Dia de São Berto Lameu
Era um dia santo, e tudo começara em uma sexta feira. O vento e o barulho da floresta se manifestavam e se mostrara vivos, mas o dia era santo, a noite também.
Ao cair da tarde, o crepúsculo manifestara-se de forma abstrata, o vento não era o mesmo, a floresta também mudara.
Um senhor muito supersticioso que tinha por volta de seus setenta anos, na roça se encontrara, se quer lembrara-se desse dia, mas não estava sozinho, fora com seu companheiro Boca-Preta, o amigo cão inseparável de suas viagens.
Ele dentro do barraco tomara seu café e se preparara para repousar, o dia no campo é difícil, o trabalho é pesado e o sol é quem mais castiga o trabalhador. Foi quando do lado de fora da casa um trovejo se formara, o cachorro tinha acuado um saruê.
O animal encontrara-se em cima de um pequeno mamoeiro de nada mais além do que um metro, quando escutara o trovejo saíra armado com um facão, fora em direção e vira o animal, tentara o acertar, espanara com o facão, mas não acertara, o animal deu um pulo rapidamente em uma moita de hortelãs e adentrara, o cachorro pulara em cima das plantas, mas não o achara.
Alguns minutos depois, o cachorro novamente acuara o animal, agora já na saída da roça. No caminho, procurara onde o animal se encontrara, avistara o cachorro ao pé de uma grande aroeira, e fora em sua direção.
Ao chegar ao pé da grande arvore, olhou para cima e avistara o saruê, ele estava a uns dois metros acima do chão, em uma pequena galha, com seus olhos sendo iluminados pela luz do candeeiro, quando então se prepara novamente para atingir com o facão. Vira o animal e então ataca, o animal foi atingido, saiu correndo entre as capeiras e gritara, grunhira igual ao seu cachorro boca preta, então que percebera, não atingiu o saruê, fora seu cachorro em cima da arvore. Mas retrucara como o animal foi parar em cima da arvore?
Sem resposta e triste com o acontecido, lembrara-se que agora poderá ter matado seu cachorro. Em seu barraco, está a se lamentar, pois gritara o cachorro e vira que ele não voltara, percebera, perdera o seu companheiro.
No outro dia pela manhã, logo não acreditara no que acontecera, abrira a porta do barraco, chamara seu cachorro. Ele veio. Não entendera, pois olhara o cachorro e não encontrara arranhão algum, nem cortes nem nada. O seu cachorro passara a noite dormindo ao lado da casa onde sempre esteve, foi então que percebera que aquele era o dia santo de São Berto Lameu, e que nesse dia as ilusões tomam conta daqueles que nele acreditam.