A Torre do Bosquímano

No centro de uma abismosa floresta entre montanhas e rios, existe uma torre edificada da mais pura essência. Fixada em um enorme círculo se ergue quadrada mas seu ápice é em forma de pirâmede. No zênite, um majestoso diamante resplandece como

um farol. Símbolo do self do Bosquímano a torre reflete uma opípa-

ra luz que conduz a mais acalentada sensação de paz.

Sua construção foi um ato de desapego. Enquanto se iludia

entre delírios e lembranças atemporais não foi capaz de ergue-la.

Então um dia, banhando-se nas águas de um rio viu uma imagem

refletida cuja centelha o iluminou. Essa centelha virou clarão e ofuscou seu ego. Compreendeu que existia uma fortaleza encra-

vada no mais fundo lago de sua alma e era preciso emergi-la.

Peregrinando pelo bosque foi juntando pedras e eliminando

calos. Passou a torcer anéis para que ficassem com dimenções

"calabyais". Sua finalidade era percorrer todas as estâncias e

decifrar o enigma de ser pedra. Escolheu cristais, os mais boni-

tos e translúcidos pois assim ficaria mais belo por dentro!

Tornou-se lenda. Seu riso ecoa por toda a floresta há mui-

tos séculos. Os mais ambiciosos partem em busca da Torre do diamante sem jamais encontra-la. Nem podem. Usam cavalos

limitados que só cavalgam em "L". Emaranhados em galhos e pre

sos às suas sombras não percebem o quanto é nescessário e pro

fundo suas próprias pedras de construção.

O velho Rei sabia, o Mago alquimicou, o Eremita ergueu seu

farol e o Profeta falou: - "Pedro, tu és pedra"...

Absorvendo o significado das palavras do Profeta e manipulan-

do a arte de silenciar a mente o Bosquímano usufruiu do milagre

da transformação. Tornou-se Fênix em forma de torre.

Mas a verdade não é absoluta existem trilhas que trocam di-

reções. E foi o brilho de uma pedra que chamou sua atenção.Talvez

o reconhecimento da mensagem cuidadosamente deixada. Viu a letra e leu seu conteúdo.

-Sei que ela se ergue além do tempo e do espaço. Sei das sua

formas e do seu intenso brilho. Sei porque sou seu ânima, a flor de

ouro e a rosa da cruz. Merlim querido, pare de dar risadas do que

eles não sabem. Ouça as cordas da minha lira emocional pois hoje

quero ser Alice no seu reino de cristal!

Naquele dia o Bosquímano não riu...

sempresol
Enviado por sempresol em 22/07/2007
Reeditado em 03/09/2007
Código do texto: T575454