O silêncio das montanhas
Nas montanhas, o som do silêncio, ela beijaria as nuvens se pudesse; mergulharia na névoa infinda do crepúsculo, fim de tarde. Seus sonhos dormiam nas grutas de águas cristalinas e, em seu interior, horizontes gratificantes. Onde estão as imagens oníricas das paisagens de seu mundo próprio? Onde estão os momentos de sentimentos, os quais faziam, no cerne, notar-se perfeito conforto? Eles se foram e, porventura, não retornarão?
Uma casa e uma árvore num campo aberto e vazio, a fraca lareira e a estante de livros; o silêncio e a quietude. Dias nublados como aquele necessitavam desta calma, um chá na xícara de porcelana branca, a madeira da cadeira de balanço. Passos no carpete, um beijo de boa noite, um toque de desejo. A casa pequena e o amor imensurável. Como se nas montanhas, o som do silêncio fosse revigorante. Uma mente sem pensamentos, controle cognitivo total.
– Este sorriso, é um sorriso, sentimo-lo.
– Inacreditável!
– De crença não necessitamos, meu amor, compreendemos o aqui e o agora; a única verdade agradável da existência.
– Tens toda a razão, posso sentir...
– O silêncio das montanhas...
– O silêncio das montanhas...
As luzes se apagam, permanece a chama do fogo interno e externo – suave e etérea chama. O queimar das brasas sutis e o gemer da paixão sem fim, depois o sono que, repleto de significados, manifesta o que foi e é cultivado: a serenidade da veemência.