Sonho de Surfista

O surfista estava sentado na praia. Seus cabelos longos batiam em seu rosto por causa do vento. As pernas estavam cobertas de areia. Estava passando parafina na prancha enquanto apreciava o pôr-do-sol.

- Hoje é segunda, meu rapaz. O que você faz aqui? – perguntou um homem que se aproximava. Usava bermuda jeans, blusa social preta e tênis brancos. O surfista desviou os olhos para o homem.

- E aí Brow, beleza? – retirou os cabelos da frente dos olhos – Tô tentando pegar a boa cara, mas só vem merreca. Tá ligado?

O homem contornou o surfista e a prancha e sentou-se na areia também. Decidiu observar o pôr-do-sol ao lado dele.

- Estou ligado sim. Me diga uma coisa, já se imaginou algum dia em uma daquelas ondas enormes? Aquelas que só se vê uma vez na vida?

O surfista havia fechado os olhos e sentia a brisa no rosto. Com os olhos ainda fechados, respondeu:

- Te falá uma parada... esse é meu sonho de vida brother. Eu sonho com essa parada todas as noites.

O outro homem olhou o horizonte de ponta a ponta. Levantou-se e deu uma espreguiçada, estalando os dedos da mão.

- Você é especial, irmão. – disse ao surfista – Vai lá. Eu sinto que a boa vem vindo.

O surfista olhou curioso para o homem e depois sorriu. Levantou e pegou a prancha.

- Demorô.

Correu em direção ao mar e se lançou na água. Não precisou esperar muito. A onda veio bem rápido, e ele logo viu que não era uma onda qualquer. Era aquela onda. Equilibrou-se na prancha e conseguiu se manter em pé. Olhou para baixo. A onda tinha dez metros. Depois vinte, trinta, quarenta. Ele se sentiu forte, confiante, invencível. Abriu os braços. Continuou de pé. Sorriu. Gargalhou. Gritou.

- Eu sou casca grossa, cara!!! Eu sou o Rei das Ondas!!!

O homem já havia parado de olhar para as águas há algum tempo, e agora caminhava de volta para a estrada. A praia estava deserta e o mar estava calmo, sem ondas. O homem já havia cumprido sua missão. Já era hora de ir embora.

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