UMA CAVALGADA
Estela, após o falecimento do esposo, recolheu-se a um universo campestre. Para ocupar seu tempo, lia e rabiscava palavras.
Nos fins de tarde, sentava-se à frente da casa e ficava, horas e horas, admirando a natureza. Os vizinhos costumavam dizer que parecia estar esperando por um novo amor.
A jovem senhora ignorava os comentários. Seus ideais eram nobres e não desistiria de seus sonhos, embora em alguns momentos, não reconhecesse a si própria.
Numa manhã, Estela pediu ao jardineiro que lhe preparasse um cavalo, acordara com vontade de fazer um passeio. Quando adolescente fizera hipismo. Ao aproximar-se do bosque, o cavalo assustou-se com a queda de um galho e saiu em disparada. Por alguns minutos, conseguiu segurar-se, mas, à margem de um açude, caiu.
Luís Eugênio, ao ver um cavalo com arreios, solto no campo, concluiu que alguém estava em apuros. Pegou a moto e dirigiu-se à propriedade vizinha. Encontrou-a inconsciente. Após a reanimar, telefonou ao irmão pedindo que fosse até o local de carro, pois precisava ajudar a vizinha que tinha caído do cavalo.
Hugo chegou rápido. Luís Eugênio levou Estela ao hospital. O médico plantonista, depois de examiná-la, assegurou-lhes que ela estava bem. Deveria ficar em repouso. Hematomas iriam aparecer e algumas partes do corpo ficariam mais sensíveis.
O rapaz ao levá-la a casa e saber que estava só, prontificou-se a fazer companhia. Estela, no início, disse ser desnecessário; depois, aceitou. Doía-lhe todo o corpo.
Luís Eugênio acomodou-se no sofá.
Durante a noite, ao ouvir ruídos no quarto de Estela, foi ver se ela necessitava de auxílio. Ao vê-la recostada na cama, vivenciou uma forte atração.
– Estás sem sono?
– Não. Achei que tinhas dores.
– Estou bem. Podes retornar à tua casa.
– Passarei a noite aqui.
– Sente-se. Vamos conversar um pouco.
No dia seguinte, Luís Eugênio voltou à cidade. O trabalho o esperava. Estela permaneceu por mais uns dias.
Meses depois, Estela, ao retornar ao sítio, exibia uma belíssima barriguinha de grávida. Os vizinhos comentaram:
– O falecido partiu; no entanto, deixou-te um filho.
Ela sorrindo, respondeu:
– Não. Ele era estéril.