As Cadelas da SS . 6
Preparo uma salada de couve branco e depois lavo a mão. E me retiro
para a sala onde Erna inspeciona as unhas do pé. Não liga para a minha presença
e continua o que faz. Eu, por certo não quero conversa pois, estou muito pensati
va e vou para fora observar a vizinhança e a pouca claridade da noite.
- Queria te falar algo que você ainda não sabe !- ouço a voz de Mila que se aproxi
ma por trás - aqui tem um subterrâneo e tem oficiais e outras pessoas escondidas
que pretendem fugir da Alemanha....não querem cair diante de um pelotão de fu
zilamento ! Não acham justo pagarem por cumprirem seus deveres de militar !
- O quê faziam antes ? - Pergunto desconfiada - podem ser inocentados !
- As coisas podem não funcionar tão simples assim, tonta !- fala Mila sorrindo .
- Seja franca ,por favor !? - falo encarando-a .
- Siga-me, então ! - fala Mila se virando e fazendo sinal para acompanhá-la .
E ela passa pela sala e depois vai para a dispensa, onde tudo está escuro. Erna
apenas nos observa passar e Lili come uma maçã. E Mila acende uma vela e des
ce quatro lance de escada e move uma porta solta e vejo muita roupa velha. En
tão vejo umas prateleiras onde tem muito sabão e ela empurra a dita e esta se
move e ela grita :
- Brasil 2 e Alemanha 1 ! - E a porta é removida por alguém de mãos fortes .
Vejo surgir um homem de cerca de1,80 m de altura com velha farda da SS.
- Uler ! - disse Mila apontando o homem de uns 30 anos que me observa dos pés
à cabeça - meu primo e capitão da SS !
- Prazer !- falo estendendo minha mão para apertar a dele que não faz nenhum
gesto de cordialidade. E fica um pequeno silêncio - Nina ! - falo recolhendo a mão
e procurando olhar para dentro do recinto que se abriu para mim. E vejo mais pes
soas que parecem não querer se mostrarem. Entro mais para dentro e vejo oficiais
do alto escalão da SS e da GESTAPO. Sorriem desconfiados e eu respondo com o
mesmo tipo de sorriso.
- Sobrinha do Schaffer ?!! - fala um oficial do fundo da sala. Parece ter uns 60 anos
de idade e de barbas por fazer. Se aproxima sorrindo - não interessa quem sou eu
mas, o que você pode fazer por nós !- e ele quase me toca.
- E por quê eu devo ajudá-los ? Não podem se infiltrarem no meio da população e
passarem a viver normalmente ? É só esperarem mais um pouco e tudo vai se
acalmar ! Então viveremos em paz !
- A guerra não acabou como você pensa ! - Disse uma mulher de uns 25 anos e de
longas cabeleiras loiras e farda da SS se aproximando- Vão inventar muitas ver
dades para encobrir planos ! A humanidade vive de mentiras e sempre será assim
pois, os poderosos precisam se proteger.
- E o quê eu tenho a ver com isso? - Pergunto olhando para aquela mulher de tra
cós finos e delicados. Seus olhos azuis-claros refletem um certo mistério.
- Vai nos ajudar ou vão chegar até vocês e provas podem ser forjadas.
- Por quê tudo isso ? Nosso chefe máximo já morreu e perdemos a guerra !
- Quem garante isso ?- perguntou ela com mais mistério ainda - tudo pode ser
forjado ! A morte por exemplo ! Sabe quantos sósias tinha o Füher ?
Vejo um ar de quem sabe mais do que fala e se fecha tão bem que se torna imper
ceptível perceber que ela sabe de alguma coisa. O quê esconderiam toda essa
gente ? Hitler estaria vivo ? Onde ?
- Nesta madrugada vou me reunir com todas vocês e fim de papo ! - Disse ela
apontando para a porta - agora pode se retirar e fique calada até eu aparecer !
Não entendi a ordem mas me retirei quase sendo empurrada por Mila. Saio muito
pensativa e nem olho para trás. Apenas me retiro. E vejo Erna mexendo nas suas
unhas e apenas nos olha. Deixo Mila cuidar das explicações da reunião e vou
para fora olhar a noite e a rua. O dia 1 de junho de 1945 parece se alongar.