MAR DE DELÍCIAS
Melissa era uma advogada bem sucedida e responsável, que trabalhava em um conceituado escritório do qual era sócia. Sua família residia no litoral, onde seu pai, um notório empresário, possuía uma rede de hotéis no qual ela também atuara, antes de mudar-se definitivamente para a capital a fim de abraçar os estudos em Direito e, posteriormente, assumir uma carreira promissora.
Jovem, bonita e inteligente, era considerada uma profissional completa. Dedicava todo seu tempo ao trabalho e o lazer sempre ficava em segundo plano. Contudo, almejava ser amada e realizar-se afetivamente. Mantinha um relacionamento estável com Pedro, um jovem publicitário, que ansiava tornar séria aquela relação. Porém, todas as vezes que Pedro argumentava, Melissa desconversava. Essa atitude deixava-o cada vez mais apaixonado, uma vez que tudo o que está fora do nosso alcance, é mais saboroso... Entretanto, sentia-se sufocada sempre que ele tocava no assunto e, por inúmeras vezes, pensou em romper aquele relacionamento.
Em um desabafo com seu sócio e amigo Rafael, Melissa decidiu viajar para colocar as idéias em ordem e, mais tranqüila, tomar a decisão que possivelmente mudaria o curso de sua vida. O sentimento que sustentava por Pedro era sincero, mas, no conceito de Melissa, faltava-lhes algo que pudesse completá-los.
Ele era companheiro, amigo, cúmplice e a fazia rir, além de satisfazê-la na cama. Contudo, não se via unida a um homem que não amava de corpo, alma e coração. Rafael sugeriu o litoral, assim uniria o útil ao agradável: além de relaxar, seria uma forma de rever seus familiares que, há algum tempo, não via.
À noite, em um jantar íntimo, Melissa comunicou a Pedro sobre sua viagem e explicou os motivos pelos quais precisava fazê-la sozinha. Ele relutou, mas depois de muitas negociações, acabou aceitando a idéia da amada. Pedro parecia pressentir nas palavras de Melissa um tom de despedida e não queria que ela se fosse sem amá-la, ao menos, pela última vez.
Depois de um jantar leve, deram de si todo o deleite de seus corpos. Pedro sentia-se o homem mais feliz e realizado de todo o universo, por ter em sua posse tão bela e extraordinária mulher. Quem o visse perceberia, em cada movimento do ato, a suavidade com a qual ele a penetrava. Foi uma noite inesquecível para ele, que experimentou em todo o corpo de Melissa, o sabor do amor.
Na manhã seguinte, ela embarcou para o litoral levando na bagagem muitas expectativas. Aquela viagem trazia para Melissa uma agradável sensação de liberdade; uma vez que, por alguns dias, não sofreria as pressões que Pedro lhe fazia.
Chegava ao litoral, quando, ainda do avião, avistou uma de suas grandes paixões: O mar com todos os seus encantos e mistérios... Parecia estar da mesma forma que o deixara. Era como se o tempo não tivesse passado, apenas pausado no momento em que Melissa deixou aquela cidade.
Ao receberem a notícia de sua chegada, seus familiares ficaram eufóricos e logo procuraram recebê-la em grande estilo. Organizaram e prepararam tudo o que ela mais gostava. Desde as frutas, ao quarto predileto. Seu pai não conteve a alegria e fez com que todos soubessem que sua tão querida filha estava chegando.
Impacientemente a aguardava no aeroporto e Melissa, quando o viu, lançou-se em seus braços permitindo que a emoção tomasse conta de ambos. Ao lado do senhor Fernando estava Augusto, seu homem de confiança e braço direito nos negócios. Apresentou-os, sem perceber que acabara de acender o pavio de uma grande paixão. Naquele cumprimento, seus olhares denunciavam que Melissa e Augusto iriam além do contato de suas mãos.
Augusto a avaliava, a cobiçava, a venerava... Era a criatura mais linda e formosa que seus olhos já viram. Sua pele, seu corpo, seus cabelos, seu cheiro, seu colo, seu sorriso... Tudo era perfeito. Ah! Era uma combinação de dama e semideusa, diva e cortesã e a cada contato, ele se surpreendia com a soberania daquela mulher. Era completa em todos os aspectos. Tanto no corpo, quanto no intelecto...
Melissa, por sua vez, percebia que sua mente trazia para perto de si a pessoa de Augusto e, seu corpo clamava pelo toque de suas mãos, pelo calor de seu corpo, pelo gosto de sua boca... Ela ambicionava os carinhos dele e em meio à desordem de seus pensamentos, perturbava-se ainda mais quando se recordava de Pedro. O que teria ocorrido? Teria o esquecido tão rapidamente? Todavia, procurou não pensar nele naquele momento, mas imergir na alegria que a envolvia. Afinal, estava em casa.
Após um longo banho, quando deixara precipitar-se junto às espumas todo seu cansaço, pôs um vestido branco, solto e suave que, acoplado ao requinte de suas curvas, tornava-a tão angelical que se sentia atraída pelo próprio céu.
Ao olhar pela janela, observou o firmamento estrelado que trazia para perto de si o luar que a fascinava. Aquela imagem a seduzira. Sentia-se convocada pela brisa do oceano a comparecer diante de suas majestosas águas. Melissa prontamente obedeceu. Era como se algo a conduzisse àquele lugar, embora fosse tarde quando decidiu ir até à praia.
