Venturas e desventuras de Jorge Luiz
Bem, tal vez esse meu jeito meio triste tenha reflexo desde quando criança.... Minha irmã disse uma vez que eu chorava muito quando era bebê... Até minha adolescência não me lembro de ter tido grandes problemas emocionais. Nasci em Uruaçu, Goiás e aos nove anos mudamos para Anápolis. Neste período passe uns dois anos morando em outra cidade da Bahia – Brumado - com vovó e vovô devido às enchentes na cidade que eu morava. Brincava muito de empurrar carros de brinquedos feitos de lata por um amigo, brincava também de rolimã e jogava bola. Ao passar do tempo minha diversão se resumia em jogar bola, os amigos faziam pequenos campeonatos nos quais eu participava. A partir dos 16 anos, pelo que eu me lembre passei a sofrer bullying, tinha um grande complexo por ser estrábico, os rapazes na escola me aborreciam com apelidos pejorativos que diminuía minha autoestima e no dia a dia e até certos adultos por ter este problema. Eu era um rapaz que costumava viver isolado das pessoas. Eu já era tímido por natureza, mas esta situação me deixa complexado e mais tímido ainda. Também não namorava, achava que nenhuma garota iria gostar de mim com aquele problema. Perdi muitas oportunidades.... Continuava a participar de jogos de futebol, mas não gostava muito de ir a festas, de se apresentar em público na escola e na igreja que minha família frequentava. Quando completei 18 anos fui estudar numa intuição de ensino adventista, chamada IABC, passei apenas seis meses lá, mas neste local senti bem acolhido e fiz muitas amizades, contudo, não obtive noras tão boas, então retornei à minha cidade. Até pelo fato de ser particular e a mensalidade era cara.
Desde o tempo da minha adolescência até a formatura na faculdade uma coisa que percebia e que meu pai não nutria muito amor por mim, talvez, já dizia certas coisas que me deixavam triste, mas talvez pelo jeito dele ser assim mesmo meio durão. Mas para mim era evidente que ele gostava mais do meu irmão mais velho, pelos elogios que fazia para ela e pelo tratamento no geral. Outro fato também que fazia parte mim, do meu jeito ser era que nunca fui muito ligado à igreja, quantas vezes o pessoal de casa ia para lá e eu preferia ficar em casa, sozinho.
Na minha adolescência tive um grande amigo, vizinho meu, por nome Zenildo, que sempre estava disposto a brincar comigo e me coloca do jogo de futebol, eu tinha que fazer parte do time dele... Era de família humilde e tinha sido adotado pela família vizinha da minha casa. Mas voltando à questão espiritual, eu não conseguia ter uma grande participação na igreja, seja por ser tímido, por não ter muita afinidade com os membros da igreja ou por ter um problema de “relacionamento” com Deus. Culpava Deus por ser estrábico, por ter dificuldade de aprendizado na escola, basicamente em matemática. Embora fosse um dos melhores em outras disciplinas. Mas a tal matemática fazia em repetir o ano rsrs. Minha irmã mais velha e minha mãe me davam conselhos para tentar superar o problema e não ficar culpando Deus por tudo... Minha mãe chegou a pagar uma pessoa para dar aulas de reforço e outra irmã tentava me ajudar também. No entanto parecia não adiantar muito. Quase desisti de estudar. Até que certo dia pensei.... Não posso continuar assim, tenho que fazer alguma coisa, se eu continuar perdendo de ano posso não estudar mais e o que será de mim? Apesar dessa minha dificuldade na escola, sempre soube da importância dos estudos, aprendi a ler cedo, no primário era uns dos que a escola pedia para ler os textos o que persistiu ao longo dos anos. Então dum determinado ano letivo, isto na oitava série, resolvi encarar a matemática de frente. Peguei vários livros de matemática e estudava bastante os assuntos, fazia e refazia as questões, além de prestar muita atenção às aulas e fui me aprimorando na matemática até alcançar boas notas e enfim não repetir mais de ano até terminar o curso cientifico, o ensino médio daquela época.
