Mergulho

Juliana montou sobre meu corpo e espalmou as mãos abertas em meu peito.

- Quero de novo. - Disse-me. – Quero você dentro de mim.

- Preciso respirar um pouco antes. Não sou uma máquina.

- Você é muito mole.

- Tem certeza?

Ela sorriu e soltou os cabelos.

- Isso é que dá sair com um cara da tua idade.

- Pensei que você não gostava de sair com homens mais novos.

- Eu não gosto mesmo. Prefiro estar com alguém que tenha algo interessante pra conversar.

- Obrigado pela parte que me toca.

- Não por isso. – Ela respondeu, e começou a enrolar os cabelos entre os dedos.

Juliana parecia ser uma pessoa hiperativa, nunca ficando parada por muito tempo em uma posição... Ela estava sempre em movimento.

- Já que não vamos trepar, posso abrir uma cerveja? – Ela me perguntou depois de alguns minutos de silêncio.

- Tem algumas na geladeira, pode pegar.

Ela saltou agilmente e se dirigiu a cozinha, completamente nua.

Me sentei na cama e virei o ventilador diretamente para mim.

O calor era sufocante dentro do quarto e senti a necessidade de um banho, mas esperaria a cerveja.

Juliana voltou com duas latas nas mãos. A luz da lua que entrava pela janela me permitia ver detalhes do seu corpo. Os bicos escuros de seus seios, os poucos pelos em seu púbis, a barriga lisa e firme. Fiquei novamente entesado, como se sua jovialidade me ressuscitasse um pouco do vigor perdido. Ela puxou um banco e sentou em minha frente, com as pernas abertas e me entregou a minha cerveja. Bebeu um grande gole e passou a lata lascivamente pelo próprio corpo, deixando-a descansar, por final, encostada em seu monte de Vênus. Eu via o prazer que ela sentia com o toque gelado, e também o prazer que sentia por me ver excitado com a cena.

Eu estava fodido, tinha certeza. Ela não era o tipo de mulher que se satisfazia com umazinha e dormia de conchinha. Ela gostava de ser consumida e de consumir. Sinceramente eu não sabia de onde ela tirava tanta energia ou como veio a se atrair por um cara tão parado quanto eu.

Mas estávamos ali completamente despidos e desfrutando da companhia um do outro,

- Com quantas mulheres você já esteve? – perguntou-me.

- Não tenho certeza... foram umas tantas.

- Imagino que não foram poucas.

- Por que você diz isso?

- Eu leio as coisas que você escreve... Vejo a forma com que você fala sobre as mulheres.

- Não entendi.

- É como se você realmente tivesse vivido o que escreveu.

- Vivi boa parte.

- Você vai escrever sobre mim?

- Talvez.

- O que você escreveria?

- Não tenho como saber.

- Odeio quando você é lacônico.

- De vez em quando eu sou. Mas não é por mal.

- Eu sei. Mas eu me acostumei com você falando muito.

- É o mal dos geminianos. Eu oscilo entre o laconismo e a prolixidade.

- Faz parte do seu charme. – Ela sorriu, tomou um gole de cerveja e ficou me olhando, pensativa.

- O que foi? – Perguntei quebrando o silêncio.

- Não escreve coisas ruins sobre mim, ok? – Falou.

- Só escreveria algo assim se você me ferisse. Ai talvez eu escrevesse algo que poderia fazer você se sentir mal.

- Você é um cara cruel.

- Nunca me chamaram assim, mas vou aceitar a crítica.

Antes que ela replicasse, bebi metade da cerveja de um gole só e a puxei para o meu colo. Beijei seus seios e segurei com força em seus cabelos.

Pega de surpresa, Juliana suspirou e não ofereceu nenhuma resistência. Deitei-a na cama e vi um sorriso no seu rosto.

A noite seria longa...

Eu não sabia o que seria de nós dois quando amanhecesse. Talvez ela fosse embora e nunca mais nos víssemos.

Talvez ela ficasse e partisse meu coração como as mulheres nos textos que ela leu. Eram muitas possibilidades...

Abandonando minha perplexidade, respirei fundo e mergulhei de cabeça no espaço entre suas pernas.

sem saber o quão fundo eu poderia afundar.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 14/11/2016
Reeditado em 02/11/2022
Código do texto: T5822806
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