Uma Rosa para Berlim. Depois da guerra . 2

Os dias se passaram e ficamos vendendo salgados às pessoas que pas

savam na rua. Não participávamos da reconstrução da cidade. Fornecíamos o que

comer. Os soldados sempre nos visitavam com piadas e cantadas. Isso aconteceu

durante uns 15 dias. E, no dia 25 de maio de 1945, manhã de sexta-feira, estou cui

dando do pequeno jardim e vejo um pelotão militar chegar e quebrar o portão com

chutes. Olho e fico espantada com o que eu vejo.

- Para dentro, sua Vadia! - Disse um capitão quase me jogando no chão - Vai!

Entro empurrada e minhas amigas estão na sala e se assustam.

- Que isso? - Pergunta Lale me puxando para ela.

- A guerra acabou! - Disse Erna nervosa - Não podem fazer isso!

Um tapa desferido por um sargento faz com que sua cabeça seja jogada para trás.

- Parem com isso! - Grito sendo puxada para trás por Ina - covardes! - E vejo o capi

tão me agarrar pela gola do vestido e quase rasgá-lo. Fico assustada.

- Nina Schaffer Kohl! - Exclamou ele quase me agredindo - sobrinha do coronel

Schaffer. Está preso em Viena e está colaborando com as investigações.

- A guerra acabou e apenas cumpri ordens.

- Acredito! - Disse o capitão muito sério - mas queremos montar uma base aqui e

queremos limpar o local.

- Mas moramos aqui! - Disse Marija espantada - para onde vamos?

- Isso é com vocês! - Disse um sargento quase tocando nela - Se virem!

- Além do mais... - Disse o oficial me tocando no rosto - Há 16 dias atrás foram

reconhecidas por soldados e ficamos alertas. Recebemos ordens para expulsar

todas vocês daqui. Rezem por não mandar prendê-las.

- Vendemos nossas coisas aqui! - Falo quase chorando - Não temos para onde ir.

- Dêem uma geral na casa e dispense-as! -Disse o capitão me agarrando - Fico

com essa aqui e vocês se virem com as outras - E me agarra com força e me leva

para o quarto. Tento reagir e levo um soco na cabeça. Rodopio e ele me joga para

dentro do quarto aos socos e pontapés. Sinto o chão rodar e vejo tudo escuro e

Sinto dores.

Um frio no rosto e sinto o impacto da água fria no rosto. Acordo no

quintal. Nua e suja. Marija e Lili me ajudam a levantar e Gerda Mende me cobre

com um lençol. Gerda Maria chora toda esfarrapada. Lale sai escoltada por uns

soldados que gargalham e a joga no chão. Escuto uma buzinada e vejo um jipe

com um oficial e dois soldados parar e empurrar uma jovem para fora. Ela cai e

se levanta chorando e ao olhar para nós, corre para junto da gente e fica no meio.

Ela chora muito e se agarra a Erna. Está tremendo muito.

- A Vadia que procurávamos? - Perguntou o porco do capitão saindo da casa.

- A porca da Sigrun Marleen! - Disse o oficial saindo do jipe - peguei ela em uma

casa aqui perto. Estava escondida. Me aliviei um pouco.

-Sumam daqui todas vocês! - Gritou o capitão chutando Lili - Sumam!

Saímos dali e corremos para outra calçada. Erna segura uma mochila e coloca no

ombro direito. E saímos às pressas dali com as pessoas nos olhando e algumas

nos censurando com seus olhares. Corremos até um prédio demolido que fica na

esquina mais próxima. Olhamos e vemos um caminhão militar se aproximar e nos

apontarem as armas. Um soldado grita :

- Subam que vamos levar vocês para fora do setor. Rápido ou atiraremos!

Olho e vejo uns 10 soldados na carroceria nos apontarem seus fuzíis e obedece

mos mais que depressa. Um soldado nos ajuda. E somos levadas dali escoltadas.