Uma Rosa para Berlim : O Último Bunker da SS . 11
Me arrasto por trás de pilastras caidas e observo que os últi
mos a se renderem são agredidos por soldados que os recebem. E
por isso, o grupo que não se rendeu abre fogo acertando o soldado
nas costas. Este cai e os outros soldados abrem fogo cerrado. E as
mortes são de ambos os lados. E os tanques abrem fogo destruindo
todo o bunker e com ele toda a resistência . Mesmo assim atiramos
e acertamos vários soviéticos. Corro para me posicionar e vejo vári
os SS morrendo. E um grupo de SS chega bem próximo ao meu gru
po e , juntos, conseguimos fazer frente a um pelotão que se aproxi
ma perigosamente pela direita. Atiramos e derrubamos uma parte
deles. Sinto projéteis passaram por cima de minha cabeça e me abai
xo mais. Três dos nossos morrem com tiros na cabeça e um tenta
se render e é metralhado.
- Nenhum movimento mais !- Gritou uma voz grossa - Não pedirei
duas vezes . Vou atirar para matar.
Abaixo a arma e minhas amigas fazem o mesmo. Focam a luz con
tra nosso grupo e atiram em dois SS que se moviam lentamente.
Freyja fica parada e vejo soldados se aproximando e gritando em
Russo . Um oficial pisa na minha arma e atira no SS à minha es
querda e coloca a arma na minha cabeça. O olho fixamente e ele
me ergue abruptamente rasgando meu vestido. E a marca aparece.
- Uma das procuradas !- Depois repete em Russo e outros oficiais
se aproximam. Erguem Marija e rasgam sua blusa. Depois a de Er
na e de Freyja. Fazem o mesmo com Gerda Mende.
- As três procuradas pelos Americanos.
- Acredito que essa daqui seja a quarta de que falaram !- Disse um
Tenente apontando para Gerda Mende. Olha para Freyja - e esta ?
- Deve ter respostas ! - e aperta o queixo de Freyja- vamos levar!
E atira nos SS covardemente. Fico assustada ao ver a covardia que
fazem mesmo vendo que todos se renderam.
- Parem ! - Gritou um capitão se aproximando - Vamos entregar
essa escória para os Americanos ! Prometemos e vamos cumprir !
E somos empurradas até um caminhão onde tem outros presos e
mulheres presas. Todos e todas estão de cabeças abaixadas . Me
jogam na carroceria e alguém grita em russo algo que não entendo
e depois me tira dali e me coloca em outro caminhão onde tem ou
tras mulheres e minhas amigas. Temos nossas mãos amarradas
para trás . Parecem nos temer . E alguns soldados cospem porca
mente em cada uma de nós. Abaixo a cabeça e um soldado obeso
segura meu rosto e com a esquerda força a abertura de minha bo
ca e cospe em mim e na minha boca. Me dá ânsia de vômito e ele
me esbofeteia . Aguento firme e vejo Marija tentar se soltar. Leva
um chute na barriga e se contorce de dor. Erna se encolhe toda e
Gerda Mende chora copiosamente pois, tem seus cabelos puxados
e cospem nela toda . Freyja leva um soco e se apaga caindo no as
soalho . Está desmaiada . Outras são chutadas nas pernas e esbo
feteadas duramente. Ouço gritos em russo e param com a ação.
- Seguirão para junto de suas amigas ! - e dá uma gargalhada.
E o caminhão nos tira dali e avança por uma rua escura e depois
segue para o centro de Berlim. E eu fico olhando para as ruas va
zias da madrugada . Apenas alguns veículos militares aparecem.
E pouco depois , o caminhão adentra um pátio todo destruído. Es
te está repleto de soldados que andam de um lado para outro, a
pesar de ser de madrugada. E somos retiradas do caminhão e le
vadas para um pátio cercado com arame farpado. Barracas por
todos os lados e, em uma delas, vejo Lili e Ina. Depois vejo sur
girem: Lale, Gerda Maria toda descabelada,Geertruida, Margare
tha, Catharina, Ertha Traute e Frigga Maria. Me espanto quando
vejo Völva, Ertha, Manuela e Mila surgirem em outra barraca.
- Que diabos fazem aqui ?- Recebo um tapa na cabeça do soldado
que corta a corda que me amarra.
- Caímos em um ardil dos Americanos e virão nos buscar e a vocês
também !- aponta para as outras garotas - Todas seremos levadas
daqui e interrogadas !- Disse Ertha com ar muito triste .
Fico olhando o rosto de Lale que parece ter chorado e depois olho
para Mila toda rasgada e com ar de derrotada. Corro e a abraço
fortemente e depois afago sua cabeça.
- O quê está acontecendo aqui ?
- Estão reunidas aqui pessoas que podem dar rastros de coman
dantes e afins. - Disse Manuela muito séria - Todas aqui são ou
eram da BDM.
- Isso explica tudo ! ?! - Disse um Coronel chegando.- se acomo
dem em barracas e durmam pois, amanhã vai ser um dia duro.
Lale me puxa para a barraca dela. Erna, Marija e Gerda Mende
vem junto e Freyja fica indecisa.
- vem junto ! - disse Lili puxando ela.
E entro na barraca e vejo outras mulheres dormindo.
- acomodem-se ai !- disse Lale sentando no chão e se deitando.
Faço o mesmo e de pronto me deito. Me sinto muito cansada e fico
olhando para o teto da grande tenda militar com a estrela verme
lha bem à mostra. Durmo.