Terei eu sido emasculado?
Minha mão direita correu pela parede até achar um interruptor.
Apertei-o, e a luz surgiu e feriu meus olhos.
Darlene levantou o rosto e me olhou como se tivesse ganhado o campeonato mundial de boquete.
Ri daquilo.
Fechei o zíper da minha calça e ela foi ao banheiro, completamente nua.
Observei o movimento que suas ancas faziam a cada passo.
Fiquei novamente entesado, mas estava cansado demais para transar.
Era pior do que se eu estivesse bêbado.
Ela voltou do banheiro e enfiou-se debaixo das cobertas sem nenhuma cerimônia.
Decidi encher a cara e talvez escrever alguma coisa.
Darlene iria dormir e roncar até o fim do mundo,
eu precisava ocupar minha cabeça com outra coisa que não fosse seu rabo e a curvatura de suas pernas.
Darlene era ótima,
Não pensem que não.
Mas uma boa transa não é tudo o que um homem precisa.
Conforto demais estraga qualquer um.
Eu precisava de uma ressaca. Precisava de uma ânsia de vômito,
precisava sentir o corpo quebrado,
pra me sentir um pouco mais vivo.
Darlene me estragava com seus carinhos,
com sua comida, com seu cuidado.
Queria ser minha esposa, minha puta e minha mãe.
Tudo ao mesmo tempo.
Era feliz assim e eu às vezes me sentia miserável quando não a satisfazia.
Fechei a cortina e a janela e segui para a sala.
Afaguei o gato que Darlene criava e que só fazia comer e dormir.
Castrado, parecia mais uma bola do que um animal.
Preguiçoso, domado, emasculado.
Me perguntava se Darlene queria fazer aquilo comigo também.
O gato começou a ronronar com o meu toque e me senti incomodado.
Afastei-o.
Não queria ser aquilo.
Abri a geladeira e contemplei seu conteúdo.
Contei as cervejas esperando sinceramente
que fossem o suficiente.