Estava descalça, seu vestido e seus cabelos bailavam conforme a ação do vento e a luz da lua fazia reluzir em suas vestes e em sua pele uma nova tonalidade, um brilho especial que denunciava sua maciez e doçura.
Seu corpo inflamava diante daquelas águas cristalinas, quando se despiu para sentir em seu corpo a profundidade daquele momento. As águas deslizavam em sua nudez e a conduziam para onde queriam. De súbito, sentiu que alguém a observava. Era Augusto que, à distância, contemplava a inocência provocada por Melissa naquele instante. Entorpecida, olhava fixamente para ele e seu olhar o convidava a participar daquela solenidade tão particular.
Augusto dirigiu-se àquela mulher que, como sereia, o seduzia com a musicalidade de seus gestos, de seu corpo, de seus olhos... Despindo-se, foi ao encontro de Melissa que, sedenta, o aguardava.
Ao tocarem-se, emanou de seus corpos nus uma química tal, que os uniu através de um ardente beijo. Suas mãos deslizavam por seus corpos ofegantes e abrasados pelo bel-prazer e seus órgãos atraíam-se mutuamente. Melissa sentia por entre as pernas o órgão ereto e convidativo de Augusto que se aproximava cada vez mais. Logo estavam fazendo amor, em meio àquele mar de desejos e delícias. Parecia um sonho, um desejo realizado, uma recompensa...
Na areia, deram continuação ao ato e não se satisfizeram enquanto não alcançaram a plenitude, juntos, como que por combinação. Foi uma detonação de prazer e ambos deliciavam-se com o júbilo de seus próprios corpos. Melissa comandou a ocasião e satisfez por completo a Augusto, que nunca teve nos braços uma mulher como ela.
Extasiados, adormeceram ali mesmo, no berço de sensualidade. Em meio à areia, ao mar e ao êxtase do sexo, seus corpos permaneceram entorpecidos, como que expirados de prazer. Amanhecia quando Augusto despertou e percebeu que Melissa não estava mais ao seu lado. Teria sido um sonho? – pensou. Tinha que vê-la, encontrá-la, para certificar-se da verdade. Teria que haver uma explicação...
Nesta mesma manhã, estava organizado um breakfast de boas vindas em honra à Melissa. Todas as pessoas mais influentes da cidade estariam presentes, afinal seu pai era um homem público e respeitado. Augusto a aguardava impaciente, para solicitar explicações pelo suposto abandono. Entretanto, ela surgiu na escadaria do salão principal, plagiando o nascimento da Vênus de Botticelli. Era como se os raios do sol estivessem invadido aquele lugar e ofuscado os olhares de todos, devido à beleza e ao esplendor.
Atraído por seus encantos, Augusto dirigiu-se a ela, que lhe fez um gesto para que se encontrassem na ante-sala. Logo após cumprimentar aos convidados, Melissa dirigiu-se ao local. Sem pronunciar uma única palavra e, senhora de uma sensualidade provocada apenas por uma mulher incrivelmente sedenta por sexo, trancou a porta, indo ao encontro de Augusto, tocando-lhe levemente os lábios com seus dedos e depositando a boca suave em seu pescoço, beijando-o e mordendo-o. Sentia os arrepios, que enlouqueciam o seu homem. Abraçou-o, enquanto explorava aquele corpo másculo e viril e, segurando suas mãos, depositou-as sobre suas nádegas macias para que percebesse que não usava absolutamente nada debaixo daquele lindo vestido azul.
Percebendo que ela não dispunha de nenhuma peça íntima, Augusto tocou levemente suas coxas, massageando-as até chegar à sua genitália. Melissa prontamente retribuía suas carícias. Abrindo-lhe o zíper, iniciou um jogo de sensualidade e devassidão, passando a acarinhar o órgão de Augusto de diversas formas, conforme sua imaginação lhe permitia.
Ele a tomou nos braços e, na mesa de bilhar, deram início a um momento de intenso gozo. Eram gemidos, sussurros e sensações nunca antes sentidos, tão pouco vividos por Melissa, que descobrira em Augusto o que faltara em Pedro: O AMOR SELVAGEM. Ao concluir o ato, procuraram sair sem serem percebidos, para que, longe dali, pudessem desfrutar de tudo o que desejavam durante aquele dia.
Melissa decidiu contar a Augusto sobre Pedro e o porquê da viagem ao litoral. Também expôs o que realmente procurava em um homem, já que, em momento algum, ela permitiria que a mentira fizesse parte de seu romance.
Voltou à capital na semana seguinte, rompendo definitivamente com o que há tempos, havia terminado. Pedro já aguardava por essa atitude e aceitou a decisão daquela que tanto amou. Melissa concluiu seus negócios e retornou ao litoral - de onde jamais deveria ter saído - pensava.
Trocou a correria da capital pelo ardor da paixão que, nas areias da praia, encontrara. Muitas noites de amor sob o olhar atento do mar e das estrelas eram ainda consumadas por eles. O arrependimento nunca a abateu e a felicidade tão esperada surgiu no mais simples de todos os sentimentos: o amor. Em cada noite de amor, compreendiam que, mais importante que o sexo que faziam, era o amor que viviam.