A FESTA

A FESTA

Eram gatos no telhado rosnando famintos

abelhas da noite querendo o mel afogado

por que de tão doce desejava um corpo

lá dentro ninguém era parecido

estavam todos com a mesma parte suja

avermelhada e rubra nos olhos

e as corujas com fome não tinham filhotes

elas queriam amantes vieram comer

do interior vieram buscar toda alma

com calor de monstro brutal ensandecido

vingando suas dores no outro

matando a sede nas lágrimas

a doença plural era sentida pelas velas

acesas num ritual de magia

no centro desenhada pelo giz

de cera o giz riscava como unhas

sangrando como oferenda viva

acabaram-se nas orgias

vendo o dia nascendo como inimigo

dos sonhos que partia sua pele

eram vampiros presos na caverna

e a taberna ainda estava aberta

damas de calor nas pernas

sentavam mostrando o verdadeiro

plano de nunca mais voltar

sendo a mesma

"precisavam" viver p'ra sempre

queriam a imortalidade das Deusas

e as cabeças dos machos cortadas

seriam servidas cruas

no chão marcado uma escolha

poderia ser fatal

qual dos membros estaria mais forte

conseguiria dominar sua vontade

sendo mais forte do que pode

haviam bruxas velhas no caminho

não entrava quem não tinha

as moedas da comenda pro filho

que amante de vênus podia

destruir todo desejo faminto

e a pele já desnuda no caminho

poderia matar-se nas proas

camas diante do ninho das rapinas

que nada sentem nada temem

vão agarrando quem passa

a fraqueza é tão rica esbravejam

nas risadas medonhas

as "viuvas-negras" de peçonha branca

estão despidas e rolam embebidas

no óleo de cravo de longe

estão sentidas...estão agradáveis

são atraentes tem olhos azuis marinhos

a cor da pele morena

são exóticas e disputam cada morte

do liquido extraído dos mantra-carnívoros

depois de perturbados

são agora bichos rasteiros mordendo lábios

o sábio tem um esconderijo no alto

pra ver o culto desaparecer

logo que o sol por em brasas

cada canto do acorde sensível que dorme

enquanto possuídos de outra sonolência

saem as vitimas da liberdade vigiada

olhando seus relógios

gostando da brisa que trai confusa

que existe tudo que está acontecendo

olham o que estão vendo

cegos da verdade consumida

permitem existir a mentira.

MUSICA DE LEITURA: Belzebong - Bong Thrower