A garota da lanchonete - Pt 2
Karina andou até chegar à beira do rio Lonre, parou ali e ficou a olhar as águas escuras, como fazia todo dia após sair do trabalho. O rio Lonre era o maior da região e nele habitavam desde piranhas até enormes crocodilos, o que tornava o local inapropriado para banho. Os enormes monstros não chegavam até aquela margem do rio devido a barreira que haviam montado para impedí-los de atacar os habitantes, mesmo assim era possível vê- los emergir até a superfície da água. Qualquer movimento em falso era uma sentença de morte, se alguém caísse naquele rio seria imediatamente devorado pelos crocodilos, mas Karina gostava dessa sensação de perigo e se postava em cima da barreira de concreto enquanto olhava o comportamento dos animais. De repente, ouviu um barulho de galhos e folhas sendo pisados atrás dela e quando virou viu um homem alto segurando uma arma vindo em sua direção. Karina reconheceu prontamente o homem, era o tarado que havia tentado estuprar a garçonete que trabalhava com ela.
- Olá princesa, como vai?
- O que você quer? '
- Acho que você sabe o que eu quero. Não consegui com a sua amiguinha feroz, mas conseguirei hoje com você. Dessa vez não vai ter luta corporal, essa arma irá facilitar nossas vidas.
- Melhor você ir embora antes que eu comece a gritar aqui. Tem casas por perto e eles me ouvirão.
- Não tão perto assim, e a essa hora da manhã ou ainda estão dormindo ou já estão no trabalho. Somos só eu e você aqui, então vamos facilitar.
- Não se aproxime de mim, seu estuprador nojento. – Em um rápido movimento ela se abaixou, pegou uma pedra e a jogou na direção do homem, que conseguiu se esquivar, e começou a correr.
- Você acha mesmo que vai escapar, sua garçonete estúpida? – O homem correu atrás dela e rapidamente a alcançou jogando ela no chão. Subiu em cima dela e a imobilizou. – Agora você vai ter o que merece.
Karina tentou escapar, mas o homem era muito maior e muito mais forte que ela. Era impossível que ela conseguisse se livrar dele. Ela tentou gritar mas ele a calou colocando uma meia na sua boca. Karina se sentiu impotente e viu que seu destino havia sido selado: aquele homem a estupraria e depois a mataria, jogaria seu corpo no rio onde aqueles terríveis monstros fariam um banquete.
- Chegou a sua hora, sua prostituta. Você irá pagar pela sua amiga também. Eu vou acab...
O homem não acabou a frase. Foi atingido por uma pedra nas costas e se virou para ver quem a tinha arremessado, mas não havia ninguém lá. Nesse momento, outra pedra o atingiu vindo da sua direita.
- Mas o que diabos é...
De repente houve um estouro e o homem urrou de dor, caindo para o lado e saindo de cima de Karina. Ele começou a se levantar e quando pegava a arma que tinha caído no chão foi atingido por outro estouro que dessa vez acertou seu ombro. Karina rapidamente se levantou e pegou a arma do chão, apontando para o homem caído. Ela finalmente se virou para verificar de onde vinha os estouros, mas não viu ninguém no seu campo de visão. Aproveitando que ela olhava para trás, o homem tentou avançar sobre ela mas Karina reagiu rápido e atirou a queima roupa na perna dele. O homem caía pela terceira vez urrando de dor.
- Você parece um bebê chorão agora. Onde foi parar toda a sua coragem, seu pervertido? Levante- se. - O homem agora chorava e disse a ela que não conseguia. – Levante- se, antes que eu estoure seus miolos. Suba na barreira, agora!
O homem levantou- se lentamente, e mancando subiu na barreira de concreto.
- Por favor, eu te imploro... me deixe ir.
- Ir? Daqui você só sai para a cadeia ou para o cemitério. Sabe o que acontece com pessoas como você na cadeia, não é?
- Pode me entregar, eu suplico...
- Não, não. Essa polícia idiota daqui não vai fazer nada. Você atacou a Sarah e continuou em liberdade. Se tivesse me matado hoje continuaria a cometer seus crimes por aí.
- Eu juro que nunca mais...
- Palavra de estuprador não conta para mim. Diga adeus ao seu joelho.
Karina atirou no joelho esquerdo do homem, que sem equilíbrio desabou de costas dentro do rio. No mesmo instante um enorme alvoroço na água começou e ela correu para a barreira, viu quando os enormes crocodilos atacavam o tarado que gritou durante alguns segundos. A ação foi rápida e logo tudo ficou silencioso novamente.
- Você não fará mal a mais ninguém, seu cretino sujo.
Karina sentiu um enorme alívio, aquele escroto agora estava morto depois de quase ter a matado. Mas ela ainda não conseguia entender quem a tinha ajudado, quem atirara no homem. Pegou a mochila do chão e andou nos arredores do local procurando pelo seu herói ou sua heroína, mas não achou ninguém. Sentiu muito em não poder agradecer quem a salvou, mas agora não queria mais pensar sobre isso. Estava indo embora daquela cidade e iria começar uma nova vida.