FRENESI

Suzi acabara de chegar a uma pequena província chamada Ilha Bela. Era um lugarejo pacato, bastante acolhedor e de excelentes paisagens nas quais o verde predominava. Naquela primavera, as árvores estavam cobertas por extraordinárias folhagens, o campo verdejante e tranqüilo e, no lago, as águas cristalinas eram bastante convidativas. A brisa suave pairava sobre as superfícies por onde tocava. Era esplendoroso olhar aquele cenário e perceber-se nele, fazendo parte de um ambiente pleno em beleza e encanto, totalmente real.

Sempre agradável, a noite trazia o céu homenageado pelo véu de estrelas cintilantes que, habitualmente, encobria aquele pequeno paraíso. Cada noite era um espetáculo à parte e quem a contemplava, deslumbrado, jamais poderia esquecê-la. Era uma paisagem perfeita para os apaixonados que para ali se dirigiam, a desfrutar de momentos íntimos sob a luz daquela extraordinária constelação.

Naquela noite, Suzi também apreciava o show especial que a noite proporcionava. Pena que estava sozinha – refletia. De sua varanda, observava os casais passearem de mãos dadas, enquanto outros se abraçavam e outros ainda apaixonadamente se beijavam, enquanto ela permanecia acompanhada apenas pelos seus desejos, em seu pequeno Éden.

Ouvia-se muito sobre aquele lugar. Diziam que durante a madrugada, quando a temperatura elevava-se mais que o normal, era possível ouvir os gemidos e os sussurros dos enamorados que se amavam nos campos da ilha. Aquela parecia ser uma noite semelhante, porém o calor ainda era tolerável. De seu corpo exalava uma agradável fragrância floral, concordando com a delicadeza de seu aspecto.

As horas arrastavam-se através da madrugada solitária, custando muito para que Suzi adormecesse. Pensava nos acontecimentos do dia, nas pessoas que encontrara e principalmente em seu amigo Diego, com quem havia conversado logo cedo. Por que pensar justamente nele? – questionava-se. Este era um estilo particular que possuía para tentar convencer o sono a apossar-se dela.

Logo a sonolência chegou. Porém, não demorou muito para que o seu sexto sentido fosse acionado levando-a a despertar. Notou que a porta do seu quarto estava entreaberta e um brilho diferente iluminava a varanda. Levantou-se e foi verificar se, além dela, mais alguém se encontrava na casa. Era uma sensação estranha para Suzi que sentia, ao mesmo tempo, medo e euforia, por tentar desvendar o que acontecia.

Ao chegar na varanda, não havia ninguém – talvez fosse apenas minha impressão – pensou. Teve a sensação de estar sendo observada. Neste momento, olhou para os campos e viu que os vultos dos casais permaneciam lá. Foi quando sentiu que uma mão a tocava com suavidade, fazendo-a sentir o efeito da brisa daquele lugar. Ao voltar-se, surpreendida, notou a presença de Diego. O amigo de quem recordara antes de adormecer.

Não entendia como ele tinha chegado até lá, mas enquanto observava o quão belo era, foi presenteada com um dos seus mais belos sorrisos que já vira e um intenso abraço. Perguntava-se como não o notara antes. Talvez a agitação do dia-a-dia não houvesse permitido – procurava responder para si mesma. O que lhe chamava a atenção era a forma com a qual Diego a olhava. Era como se nunca a tivesse visto antes, era como se fosse a primeira vez, a primeira de tantas outras vezes...

Novamente ele apresentou aquele sorriso enigmático, aproximou-se ainda mais, sem nada a dizer, até que Suzi pudesse sentir seu cheiro, seu corpo, seu calor... Antes mesmo que ela pudesse questionar, Diego a olhou fixamente - apenas vivamos este momento - disse ele – venha!

Sem mais, conduziu-a em direção ao harmonioso bosque que cercava a casa. Quem não conhecesse aquele lugar, certamente o julgaria um tanto quanto “encantado”, pois trouxera para junto de Suzi suas aspirações mais secretas, que nem mesmo ela sabia existirem.

Diego há tempos havia planejado essa abordagem, só não tinha a sorte do momento adequado. Estava tudo preparado e, antes que ela lhe dirigisse qualquer questionamento, ele a tomou em seus braços e a fez experimentar o sabor de seus lábios, deixando-a ainda mais confusa com o que acontecia. Suzi sentia seu corpo tremer e um súbito desejo de ser possuída por ele. Seus lábios, ao sentirem os de Diego, deixaram transparecer o quanto desejavam serem explorados e, num instante de entrega, ela sentia o quanto aquele momento a excitava.

Ele a despiu lentamente, não deixando passar nenhum detalhe de sua nudez, passando a contemplar o corpo virginal, nunca antes explorado, que estava à sua frente. Deitou-a suavemente sobre o cobertor, com o qual havia coberto a grama macia, permitindo-lhe sentir a brandura daquele momento.

Sem se preocupar com nada nem com ninguém, tocaram-se intimamente e permitiram-se envolver por um longo e caloroso beijo, que logo expandia seus corpos. Ardentemente, as mãos se exploravam um ao outro e o desejo os consumia. A cada momento, seus corpos se fundiam, se misturavam e um novo mundo se abria para eles.

Parecia um sonho para Suzi e, para Diego, um passo para a recompensa. Ele tinha conhecimento de que Suzi guardava-se para um homem especial e para uma ocasião, também, especial. Nutriam um pelo outro um sentimento puro que, embora alimentado há muito tempo, estava guardado em segredo até aquela noite. Diego procurou ser, naquele momento, o amante apropriado, pois sabia que sob si encontrava-se um corpo casto e essa sensação de “primeira vez”, deixara-o cada vez mais excitado.

Ambos já estavam despidos e o calor de seus corpos fazia com que se desejassem ainda mais. Suzi passou a experimentar Diego, beijando-o, acariciando-o e explorando-o com a ansiedade de sua língua, descendo ao umbigo e chegando ao órgão que já se encontrava ereto e pronto para penetrá-la. Degustou-o. Apossou-se dele com mãos apreensivas, fazendo-o seu.

Diego a levava ao delírio com carícias delirantes. Encontrava-se em êxtase total e queria sentir a carne de seu amante dentro de si. A cada afago, a cada beijo, a cada toque, desejavam-se ainda mais. Era chegada a hora e seus corpos estavam preparados para consumarem o ato através da penetração. Naquele momento em que a fusão era quase completa, Suzi despertou e, num intenso frenesi, percebeu que tudo não passava de um sonho...

Lenna Ventura
Enviado por Lenna Ventura em 19/07/2007
Código do texto: T571201
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