A PONTE
Conto de:
Flávio Cavalcante
Conto de:
Flávio Cavalcante
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Saí sem rumo e sem direção. Alguma coisa estava fora do lugar. Eu não sabia o que estava acontecendo. Sentia-me meio tonto. Quanto mais eu andava mas parecia que eu não saía do lugar. Estava procurando alguma pessoa que passasse por mim para pelo menos esclarecer se tinha alguma coisa errada, mas era em vão; parece que o mundo parou diante dos meu olhos. Mas o que está acontecendo de tão estranho? Por que não encontro ninguém para me dar ao menos alguma informação para matar de uma vez essas dúvidas que me sufoca a alma. Pareço estar sozinho no mundo. Vamos em frente.
A vista é impressionante. Essa estrada longa asfaltada vazia? Cadê os carros? Mas cadê os carros desse lugar? Nunca vi essa rua sem nenhum carro. Não consigo vir se o defeito está na estranheza da estrada ou se o estranho aqui estou sendo eu.
Depois que andei algumas esquinas vi algumas pessoas que pareciam estar vindo em minha direção. Ufa! Até que enfim! Suspirei aliviado. Eu tinha certeza que eles iam me dar alguma informação precisa; mas eles não me olhavam. Era como se eu não tivesse ali. Por mais que eu tentasse encará-los, sofria com o desdém amargurado deles não me darem nem uma atenção. Mesmo assim, confesso que fiquei feliz por saber que nesse lugar existe uma alma viva pelo menos. Mas alguma coisa estava errada. As pessoas passaram por mim como se não tivessem me vendo. Uma aflição tomou conta do meu ser que já estava me torturando. No meu íntimo eu sabia que existia algo que precisava de um esclarecimento. Mas o que seria então? Como eu ia poder esclarecer os fatos se ninguém parava para me dar alguma informação? Continuei andando parecendo um andarilho em plena madrugada. Estava me sentindo como um boneco fantoche movido por alguém. No meu caso eu tinha a sensação como se eu tivesse teleguiado e movido por um controle remoto. Eu não estava conseguindo me dominar.
A noite foi ficando cada vez mais alta e a medida que os ponteiros do relógio avançavam em dobro eu andava e o mais impressionante; eu não me cansava com o andar constantemente e esse fato também era estranho. Era muito real para ser um sonho. Não sabia mais o que pensar. Parei diante de uma situação insólita e comecei a arrumar meus pensamentos para chegar a um denominador comum. Voltei ao começo de tudo como voltar para o início de um filme para ver se conseguia lembrar de alguma coisa. Vi que a minha frente todos passavam por uma ponte e sumia sem deixar vestígio.
Mas que ponte é aquela? Eu estou ficando louco? Reagi como qualquer outra pessoa normal. A curiosidade pareceu falar mais alto e fui ao encontro daqueles que estavam atravessando a grande ponte. Minha mente fervilhou quando acordei pra realidade que naquele ponto onde eu estava, existia sim, uma avenida muito movimentada que de uma hora para outra ficou vazia e pelo que me constava, ali naquele ponto nunca existiu ponte alguma. Atravessei? Sim, cheguei até a metade do caminho, mas, algo me pedia pra voltar e como nunca fui de obedecer minhas intuições concluí a travessia acompanhado de uma luz brilhante. Uma luz no fim do túnel.
Flávio Cavalcante