Mas os dilemas com estudos e complexos não eram meus únicos problemas. Tinha outro tão complicado quanto esses: Tinha um irmão muito problemático. Antes de eu estudar naquela instituição de ensino que eu citara antes, esse meu irmão quis estudar lá não na forma como eu estava: pagamento integral da mensalidade pelo meu pai, se bem que minha irmã mais velha também ajudou a pagar, dizendo meu pai que não tinha condições de pagar, sendo que meu irmão mais velho sempre estudou em escola particular desde que entende por gente até a faculdade, mas tudo bem... Voltando ao meu irmão... ele foi pra lá para estudar e trabalhar nas obras de ampliação da escola como forma de pagar os estudos, mas num certo dia ele caiu de um lugar alto onde da obra, bateu a cabeça no chão, foi socorrido por um professor da escola que o levou até o hospital, aos poucos foi se recuperando. Voltando para casa ele se mostrou uma outra pessoa. Sendo muito nervoso, grosso com todo mundo e desequilibrado emocionalmente, magoando a todos por nada. Então o outro dilema a que me refiro eram as constantes brigam que tinham na minha casa, motivadas principalmente por este meu irmão, qualquer coisa eram motivo para ele brigar, inclusive eu fui muito vitima dele e eu me sentia muito afetado com estas brigas, já tinha vontade de sumir por causa disso, até porque minha mãe era muito afetada. Agora, essa versão de que ele ficou assim depois do acidente é do meu pai, eu não me lembro exatamente como era a personalidade antes...
Meu irmão mais velho que ainda fazia faculdade convenceu a mim e meus pais de que eu tinha que fazer o segundo grau em Feira de Santana, cidade próxima a Salvador. Então para lá eu fui a contragosto do meu pai, alegando que não poderia pagar escola particular para mim e demais de despesas.... Quase desisto, mas meu irmão insistiu então arrumei a mala e fomos... Com o passar dos dias foi me dando um abatimento terrível por dois motivos: Primeiro porque achei o ensino muito puxado e segundo por me achar com a consciência pesada por meu pai estar pagando uma escola particular pra mim. Morávamos numa república de estudantes e um deles viu meu desânimo visível no meu rosto e nem almoçar eu queria, ele tentou me animar, me colocar para cima e meu irmão do jeito dele meio arrogante dizia que era assim mesmo, que ia superar.... Tentei levar os estudos naquela escola até que não aguentei mais a pressão por melhoria nas notas, já estava ficando doente, então sem falar nada para eles, me transferi para uma escola pública. E para lá se transferiram mais dois colegas que continuaram colegas de classe. Fiz muitas amizades, mas minha timidez persistia, não conseguia arrumar namorada, culpava minha timidez, a condição financeira e o meu complexo.... Na igreja tinha uma garota lindíssima que me dava muita bola, mas o medo e a timidez não deixavam eu falar com ela eu muito afim dela também...
Após terminar o segundo grau voltei para Anápolis. Durante alguns meses, prestei vestibular para Agronomia, mas não passei. Não tinha afinidade com esta de qualquer maneira, fiz por insistência do meu irmão, fiz outra tentativa; agora para Letras. Depois que me inscrevi, e olhando no edital as atividades de profissional da área, fiquei pensativo.... Será isso mesmo que quero? Sou meio tímido e esta profissão requer muito contato com gente, falar em público.... Mas vou fazer, gosto de português, de ler e escrever, gosto de idiomas.... Depois que falei pro meu pai para qual curso eu tinha me inscrito, ele disse: Letras? Isso dá dinheiro? Respondi que era uma área do qual tinha afinidade. Busquei me preparar para o vestibular, fiz a prova e depois meu irmão que já morava em Feira de Santana, falara que eu tinha passado no vestibular. Foi embora me matricular e cursar tal licenciatura. E logo no início do curso consegui resolver um problema. Fazer a cirurgia para correção do estrabismo. Uffa!! Cirurgia esta, feita em Salvador. Um médico da faculdade me disse que eu precisava passar por este procedimento cirúrgico para melhorar minha autoestima, pois me achou um tanto ansioso e que eu tinha mana doença, já que procurava muito o setor médico da faculdade rsrsrs.
