Dúvidas de um Coletor.
Ao virar a esquina da Rua Já Me Sinto Um Felizardo com a Álvares da Cunhafour Barrios, na altura onde ao fundo se tem a bela visão do Rio Pequeno, ainda mais bela neste gélido tempo de inverno, com a neblina pairando sobre as almas, o caminhão de coleta de lixo interrompeu meu pensamento quando surgiu na quebrada, com seu slogan "Meleca", e o digno coletor, sem máscara e equipamento adequado, porém muito feliz, saltou correndo rumo a um portão e foi logo gritando para o companheiro:
"Aqui tem muita latinha! Aqui tem muita latinha! Será que ele bebeu ontem?", no que logo um senhor matuto que passeava do outro lado da calçada respondeu com ar irônico:
"Não, acho que ontem ele não bebeu!" A crise e o boom das Subzeros fizeram com que o pobre homem rumasse para o Leste, em busca de ouro e pedras preciosas - e riu baixinho - logo complementando; brincadeiras à parte, ele não está mais entre nós! Ele não bebe mais!"
O motorista acelerou, o coletor correu atrás do caminhão e pulou, indo embora pensativo com aquela resposta...
Enquanto nas águas do Rio Pequeno as garças pairam no ar e nas ruas das proximidades do Largo do Arrocho os homens com seus paletós e maletas transitam cabisbaixos contando o tempo nos dedos...