalho descançou e passou a por os ovos.

Eram dois em sua totalidade, que varia de quatro a cinco. Porém um deles por uma ação da natureza, os ventos fortes em uma manhã de setembro, acabou derrubando e ele se tornou alimento para uma série de animais que vivem à espreita debaixo dos ninhos à espera de um acontecimento desses, triste fim para o que seria o irmão ou irmã.

Dias se passaram e sua mãe ali o tempo todo cuidando diariamente daquele pequeno ovo. Não tinha tempo nem mesmo para se alimentar dignamente, pois, não podia sair do ninho, senão poderia acontecer como o outro. Ou uma serpente se alimentaria daquele ovo ou mesmo o vento poderia derrubá-lo da árvore.

Após dias chocando o pequeno ovo, numa feliz manhã sua mãe sentiu que o pequenino bico estava tentando sair da casca, ela se afastou por um instante, para que ficasse mais arejado no local e com isto o pequeno pássaro pudesse sair da sua casca. Foram horas e mais horas tentando quebrar a casca e até que enfim , livrou-se dela, mas, ficou por alí , ganhando força e esperando que sua mãe lhe trouxesse o alimento e enquanto isto comia a sua própria casca, que é uma fonte rica em cálcio.

De bico aberto o pequeno pássaro ficou alí à espera do alimento, que não tardou a chegar. Sua mãe trouxe uma minhoquinha, que o alimentou e algum tempo depois trouxe ela uma lagarta verde. Passados mais alguns minutos, lá vem ela de novo com pedaços de alguma caça. O pequeno pássaro não tinha escolha mesmo, teria que ser carnívoro e pelo jeito sua mãe também era.

Era ele um carcará. Pássaro altamente carnívoro, alimenta-se de restos de outros animais, insetos e frutas. Alguns dias se passaram e o filhote de carcará já esbanjava a sua pouca plumagem. Desde muito pequenino , já observava do seu exíguo ninho toda a sua volta e percebia que haviam muitos pássaros de sua espécie por ali. Mas, sua mãe estava sempre ao lado para que nenhum infortúnio lhe ocorre, pois, outras aves também devoram filhotes.

Ele foi crescendo e já não havia muito espaço dentro do ninho e quando sua mãe chegava com o alimento, ele com seu bico aberto para receber o mesmo, emitindo sons próprios de filhotes, batendo as suas asas. Sua mãe às vezes ficava no galho ao lado, mas, sempre trazendo o alimento para a sua cria. O filhote esticava suas pernas fazendo um pequeno alongamento , abria suas asas, que batiam insistentemente , pulava de um galho ao outro, como se quizesse alçar um pequeno voo.

Sua genitora, numa certa manhã não apareceu mais ao ninho. Como se fosse natural, ela estava em outra árvore, mas, sempre de olho no ninho. Naturalmente o macho também auxilia na criação e de certa forma faz a vigilância ao redor e ambos podem se tornar agressivos nessa época.

O pequeno pássaro, agora todo emplumado, parecia que estava ficando pronto para voar. Uma tentativa daqui outra dali e meio desequilibrado consegue ir para outro galho mais acima, mas, sempre cauteloso, sempre volta ao ninho. Dois dias seguidos e os pais não apareceram para trazer o seu alimento, ele já estava ficando muito leve, pois, não comia e nem bebia, estava esgotando suas energias. No terceiro dia, bem mais leve do que antes, achou que era chegada a hora de arriscar mais. Desta vez o pássaro avistou outros de sua espécie em outra árvore. Preparou , bateu as asas ficou suspenso, mas, voltou para o galho. Passou quase a manhã toda ensaiando o seu primeiro voo. Na parte da tarde, quando o tempo estava mais calmo, sem muitos ventos, o pequeno pássaro teve o seu momento solitário e assim, sem saber o que fazer e com muita fome, pois, até parece que sua mãe e seu pai o deixara com este propósito, não lhe dando muita comida para que não engordasse muito.

Então, viu outros pássaros em uma árvore vizinha, bateu as suas asinhas correu por sobre o galho onde ali foi seu ninho por meses e voou descendo muito e quando estava quase perto do solo, deu um rasante, coisa que jamais lhe fora ensinado, mas, por instinto bateu as asas e subiu bem alto e de lá contemplou o que nunca havia visto. Para ele aquilo era novidade total e depois de voar muito, voltou para o ninho. Muitas noites se passaram e ele permaneceu firme, e sua mãe e o seu pai agora voltaram também e viram que seu filhote já estava pronto para seguir sozinho sua jornada, pois eles já estavam agora cuidando de mais uma ninhada, agora eram mais quatro ovos, só que em outra árvore, mas, em média a postura é de quatro a cinco por vez.

O pássaro então entendeu que era hora de juntar-se aos outros do bando e passou a frequentar outras árvores, voar com outros pássaros jovens e outros mais velhos. Por diversas vezes foram às caçadas e fizeram presas juntos, alimentavam-se juntos.

Numa bela manhã, este pássaro, que outrora fora um pequeno e frágil pássaro, agora estava forte e valente. Aprendeu a caçar, matar e alimentar-se por conta própria, juntou-se aos grandes predadores e voou muito alto e de lá contemplou toda aquela imensidão e viu que o mundo era muito grande. Voou muito, mas, sempre retornava para o velho ninho, até que viu que o seu espaço era muito pequeno e solitário e em um certo dia não mais retornou para este ninho. Mas, sempre encontravam aqueles que foram seus pais. Aquele que fora o seu velho ninho, as tempestades levou-o ao solo, só ficando a marca no galho. Então após constatar aquela cena, deixou de voltar ao ninho. Mas, ficou perto dos seus por muito tempo.

Agora a sua vida era outra, só vivia em grandes árvores e não dormia em ninhos, somente em galhadas frondosas, mas, somente nas copas mais altas, pois, apesar de ser um predador, sempre haviam os perigos da floresta e não era bom vacilar, pois, mesmo sabendo voar, de vez em quando precisava descer, andar pelo chão atraz de suas presas e nesta hora tudo pode acontecer.

A sua vida agora era voar alto e lutar pela própria subsistência, caçando e se defendendo de outros predadores maiores.

Agora, longe daquela sua vida boa de ninho quentinho, onde tinha tudo o que precisava para sobreviver e agora que não se encontra debaixo das asas de sua mãe, precisava lutar e construir o seu próprio destino e fez isto, foi à luta e hoje está por aí voando alto e vivendo a sua bela vida.

Um pássaro magestoso, forte e considerado um dos maiores predadores, o famoso Carcará de bico adunco e afiado como um cutelo.

Abraços

John...!!!

Ejedib
Enviado por Ejedib em 11/01/2017
Reeditado em 12/01/2017
Código do texto: T5879036
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