Recalque
Eric do Vale
- Precisamos conversar. _ Disse Minerva.
Fiquei cismado com aquele tom de voz dela
- Que história é essa de você enviar mensagens para a Nalva? _ Perguntou Minerva.
Utilizei o mesmo argumento de outrora:
-Foi engano.
-Engano?
Finalizei dizendo que havia pensado que aquela mensagem tinha sido enviada para a Narcisa. Quando me dei conta de que tinha enviado a mensagem para a pessoa errada, escrevi: “Por favor, desconsidere esta mensagem, foi um engano.”.
Dias depois, encontrei Nalva conversando com Minerva e falei:
-Aquela mensagem não era para você, por isso me desculpe.
-Sem problemas. Eu até estranhei.
-Era para a Narcisa.
- O que foi que houve? _ Perguntou Minerva.
Nalva relatou-lhe o que tinha acontecido e então, pude notar, naquele momento, que Minerva me olhava de uma forma não muito agradável.
Seria pura desonestidade de minha parte dizer que não achei a Nalva bonita, quando a vi pela primeira vez. Ao se despedirem, perguntei, discretamente, a Minerva quem era ela:
-Nalva, ela trabalha no setor... _Respondeu Minerva. -Ela é casada e tem dois filhos. _ Percebendo que eu fiquei bastante balançado.
-É?
-É.
Agora, lembrando disso, observo que Minerva não gostou da forma como eu olhei para ela.
-Eu também sou casado. _ Falei.
-Sei disso.
A conversa terminou ali.
Qual o problema de achá-la bonita? Apesar de eu ser casado, e ela também, nada me impede de sentir-me maravilhado com a beleza dela.
Por que fui me desculpar com a Nalva na presença da Minerva? Lembro-me de que assim que pedi desculpas, vi as duas conversando por um longo período. Provavelmente, devem ter falado de mim. Estou certo disso, porque, no dia seguinte, Minerva, ao me ver chegar, veio me pedir explicações sobre tal ocorrido.
Noto que, de uns tempos para cá, Minerva vem me tratando com uma certa frieza. Custo a entender o motivo dela passar a agir assim comigo. Por que Minerva se importaria tanto com isso?