Uma tarde "esquisita" e duas pequenas surpresas

Eu estava distraída vendo as vitrines, quando algo me roubou a atenção. De um lado da rua um menino usava uma máscara mal-encarada e dava socos no ar olhando entusiasmado seu reflexo na porta de vidro fumê, como se acreditasse que aquela máscara disforme afugentaria seus maiores medos. Ainda havia quem dele desviasse, achando um certo "risco" olhar para a loucura e a falta de modos daquele garoto esquisito.

Na outra calçada surgiu de uma porta outro garoto, usava uma roupa ideal para ir a um casamento diurno, que não lhe caía tão bem, pois mais parecia pertencer a um irmão mais velho, na mão carregava delicadas flores brancas e amarelas, à medida que caminhava distribuía sorrisos e cumprimentos, os transeuntes devolviam o gesto automático àquele outro garoto esquisito, mas com atitudes clichê. Seus sorrisos eram iscas para alimentar os seus pesadelos famintos e as flores eram pedidos de perdão pelas dores que ainda causaria, seus medos fingia que não existiam, ele também era só uma criança.

Fiquei estagnada quando o menino das flores passou por mim e me ofertou uma, recebi com a expressão de susto e com um aceno de cabeça agradeci, ele apenas riu e seguiu a repetir seus gestos.

Atravessei a rua a fim de passar perto do outro garoto e sussurrei:

— Bela máscara!

— Ei! Não era pra ser bela! Retrucou o menino, enquanto levantava a máscara deixando escapar um sorriso.

— Desculpe-me! Mas você dá a essa máscara a beleza de um herói.

O garoto riu orgulhoso, recolocou a máscara ainda mais eufórico e voltou ao seu mundo. Eu, porém, continuei no deles até agora.