Archangelus
Miguel cresceu pertinho do mar.
Brincava todo o tempo com as ondas que vinham despertar a areia da praia.
De longe, a mãe chamava seu nome:
- Miguel! Miguel! Vem, anjo!
Um dia, Miguel amarrou uma linha na cabeça de um peixe morto e correu pela orla inteira imitando o barulho de um carro.
A mãe achava graça de ver na mão do seu menino uma linha enrolada nos restos do peixe do mar.
- Miguel! Miguel! Vem, anjo!
A voz da mãe ecoou nos cantos do mundo como a de um arcanjo contra dragões inimigos e anjos infiéis.
Miguel não veio.