Suas últimas palavras, seu último dia
Aquelas eram suas últimas mensagens. Ela sentia uma dor pulsante no peito. Doía tanto, que parecia esmagar sua alma. Digitava tranquilamente, e cada palavra parecia uma despedida. Havia lágrimas em seus olhos, porque ela não queria partir. Nunca havia tido medo da morte, mas agora tinha, porque ela amava alguém, amava sua vida, amava seus sonhos, e doía saber que tudo isso seria destruído.
Ela ouvia suas últimas músicas. Estava viciada em Cor de marte, essa música parecia ter sido feita pra ela, que amava as estrelas, os planetas, e o universo inteiro. Havia um nó na garganta. No momento da despedida, sempre há esse nó. Ela pensava nos seus textos que nunca seriam publicados, em suas palavras que nunca seriam conhecidas mundialmente. Pensava também nas faculdades que não iria fazer, do trabalho que não iria conseguir. Seu sonho era trabalhar na NASA. Seu sonho era viajar o mundo. Seu sonho era ter ao seu lado um grande amor, que possivelmente já havia encontrado.
Ela escrevia suas últimas mensagens. Suas últimas palavras em uma folha qualquer. Derramava as últimas lágrimas, mas mesmo assim sorria. Sorria porque queria que as pessoas lembrassem do seu sorriso. Sorria porque ela sempre achou que era a única coisa em si que não era errado.
Ela cantava em voz alta, enquanto a dor inundava seu corpo. Parecia que literalmente seu coração estava sendo amassado. No fundo, sabia perfeitamente.
Ela já sabia que aquele era seu último dia.