(Imagem Google)



Inspiração Divina



 
 
Cátia saiu da sala, com um misto de sentimento de revolta, raiva, vergonha e inconformada com a injustiça que havia acabado de sofrer. Isso não podia estar acontecendo com ela, não com ela que sempre levou a sério os estudos e se dedicou tanto no projeto da sua vida que era aquele concurso para um cargo no Ministério Público Federal. Já havia feito uma bateria de testes e tinha consciência de que estava preparada para aquela prova final, que iria mudar toda a sua vida.

O coordenador examinador foi taxativo quando passou por ela e tomou-lhe a prova, faltando apenas a última questão a ser respondida, dizendo que ela estava “colando” e praticamente a expulsou da sala, mesmo ela ter negado isso veementemente. Foi humilhante ter que sair dali daquela maneira, sob o olhar reprovador daquele homem e demais candidatos que concorriam às limitadas vagas.

Faltava-lhe o chão. Ao alcançar a rua, as lágrimas a impediam de ver qualquer coisa à sua frente  e começou a andar sem destino pelas ruas da cidade até que se deparou com uma igreja e entrou. Àquela hora do dia estava vazia, então,  sentou-se em um dos primeiros bancos e fechando os olhos, respirou fundo aquela energia que emanava daquele ambiente que a confortava. Não percebeu que ao seu lado alguém se sentou. Abriu os olhos e assustou-se quando deparou com aquele senhor, de vestes surradas, cabelos compridos, barba por fazer, mas com dois olhos de um azul tão límpido, profundo e sereno que confiou-lhe sua aflição ao ser questionada, por ele, sobre a sua dor.

Não se apresentaram, mas a impressão que ficou era de que já se conheciam há muito tempo. Ele ouviu a sua história e sugeriu que ela conversasse com a Mãe de Jesus e depositasse nela toda a sua confiança.

Cátia seguiu o conselho dele e dirigiu-se à imagem da santa, ajoelhou-se diante dela e fez uma prece que mais parecia uma conversa de filha com a mãe. Não se conteve e chorou, desabafou e, inexplicavelmente, soube o que deveria fazer. Foi então que olhou para trás para comunicar àquele senhor que a acolheu com tanto carinho, a decisão que havia tomado, mas, para sua surpresa, ele não estava mais lá. Saiu correndo da igreja para ver se o alcançava para agradecer-lhe, mas ele havia sumido. Perguntou às pessoas que estavam em frente à igreja e, pela descrição que fez do bom samaritano, ninguém havia visto a figura.

Foi, então, para a casa e no dia seguinte solicitou do órgão responsável pelo concurso, uma revisão da prova. Pela providência divina, a Corte Superior acatou o pedido e, por ocasião do julgamento do caso na fase recursal, analisou as provas anteriores de Cátia e chegou ao consenso de que ela merecia uma segunda chance. Cátia, então, se submeteu a uma prova específica, individual, sob a vigilância de dois coordenadores, mas não se importou com isso, pois tinha convicção de seus valores, princípios e da sua capacidade intelectual.

Com a realização de nova atribuição originária de pontuação,  mediante análise criteriosa de todas as provas e, considerando a legitimidade do reexame, o Conselho homologou o resultado final do concurso público, tendo Cátia sido classificada em primeiro lugar.

Assim, Cátia fez uma carreira magnífica. Hoje, é Desembargadora, uma espécie de juiz, membro do Tribunal de Justiça, responsável pelo cumprimento da lei nos Estados brasileiros. Ela é uma espécie de sábia da justiça, pois é encarregada de julgar a decisão de juízes mais novos quando algum dos julgados não fica satisfeito com a sentença dada em um tribunal. Os desembargadores são profissionais com formação superior em direito, que realizaram funções jurídicas no setor público e prestaram concurso para um cargo no Ministério Público.

Cátia jamais se esquece da inspiração divina recebida da Virgem Maria, que a acolheu nos seus braços, mostrando-lhe a luz naquele momento de aflição, e é eternamente grata àquele senhor de vestes surradas, cabelos compridos, barba por fazer, mas com dois olhos de um azul tão límpido, profundo e sereno que mais pareciam com os de Jesus Cristo.







 
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