FRASE ETERNA: "ME DÁ A RECEITA?"

Fome, propriamente, ELA nunca passou, mas a infância foi apertada e aprendeu que “na natureza nada se perde, nada se cria.........” (Lavoisier) e se especializou em transformações.

Ultimamente dá aulas de português a um advogado (!!!) distante e perde horas na confecção-digitação de apostilas. Bom, nesse mesmo “ultimamente”, o que acontece? ELA costuma comprar variedades de pães – personalidade inconstante, instável, só estável com ELE a quem chama carinhosamente de “Gigante” ou “vocezinho”... – pão de forma tradicional, integral, um (pseudo) preto, na verdade marrom, também de cenoura, de coco, de milho ou muitos grãos etc. etc. etc.

Passa manteiga em duas fatias, põe separadas no forninho elétrico e vai para o computador. Literalmente se distrai, esquece o mundo. Quando o cheiro do pão chega ao quarto, já era! Super torradas, duríssimas, “queimadérrimas” (ELA inventou um superlativo para queimadíssimas!), impossível comer. Aí, espírito de Lavoisier diz para guardar. ELA guarda no freezer. Acumulou muitas, quase infinitas torradas inúteis. Inúteis... quem disse? Na geladeira, guaraná esquecido (cabeça firme só se não houver Internet) sem fechar, cadê o gás? Pegou um vasilhame grande, colocou o pão escurecido e o liquido, alguns ovos e açúcar – esperou “minutésimos” (aprendeu com GUIMARÃES ROSA a criar neologismos)... em seguida, liquidificador, batia, jogava em outra vasilha, massa outra vez ... Bom de sabor, não estava. Pouca água no aparelho e juntou sabores, um pouquinho de cada: ameixa preta, damasco desidratado, chocolate em pó, desencalhe de essências no final dos vidrinhos (nozes, avelãs, amêndoas, baunilha, cereja), licor de aniz, vinho moscatel... até um tabletinho de pé-de-moleque e uma banana cristalizada.

Rendeu três tabuleiros de pudim, cobriu com calda queimada de mel, suco de abacaxi e limão.

Na escola, não sobrou nada. Eta, pessoal guloso! Quase impossível responder à curiosa pergunta feminina, professoras e merendeiras interessadas. Falou a verdade. Gargalhada geral porque ninguém acreditou.

F I M