LENDA JAPONESA
TANABATA MATSURI ou Festa das Estrelas, como é conhecido no bairro da Liberdade. Acontece simultaneamente no JAPÃO e em diversas cidades brasileiras, festival que chegou oficialmente a São Paulo em 1979 por iniciativa de um japonês que chegara ao Brasil em1935. Tão importante e popular que faz parte do calendário oficial de turismo e lazer da prefeitura.
Na época Heian (794 / 898), na antologia Roueishuu, de poesias japonesas e chinesas, há uma seção dedicada a TANABATA. Esta festa é também chamada de KIKOUTH e já era celebrada no palácio imperial desde o ano 755, posteriormente intensificada no período de Tokugawa. A lenda originária da China se refere a duas estrelas da Via Láctea.
“ORIHIME, filha de Deus, senhor de todos os deuses do universo vivia no leste da Via Láctea e passava o tempo tecendo, daí seu nome, que significa ‘princesa tecelã’ /estrela Vega/. Na época, ser tecelã significava uma jovem culta e de refinada educação. O pai escolheu para ela um esposo na pessoa de KENGYUU, agricultor e pastor que vivia no outro lado da Via Láctea /estrela Altair/. Assim como ORIHIME, o pastor KENGYUU era então o símbolo de trabalho masculino. Após o casamento, a lua de mel durou tanto tempo que o jovem par esqueceu da nobre missão de trabalhar, despertando assim a ira do deus-pai que os condenou à separação. Posteriormente, penalizado com o castigo aplicado, permitiu-lhes se avistarem uma vez por ano, na sétima noite do sétimo mês; assim, quando chegava esse tempo, um grande corvo estendia suas asas sobre a Via Láctea para possibilitar que se encontrassem. Esse corvo, embora uma espécie rara de ‘kazasagi’ que viveu na Coreia e ao norte da ilha de Kyuushuu, no Japão, é ave de mau agouro, segundo a superstição popular, razão pela qual foi com o decorrer de longo tempo modificada para cisne real.”
Esta festa é especialmente esperada pelas jovens que pedem à estrela tecelã fazê-las tão hábeis quanto ela na arte de tecer e, talvez, também unirem-se a um marido tão fiel quanto KENGYUU. É festejada em todas as camadas sociais sem distinção de idade, sexo e religião, pois é uma festa de amor e trabalho. De acordo com a crença popular, os pedidos feitos nessa noite serão concedidos num espaço inferior a três anos. Na noite de TANABATA, todas as casas são ornamentadas com ramos de bambu (sasa-dake) nos quais são penduradas várias poesias do tipo ‘haikai’ (ou ‘haiku’), pequeno poema de 5-7-5 sílabas, pedidos de namorados e apaixonados ou de crianças, papéis dobrados multicores (tanzaku) simbolizando o cisne, para que não se esqueça dessa memorável data e do transporte de KENGYUU ao encontro de sua amada. Uma cerimônia xintoísta marca o início do TANABATAcom distribuição de saquê adocicado (amazake) e de bolinhas gelatinosos de arroz (mochi). O mês de julho é no Japão época de intenso calor de verão e o uso de bambu é simplesmente pela abundância nessa estação de poda, para melhor crescimento do mesmo, e também constitui o símbolo da humildade, do vigor e da tenacidade, conhecida a estória do bambu que se curva ante o peso da neve e da tempestade. Após a festa, esses bambus carregados de cartões de anseios, poemas e bonecos de papel dobrado, têm um destino sagrado: são geralmente cremados, também numa cerimônia xintoísta, ou lançados ao rio e mais tarde terminarão no mar, acreditando-se assim no encontro do presente com o futuro.
FONTES:
“A lenda de Tanabata” – Folheto – Rio, ICBJ, 1965 // “Eventos tradicionais” – Guia da cultura japonesa – SP, Ed. JBC, 2004.
F I M