A REBENTA ...fim
A REBENTA ...fim
Retirou a semi-joia do fundo
onde as aguas profundas cobriram
esconderam de limo suas famosas cores
sua forma cristalina de estrela
trouxe junto ao fogo da lareira
talhou a noite inteira dormindo
no calor da incerteza podia ver
o suor como que derretendo
molhando o corpo inteiro perturbado
o corpo parecendo outro
queria mesmo ir embora
não concluir nenhum destino contrário
ao que ela realmente sentia
o que oferecia um duplo sentido
era na verdade o escuro
que havia se iluminado
o que estava iluminado ela buscara cedo
o que estava informado desde sempre
podia cair em desastre
ela perguntou aos viventes os videntes
a todos os fracos que por ventura
tinham mais faltas do que o amor
gritante um mor delirante
que ofereciam aos doentes de alma
madeira antiga riscada de letras
e simbolos tardios com força
mastigados com pontas
certeiras profundas de raiva
silábicas malditas folhas contavam
uma história fajuta de uma luta
que somente um pode ver a luz
os demais encontraram o túnel
que haviam procurado estavam perdidos
nenhuma das luzes eram finais de estrada
eram todas sintomas deixados
estavam sendo possuídos
se alegravam por mistérios não resolvidos
as fábulas da crendice tinha várias faces
o tomo era tão popular alienava
rezavam a um mentiroso que guardava
segredos do silêncio morto dos séculos
pra vender fácil também matavam
o medo é tão bonito quando o medo
é do outro e faz cair sob suas mazelas
os doentes de alma
a "pena" tinha cruzes cravadas
em uma ponta fina de metal nobre
cobria a madeira do chão antiga
de sentimentos criados por ela
num cativeiro que hospedava
em algum lugar que ficava longe
agora estão vivos nos motivos
riscados a finco que bradava com
as mesmas mãos que limpavam
poliam e davam forma ao que seria
entregue pela vidraça do vitral
no colossal mosaico próximo da sacristia
ela queria que levasse junto os pedaços
daqueles mitos ornamentos de vidro
agora quebrados eram simples
num domingo o meio dia
no final da missa onde todos comiam
sua desculpa sua falta
celebravam um nada viciado
pra pertencer ao infinito sem
que o infinito pertencesse ao presente
o infinito ela descobriu tarde demais
quando perturbada ouviu as pétalas
de uma pequena flor abrindo-se
no charco poluído pelo homem
esquecido de gente pobre maltrapilha
onde fundaram um templo formidável
a vitrine do Deus curvado aos sábios
que dependia da "fome de espírito"
pra acontecer diante dos fracos
estes e também aqueles que levantavam
riquezas eram tolos e mesquinhos
ricos de "bons calçados"
importa pouco o amor que morria
no susto causado por aquilo que entrara
pelo vitral agora quebrado
nenhum dos estilhaços foi se quer
um perigo nem as crianças e os velhos
ficaram atordoados se não em volta
da semi-jóia que só existe no profundo
oceano e veio como um recado
adornada por um terço antigo
de contos feitos de madeira
e uma cruz onde foi arrancado
quem nela foi um dia pregado
pra tornar a morte um simbolo sagrado...
...lá fora alguém da porta gritava
era uma criança chorando brava
venham ver ela deva estar morta
venham ver quem era aquela que
sangrava pelos olhos
com os dois olhos amarrados nas palmas
sentada no tronco de uma árvore
vestida de manto esfarrapado
e túnica branca sobre a cabeça
cravado o homem que ela amava
amaldiçoou quem o venerava
no altar do templo sem desconfiar
que de sofrimento "não nascem os puros"!!
MÚSICA DE LEITURA: SUNNO - Eternal return