O crime, o castigo de pseudoamar
Em uma cela fechada, existe pouca luz a minha volta. Toco em meu corpo, com frio. Isolado apenas num canto, olhando apenas o reflexo da lua no chão frio, imundo. Deito-me e fecho os olhos, sonhando com a minha “liberdade”. Qual será o crime que eu cometi para estar aqui? O meu único castigo, foi ter acreditado num pseudoamor.
Por muitos anos, eu usava armas brancas para cometer meus delitos. Eram flores, cartas, palavras. Cada uma delas era uma facada perfeita. Era divertido, intenso e profundo. Sandice minha achar que seriam os crimes perfeitos. Casos solucionados. Eu era um infrator. A qualquer custo, entregava-me de corpo e alma para cometer aquilo.
O tempo foi passando, e eu fui aprendendo que essa marginal não era uma fantasia. Um sonho dentro da vida real dos grandes crimes de amor. Tolice. O último crime, tanto que estou na cadeia por isso, a facada foi tão profunda ao ponto de sangrar em meu corpo. Uma marca eternizada de minha pele. Fui preso, colocado em cela. Virou o meu castigo.
Daqui alguns dias, eu devo estar saindo da cela. Meu regime é semiaberto. Aberto para rotina que levo. Fechado para novas possibilidades de crimes. É como tivesse passado por um exorcismo dentro desse cubo pequeno. Não tenho mais o desejo de ser intenso. Quando vejo uma arma branca em minhas mãos, eu jogo-as fora. Eu vivi para viver o crime, o castigo do pseudoamor.