A MÃO SERENA DA MÃE TRISTE

Acena do alto, é a mãe do moço morto

está na cabine do carro de bombeiros,

do outro lado do muro,

do lado de lá da cova rasa

igual a que nos espera fria.

Verde como nenhum mais

é o tapete gramado. E chega

o comboio ao destino comum.

A multidão canta baixinho,

com a mãe estou e canto.

O corpo, não tenho fome.

Canto morto.

Inútil, chega a mãe há tempo.

Toca a mão na terra, sinaliza a cruz.

Só o silêncio de um punhado de pó...

Além do espetáculo,

a mão serena da mãe triste.

Antônio B.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 02/07/2016
Reeditado em 05/07/2016
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