UM ENCONTRO AZARADO
UM ENCONTRO AZARADO
Beatrice foi forçada a casar pelos seus familiares, bem cedo, com apenas dezessete anos. Os tios, tias, avós e pais eram da opinião de que as moças deveriam casar-se antes de conhecer os homens.Mulher bonita poderia se perder e ficar "falada".
Beatrice era inocente, nunca namorara, não conhecia a vida e achou interessante ser mulher casada. Deveria ser bom, caso contrário seus pais não a pressionariam.
O pretendente ao matrimônio era um rapaz mais velho, vinte e dois anos, cinco anos a mais do que Beatrice, porém aparentava bem mais. Ele era filho de agricultores e cultivava a terra de sol a sol, era rude, forte, determinado e trabalhador.
Casou-se com direito à festa que durou três dias. Vieram parentes de todos os cantos do mundo, os pais de Beatrice prepararam-se bem, carnearam porcos, galinhas e gado...
O costume das famílias da Serra Gaúcha era de festejar com muita fartura; convidavam a vizinhança e conhecidos. A festa foi regada a muito vinho, cucas, embutidos e doces.Tudo preparado pelas famílias vizinhas e parentes.
Beatrice estava muito feliz, pensou que casar fora ótimo e que seria sempre assim: festas, risadas e danças.
O casal ganhou um lote de terra, alguns hectares para começarem a vida e criar animais, produzir vinhos, queijos e outras variedades de alimentos para a venda e consumo próprio.
A vida do casal seguia tranquila, Genaro era um marido calmo, de boa paz. Não discutia com ninguém, para ele tudo estava sempre perfeito. Respeitava Beatrice, e como a respeitava!
Demais da conta! Sexo era raro, o que ele gostava mesmo era de trabalhar!
Levantava antes de o sol raiar e só deitava-se tarde da noite quando Beatrice já estava dormindo.
No início, ela não se importou, não tinha experiências no assunto e o desejo e a libido não a tinham visitado. Mesmo assim, tiveram três filhos: Márcio, Bruno e Eduardo.
A família seguia feliz. Encontros de famílias e vizinhos eram comuns regados a comilanças, vinhos e cantorias.
Mas Beatrice começou a sentir algo diferente, no meio da madrugada seu corpo se incendiava e um desejo ardente de sexo tomava o seu ser inteiro. Ela remexia-se na cama, aconchegava-se a Genaro, provocava-o, e ele dormia e roncava alto. Totalmente desinteressado por sexo.
Estavam casados há oito anos e Genaro comparecia apenas uma vez por mês para cumprir seu papel de macho. Beatrice fazia chás e bebidas que as amigas indicavam para aumentar a libido do marido, e nada! Ele só pensava em trabalhar, vender. faturar a soja e o trigo. Ganhava dinheiro suficiente para proporcionar a ela umas viagenzinhas ou um motelzinho vez ou outra para avivar a relação, mas ele nem sonhava que Beatrice pudesse sentir desejo.
Então, Márcio o filho mais velho ganhou um computador e Genaro mandou instalar uma rede para acessar a internet e conectá-los ao mundo, já que os trabalhos escolares das crianças exigiam essa moderna ferramenta.
Beatrice passou a prestar atenção na rede e pediu para o menino ensiná-la a operar a net. Logo estava conectada ao facebook, Orkut, MSN, e sites de relacionamentos.
Ela estava encantada, o marido não tinha curiosidade e dizia que essas modernidades não eram para ele, e que não tinha tempo de ficar em frente ao computador, era muita perda de tempo!
Beatrice aproveitava a ausência do marido que saia cedo para a lavoura e dos filhos que iam à escola. Fazia as tarefas domésticas rapidamente e sentava-se em frente ao computador e deleitava-se com as novidades e possibilidades.
Logo Beatrice começou a receber convites e mensagens de homens e rapazes interessados em um relacionamento casual. Ela estava fascinada, seu fogo aumentava e ela sonhava com encontros fabulosos, com noites de sexo e luxúria.
Um dia muniu-se de coragem e arriscou um encontro. Tudo foi muito bem planejado por ela e por uma prima que orientava e incentivava esse tipo de coisa, pois era conhecedora e praticava há anos namoros virtuais.
Combinaram que Beatrice diria ao marido que acompanharia a prima Joana em uma consulta com um especialista na cidade de Porto Alegre. O rapaz morava nesta cidade, e para valer a pena teria que ficar pelo menos um dia inteirinho com ele. A viagem duraria três dias, afinal levava um dia para ir e outro para voltar.
Genaro acreditou e deu apoio à esposa: - Claro que você deve ir, pobrezinha da prima Joana, doente e sozinha no mundo, vá sim, não se preocupe eu cuido dos meninos e minha mãe vem para cá cozinhar para nós.
A prima Joana embarcou com Beatrice para não levantar suspeitas, porém desceu em outra cidade onde teria também um encontro com um rapaz conhecido no site.
Durante a viagem, Beatrice não cabia em si de tanta ansiedade. A imaginação viajava por vias internas levando para fora emoções estonteantes, uma inquietação, uma palpitação um fogo que queimava inexoravelmente e ininterruptamente fazendo com que os poros irrigarem e exalassem um cheiro de fêmea no cio.
Chegou à rodoviária e conforme Joana a tinha orientado, pegou um táxi e instalou-se em um hotelzinho perto do centro da cidade. Tomaria um banho demorado, descansaria um pouco e ligaria para o rapaz do encontro marcado.
Repentinamente sua barriga começou a fazer barulhos estranhos... cólicas cortavam-na como se fossem navalhas em seu intestino.Correu para o banheiro, suava frio, sentia arrepios pelo corpo todo.
Iniciou-se um martírio nunca antes vivenciado por ela. Não conseguia sair do banheiro. A diarreia só aumentava, as cólicas aprofundavam-se e ela sofria sozinha no quarto do hotel. Passava das dezoito horas e ela não apresentava melhoras no quadro tenebroso.
O encontro estava ameaçado, o rapaz havia ligado dez vezes e ela inventava uma desculpa pedindo que a aguardasse, logo estaria presente ao local do encontro.
Porém junto com as cólicas e a diarreia adveio um vômito azedo e fêtido.
Ela estava desesperada! Não havia ninguém que pudesse socorrê-la.Envergonhava-se de contar a verdade ao rapaz que nem conhecia.
Quando o relógio bateu meia-noite e ela sentindo-se já sem forças para levantar-se, pediu ajuda ao recepcionista do hotel. Este chamou o SAMU e ela foi levada às pressas para o pronto atendimento mais próximo.
Internaram Beatrice, colocaram soro em sua veia e medicaram-na. Ela indagou ao médico que a assistiu se ficaria ali por muito tempo, ao que ele respondeu: - Sim, pelo menos dois dias, a senhora está com uma infecção intestinal perigosa.
Beatrice desandou num choro convulsivo. "- E agora? Estou perdida para não dizer f....!"
-"Como vou me explicar? Genaro vai saber! Meu Deus! Ajude-me! Santo Expedito socorra-me!".
Então decidiu ligar para Joana, a prima parceira, explicou tudo que estava acontecendo com ela.
Joana, acostumada a resolver contratempos e experiente em casos de adultério e desdobramentos telefonou para Genaro e explicou-lhe que iriam ficar por mais dois dias porque precisava fazer mais alguns exames. Genaro não questionou e não desconfiou de nada, confiava cegamente em Beatrice.
Então, Joana comprou uma passagem para POA no próximo ônibus e partiu acudir sua prima e trazê-la de volta para casa, doente e desapontada com o primeiro e último encontro marcado pela internet.