Infinita Mente
A profundidade de um segredo se compara com a sua importância e com a dificuldade de expressá-lo. São coisas importantes demais para serem traduzidas, pois as palavras as diminuem, transformam o que antes era Ilimitado dentro de você, em coisas normais, quando são ditas. A linguagem humana não fora feita para transcender, assim como um uivo jamais poderá traduzir uma sinfonia. As coisas mais importantes do mundo estão guardadas bem perto do coração, ali, ao lado dos segredos mais valiosos, que os seus inimigos adorariam encontrar e destruir. E quando você fala sobre elas, as suas lágrimas descem, como se uma intermitente chuva de granizo caísse indócil em seus olhos abertos. E as pessoas lhe olham sem entender nada, porque os seus corações habitam lugares outros, que não o seu, e não entendem a importância do que fora dito, que de tão importante era para você, que você até chorou enquanto dizia. Mas não é na dor que está a lágrima que desce, mas no segredo que ficou guardado lá dentro, não por falta de um narrador, mas de alguém que o compreenda...
Transformar a vida numa fábula verdadeira, de forma que ela possa fazer sentido a quem ouvi-la, é como chegar a um deserto e convencer o seu ressequido povo de que do outro lado do mar salgado existe uma terra deslumbrante, onde o chão forra-se de esmeraldas, e um néctar fresco e doce sobe do chão pelas árvores e é oferecido a qualquer um que quiser pegar. É como tentar transformar um adulto em uma criança, e convidá-lo a entender que a noite é sim, uma caixa de joias, e que foi aberta por uma princesa para iluminar a sua tenda escura.
Mas o coração humano está trancado em si mesmo, dentro de uma casca inviolável. Não lhe interessa néctares e nem esmeraldas, que não sejam apenas para ele. Aguarda-se que uma luz cruze os céus e venha libertá-lo do mundo e de si mesmo, e não entende que cabe é a ele libertar-se do eterno naufrágio que ele mesmo cometeu.
Conquanto, a estrada é longa, e ainda que tudo pareça solidão e tudo pareça estar perdido, ele segue, rumo ao horizonte. Não há outro lugar para ir, e ainda que tome outra direção, sempre seguirá rumo à mesma aurora, pois não fizestes do mundo uma esfera por simples acaso, pois que em todas as direções de uma esfera há um horizonte. E pela mesma razão, não fizeste a noite revezar com o dia, em trevas e em claridades, e nem o sol morrer e nascer, cada dia por sua vez, e nem a lua minguar e ressurgir exuberante, em suas fases necessárias, sem um motivo. Há motivo em tudo, nada há de inútil, e todas as coisas nos contam histórias, à sua maneira.
Há símbolos e segredos em todos os lugares, para aqueles que sabem olhar. Então, um dia, uma voz vem carregada pelo vento e sussurra, às vezes no ouvido, às vezes no coração, e diz: Não é o narrador que importa, mas o ouvinte.