Durante este tempo, meu pai bancou a mim e a meu irmão, mas depois que ele se formou, fui morar com umas mulheres conhecidas da minha família, dividindo o aluguel, não gostei... Sendo assim procurei alugar uma casa e morar só. E como na época já cursava o terceiro período, consegui um estágio remunerado numa escola do estado. Era comum o governo contratar universitários para lecionar, o problema era que além pagar mal demorava quatro meses para começar a receber. Mas era um jeito de ir pagando minhas despesas e foi neste período que passei certa dificuldade financeira, pois meu pai já não ajudava tanto quanto antes. Foi bom para eu adquirir experiência e pude sentir o carinho dos alunos, principalmente das alunas... E sofri um pouco de estresse também. Demorei quase 6 meses para recebi o pagamento dessas aulas e quando recebi usei boa parte para comprar um computador que só me deu problemas. Já estava admirado com computadores e tecnologias. Os anos se passavam no curso e num certo momento me bateu um desanimo com o curso, queria partir para outra área como jornalismo, direito ou até mesmo informática. Mas resolvi continuar navegando neste mar que hoje se mostra ter águas tenebrosas e traiçoeiras... até me formar lecionei em 3 escolas e o estresse só aumentava .... Em 1999 conclui o curso, participei de uma linda colação de grau à qual tenho gravado em fotos e vídeo. Dois meses antes da colação de grau participei de dois concursos para professor do estado da Bahia, alcançando em ambos o primeiro lugar!
Bem, de quando foi universitário até ser professor concursado só tive duas ou três paqueras, e só agora que tinha um emprego de nível superior e concursado é que tive namoros mais duradouros, embora poucos. Sonhava em encontrar aquela garota da igreja pela qual era apaixonado, mas era tarde demais.... Outra coisa da qual me lembro era que todas as pessoas que eu conseguia para dividir aluguem comigo só deram calotes. Até com marginal dividi minha casa, só depois fui saber que o indivíduo não era gente de boa procedência. Por outro lado, conheci um amigo excelente, tal amizade dura até hoje.
Bem, no final de 2001 minha irmã mais velha, que morava em Campo Grande-MS me falou de um concurso para professores do estado e insistiu que eu me inscrevesse, estava em dúvidas se fazia ou não o concurso, mas minha mãe pediu que fizesse, pois percebia que aquela cidade estava muito violenta, então fiz e passei em quarto lugar. No entanto, demoram de me chamar. E em fevereiro de 2003 tomei posse no cargo, cheio de vontade de trabalhar e crescer profissionalmente. Comecei lecionando na escola Dom Pedro II, e em agosto de 2004 fui convidado a lecionar no CEM Castro Alves, onde estou até hoje, foi uma mudança fundamental para mim, pois nesta última escola obtive mais tranquilidade para trabalhar! O ano de 2003 foi um ano muito difícil pra mim, talvez um dos piores da minha vida, pois foi o ano que perdi minha mãe, vítima de câncer e muito sofrimento para me adaptar ao sistema Sul Mato-Grossense . Nem os alunos e nem a direção do Dom Pedro II era como eu pensava ou da forma como minha dizia ser. Ela pintava um quadro: Como sendo os alunos daqui muito educados e estudiosos, mas não foi nada disso que vi! Bem, em 2005 conheci uma pessoa aqui no Mato Grosso do Sul com quem me casei no dia 12 de março de 2006. E em 26 de julho de 2010 nasceu meu filho Júlio César o qual foi uma realização de um sonho, já que gosto muito de crianças...! É um amor recíproco e verdadeiro! Sigo minha vida em busca da felicidade! Tenho fé esperança que dias bons serão constantes em minha vida!