A BOMBA DO SANTINHO
A série Mac Gyver exibida na TV era a maior sensação da garotada, os meninos não perdiam um episódio e ficavam imaginando mil coisas a fazer para se parecerem com o astro da série.
Achavam que poderiam fazer tudo o que o ator desenrolava em cena e cada episódio, era uma grande diversão para todos que viviam em constante busca de criatividades mil.
Estavam brincando os três meninos, dois primos Marcelo e Ítalo e o amiguinho Decinho.
Cinco, quatro e quatro anos mais ou menos, eram suas idades.
Os três lembraram-se do seriado que assistiram onde o Mac Gyver fazia mil e uma coisas, para escapar de muita confusão, aí de repente o Marcelo saiu com a ideia...
— Vamos fabricar uma bomba?
— Uma bomba? Decinho concordou, mas logo perguntou:
— Vamos, vamos sim, mas, o que faremos com ela? E o Marcelo disse:
— Vamos explodir a casa do Santinho, você concorda Ítalo?
— Uai, vamos sim, afinal ele não está no barracão, foi trabalhar e nem vai nos ver.
Danaram a ajuntar mulambos de pano velho, pedaços de jornais, estopa, resto de pilha velha e rasparam as cabeças de palitos de fósforos de uma caixa inteira que apanharam na casa do Marcelo, e se puseram a fabricar a tal bomba.
Ficaram os moleques fabricando o explosivo durante uns 40 minutos. Fizeram um pacote com aquela marafunda e desceram pelo corredor à procura de uma maneira de (explodir) a porta da casa do Santinho.
As três famílias moravam de parede e meia.
No barracão de cima morava a família do Marcelo, na do meio a do Decinho e mais abaixo um pouquinho a casa do Santinho, todos os barracões ficavam de frente a um corredor de mais ou menos um metro e meio de largura.
Todos eram inquilinos dos pais de Ítalo que moravam no mesmo terreno, porém numa casa maior e mais acima dos barracos.
—Nossa, Ítalo me esqueci de guardar uns três palitos de fósforo para a gente acender a bomba, o fósforo de mãe acabou, corre lá na sua casa e trás o fósforo para a gente acender nossa bomba.
O Ítalo saiu disparado e entrou correndo na casa dos pais e veio com a caixa de fósforo na mão.
Maria Joana gritou:
— Ítalo, o que vocês estão fazendo?
— Nada não mãe, estamos brincando de Mac Gyver, estamos fabricando uma bomba.
Maria Joana não deu muita importância ao menino e continuou sua conversa com as vizinhas Lena e Madalena.
Então eles se aproximaram do barracão escolhido, acondicionaram o artefato sob a porta do barracão do Santinho e puseram-se a tentar acender aquela joça.
Era um dia de domingo e o Santinho tinha saído para trabalhar, mas retornou mais cedo, sua esposa não estava em casa.
Por volta das 16 horas enquanto estavam procurando acender o fogo, o Santinho chegou e viu aquela fumaceira danada debaixo da porta de sua casa e gritou lá do portão da rua:
— Quer dizer que estão querendo explodir meu barraco, não é cambada? Espere aí que vou ensinar vocês o que é bom seus Mac Gyver de araque!
Os três garotos saíram na correria e o Marcelo gritou da entrada de seu barracão:
—Ô Santinho eu não fiz nada, eu só fabriquei a bomba, culpado é o Ítalo, foi ele quem trouxe e acendeu o fósforo.
Foi uma gargalhada geral e os Mac Gyver Mirins, até hoje são zoados pelos adultos que viram aquela cena.